Projetos fazem campanhas para arrecadar material escolar para crianças de baixa renda

Pará Solidário, grupo de voluntariado, também vai criar projeto educacional para alfabetizar os pequenos

Elisa Vaz

A educação é um direito básico que deveria ser garantido a todas as crianças e adolescentes, mas quem faz parte de famílias de baixa renda nem sempre tem condições financeiras de seguir os estudos. Com o início do ano letivo em meio à pandemia, que dificultou ainda mais o acesso à renda, a compra do material escolar se torna quase impossível, e muitas crianças dependem das doações de terceiros.

Com sentimento de altruísmo e solidariedade, várias pessoas se reúnem em grupos e projetos a fim de garantir o acesso dos pequenos à educação. Um deles é o Pará Solidário, que vai iniciar um projeto educacional para alfabetizar e dar aulas de reforço às crianças da comunidade do Aurá, em Belém. Segundo a presidente do grupo, Sofia Paz, há muitos jovens no local que não sabem ler, mesmo em séries mais avançadas do ensino fundamental. “Como eles ficaram em casa o ano todo e os pais também não são alfabetizados, vamos tentar cumprir esse papel. Vamos tentar viabilizar uma professora da própria comunidade, para também dar uma renda às pessoas de lá”, destaca.

Vice-presidente da entidade, que é voluntária e sem fins lucrativos, a pedagoga Aline Lacerda Martyres explica que a confirmação das matrículas será feita até o início de fevereiro, já que as aulas devem começar em março. Após essa etapa, o grupo vai fazer uma campanha de arrecadação do material escolar, já com a lista divulgada pelas escolas estaduais em mãos – o projeto será apenas um reforço às crianças que já estudam e precisam de mais apoio educacional. Inicialmente, deve ser atendida uma média de 30 alunos, com 10 em cada turma. Para ajudar o grupo, basta acessar o Instagram @parasolidario e verificar as contas bancárias disponíveis.

O projeto de educação surgiu também a partir da ideia e da sensibilização de uma madrinha do Pará Solidário, que tem uma “afilhada” de 11 anos. Ela é repetente no terceiro ano do ensino fundamental, e a madrinha percebeu que a criança não era letrada - sabia algumas letras e fonemas, mas não lia. “No terceiro ano já era para estar com esse processo bem avançado. Então, ela procurou nas proximidades, junto com a mãe, uma professora que agora está dando aulas de reforço para a criança. O projeto de apadrinhamento fez um ano, já fizemos outras campanhas de material escolar. Mas aula de reforço, a primeira criança foi a Camilly, por meio da madrinha Daniela”, conta.

A partir disso, a equipe resolveu abrir o projeto para outros pequenos. Será feita a seleção de professores, com os moradores da própria comunidade de Águas Lindas, e eles vão dar aulas para as novas crianças. Será uma espécie de aula de reforço com alfabetização tradicional, sempre de acordo com a realidade das crianças. Também haverá nivelamento, para ver em que fase elas estão, antes de montar as turmas. Antes disso, o grupo ainda fará arrecadação do material necessário para as aulas, como cadeira e quadro.

“Nós sabemos o quanto a educação é importante, principalmente na comunidade, a nossa tentativa é enorme para fazer um programa simples de profissionalização, mas não conseguimos porque os pais têm escolaridade mínima, muitos analfabetos, totais ou funcionais. A nossa ideia de fazer um projeto educacional para essas crianças é quebrar o ciclo. Os pais não tiveram apoio educacional da família e do governo, não tiveram condições nem oportunidade de estudar, precisamos que essas crianças tenham outra realizada. Como os pais não conseguem ajudá-las a progredir na escola, temos a oportunidade de oferecer reforço escolar e evitar e evasão”, aponta a vice-presidente do Pará Solidário.

Com 11 anos de idade, Camilly é a criança que motivou a criação do projeto educacional da entidade solidária. Sua mãe, Ana Paula da Silva Martins, de 32 anos, dona de casa, conta que as aulas começaram em setembro do ano passado e, desde então, a filha tem evoluído na escola. “Ela estava com muita dificuldade no colégio, repetiu de ano. Achei melhor que ela fizesse as aulas. Ela tem asma, é de risco, então não vai voltar para a escola, ficará só com a aula de reforço, junto com outras crianças. Acho que vai ser muito bom pra ela não ficar parada. Hoje ela fala que está com menos dificuldades”, relata a mãe. Além da questão educacional, o grupo ainda garante alimentação, atendimento médico e dentário, porque, segundo a organização, são importantes para a aprendizagem.

Outro projeto que busca fazer a diferença dentro da educação básica é o Futuro Brilhante, também independente e voluntário. O coordenador, Diego Martins, lembra que a iniciativa surgiu em 2014, quando a equipe conheceu a realidade de algumas crianças que estavam abandonando a escola por falta de itens básicos como caderno, lápis e borracha. Hoje, o projeto é formado por profissionais e estudantes de nível superior, que realizam as ações de forma voluntária.

“Nossa missão é prevenir a ocorrência de casos de violência sexual infantil e utilizamos o material escolar pra nos aproximar de comunidade carentes e ao mesmo tempo estimular a permanência das crianças na escola. Acredito que a doação dos kits escolares reduz os índices de evasão das crianças que abandonavam as aulas por esse motivo. Além disso, quanto mais anos a criança permanece na escola, quanto mais ela aprende a se expressar e a reconhecer situações de perigo, menor o seu grau de vulnerabilidade diante de casos de violência sexual, que é o foco principal das ações do Futuro Brilhante”, argumenta Diego.

Atualmente, o projeto está arrecadando doações para montar os kits escolares de 100 crianças da comunidade Guajará-Mirim, Vila Cruzeirinho, Baixo Acará. O kit é composto por dois cadernos, duas canetas azuis, três lápis pretos, uma borracha, um apontador, um lápis de cor, um giz de cera, uma caneta hidrocor, um estojo, uma cola branca, uma tesoura sem ponta e uma pasta plástica de cinco centímetros. O prazo para doar vai até o dia 12 de fevereiro, e quem tiver interesse pode entrar em contato pelo telefone (91) 99214-2537.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Responsabilidade Social
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!