Campanhas de Natal levam alimentos e outros produtos a portadores de HIV/Aids; vídeo

Paravidda e Arte pela Vida aproveitam o mês natalino para conscientizar a sociedade quanto à qualidade de vida desses pacientes

Elisa Vaz
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As campanhas de arrecadações são importantes, até mesmo essenciais, para garantir a quem vive em situação de vulnerabilidade social o acesso a itens básicos para sobrevivência, como alimentos, produtos de higiene e roupas. Quando essas pessoas fazem parte de um grupo que sofre preconceito diário, como os portadores do vírus HIV (em português, vírus da imunodeficiência humana), a ajuda da sociedade se torna ainda mais indispensável. Nesta quinta-feira (1º), é celebrado o Dia Internacional da Luta contra a Aids, e diversos grupos que atuam com esse público na capital paraense já estão se reunindo para as campanhas de arrecadações de Natal.

Uma dessas iniciativas parte da Organização Não Governamental (ONG) Paravidda, que surgiu em 1992 e trabalha com pessoas que vivem com o HIV/Aids e seus familiares. O diretor-presidente da instituição, Jair Santos, diz que é "muito importante" amenizar o impacto que a doença causa na vida das pessoas. "O Paravidda hoje está voltado à assistência social. Nós recebemos o usuário que vem da rede pública, que já tem o diagnóstico fechado de HIV, e temos o grupo de adesão que trabalha com o medicamento e as consultas regulares necessárias para que ele possa ter uma boa qualidade de vida, com toda uma equipe multidisciplinar", explica.

image Diretor-presidente da ONG Paravidda, Jair Santos fala sobre a importância de levar dignidade aos pacientes atendidos. (Thiago Gomes / O Liberal)

Nem todo paciente que chega à instituição com HIV vai ser atendido, segundo Jair. Ele precisa ser um usuário cadastrado na instituição para que possa, de alguma forma, receber os benefícios, como fazer parte do programa de segurança alimentar, que consiste na distribuição de cestas básicas. Além de portar a doença, a pessoa ainda precisa ter o perfil atendido pela organização, como estar na linha da pobreza e não receber benefícios. Ao todo, estão registrados 1.500 usuários no Paravidda, e cerca de 100 famílias recebem alimentos e atendimentos mensais da instituição.

A campanha de Natal conta justamente com a arrecadação de alimentos, perecíveis ou não, que serão doados aos cadastrados na base de dados da instituição. Além disso, também é possível doar material de higiene e de limpeza, fraldas, lençóis, toalhas e outros itens que possam garantir a qualidade de vida e o atendimento do usuário da ONG. Jair Santos ressalta que, em 2022, não será realizada a tradicional festa de Natal que era organizada em anos anteriores, mas quem quiser doar os produtos pode ligar para o telefone (91) 3272-4645 ou indo presencialmente à sede do Paravidda, na avenida Roberto Camelier, número 809, no bairro do Jurunas.

Ação natalina

Outra entidade que também está arrecadando produtos para a ação de Natal é o antigo Comitê e agora ONG Arte pela Vida. O grupo surgiu em meados da década de 1990, quando amigos se reuníram para ajudar um membro do grupo que havia sido diagnosticado com o HIV. Havia a possibilidade de o paciente ser tratado em São Paulo e foi criada uma ação artística reunindo tratro, música, dança e outras artes em um grande show para arrecadar verbas. Como diversas outras pessoas também estavam sendo infectadas naquela época, o Arte pela Vida expandiu sua atuação e passou a fazer constantes arrecadações e eventos para pagar tratamentos e também garantir a dignidade aos pacientes por meio de doações de itens básicos e necessários no dia a dia.

image Francisco Vasconcelos e Amélia Garcia estão à frente da coordenação do Arte pela Vida. (Thiago Gomes / O Liberal)

"Começamos a fazer grandes ações de Natal. Chegamos a receber caminhões cheios de doações de brinquedos, cestas básicas, fraldas, e tínhamos atividades lúdicas, shows, apresentações, Papai Noel, sempre foi um momento muito forte e de dar também um pouco mais de atenção e carinho, porque no Natal todo mundo fica muito sensível", comenta o coordenador da entidade, Francisco Vasconcelos. Agora, no dia 14 de dezembro, será realizada a festa das crianças com o tema Natal, para que se sintam acolhidos e brinquem.

Já foi arrecadada uma boa quantia para a festa e também cestas básicas e fraldas, mas o grupo ainda aceita doações desses produtos e de roupas, sapatos, livros, CDs, cadeiras de rodas e de banho e mais doações, que passam pela triagem do Arte pela Vida e o grupo decide o que será doado ou vendido para arrecadar dinheiro. É possível deixar as doações na sede da instituição, na travessa Rui Barbosa, número 1023, no bairro do Reduto, ou ligando para os telefones (91) 982802188 e (91) 983142166. Basta combinar um local e a equipe busca o que for doado.

Apesar de a ação ser natalina, a campanha de arrecadação e doação de alimentos dura o ano todo. "Com a pandemia da covid-19 as pessoas esqueceram da pandemia da Aids, continua infectando e matando. Muitas pessoas não têm condições de se alimentar, e nós tomamos retrovirais, como tomar medicação sem alimento? Queremos que esses pacientes tenham comida para não sofrer tanto dano quando o remédio entrar no estômago, porque é uma droga. O Comitê tem essa preocupação de garantir uma alimentação de qualidade para que essa pessoa possa ter um bom tratamento. A maioria dos portadores de HIV são pessoas simples, humildes, pobres e periféricas, é uma realidade social muito complicada", comenta uma das coordenadoras do grupo, Amélia Garcia. Francisco completa: "Estamos esperando e temos muita esperança de que venha muita cesta básica para que todo mundo possa, pelo menos no Natal, ficar sem fome".

Atividades extras

Para além da arrecadação, os grupos atuam em outras frentes também. O Paravidda, por exemplo, tem um projeto itinerante com a realização de palestras e testagem rápida do HIV/Aids nos bairros, mostrando a importância da prevenção e do diagnóstico.

"Nós temos casos em que, na primeira vez que a moça teve relação sexual, se infectou. E temos um caso de uma mãe que infectou a filha de forma vertical, faleceu, a menina foi criada pelos avós, eles também faleceram depois, e ela começou a ter relações sexuais na sua comunidade, sem saber que tinha o vírus. Quando descobriu, a comunidade hostilizou, ela precisou fugir para o Marajó e tirou a própria vida. Por isso é importante ter grupos de apoio e com equipe multidisciplinar", enfatiza Jair Santos.

O Arte pela Vida ainda luta pela garantia de políticas públicas para os portadores de HIV/Aids. Uma das ideias do grupo, por exemplo, é levar os debates para as escolas municipais, por meio de palestras e testagens. "É um assunto que precisa ser tratado porque o adolescente começa a ter atividade sexual nesse período e precisa realmente saber", defende Francisco Vasconcelos.

Como doar

Paravidda

  • Endereço: Avenida Roberto Camelier, número 809, no bairro do Jurunas
  • Telefone: (91) 3272-4645
  • PIX: 83.366.245/0001-64

Arte pela Vida

  • Endereço: Travessa Rui Barbosa, número 1023, no bairro do Reduto
  • Telefone: (91) 982802188 ou (91) 983142166
  • PIX: (91) 98250-6161 (Davidson Porteglio)
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