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Crianças e adolescentes em tratamento contra o câncer têm espaço de acolhimento em Belém

Instituto Áster atua desde 2014 na capital paraense e doa cerca de 140 cestas básicas por mês para ajudar os pacientes e suas famílias durante o processo de busca por cura

Camila Azevedo

Cestas básicas, fraldas e demais itens de higiene podem fazer a diferença na vida das famílias de crianças e adolescentes em tratamento de câncer que carecem de acesso aos produtos. Por isso, em Belém, cerca de 140 pacientes do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (HOIOL) recebem acolhimento do Instituto Áster, uma Organização Não Governamental (ONG), localizada na travessa Francisco Caldeira Castelo Branco, que tem como missão promover facilidade e apoio para os anos em que os pacientes passam em busca de uma cura para a doença.


A iniciativa surgiu em 2014, quando o desejo de ajudar uma criança em tratamento uniu três amigos. Entretanto, a ação foi interrompida pela morte do paciente, mas a ONG seguiu trabalhando para alcançar aqueles que mais precisavam, fazendo serviços voluntários dentro do Hospital Ophir Loyola - na época, o HOIOL ainda não tinha sido construído - e arrecadando o material que seria utilizado para doações. A necessidade de ajuda, tanto material, quanto emocional, exposta em cada leito foi suficiente para que o serviço e dedicação ganhassem uma motivação a mais.

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No começo, eram apenas cinco cestas básicas distribuídas mensalmente. Com o aumento da demanda vista ao longo dos anos, essa quantidade subiu para mais de 140, sempre dependendo, também, do olhar caridoso de benfeitores para que a quantidade de alimentos arrecadada seja ideal. Denis Sousa, coordenador do Áster, explica que o instituto recebe as crianças que precisam de doações e busca auxiliar na rotina de tratamento. “Nossa função hoje é dar esse apoio, esse primeiro acolhimento às mães, àquelas que estão chegando agora e não conhecem muito sobre a doença, o tratamento e não recebem ajuda”, diz.

A lista de espera para ser incluído no atendimento do Áster conta com 10 crianças, todas em tratamento contra o câncer e que carecem de condições suficientes para ter alimentação adequada e outras necessidades diárias. “Os critérios, hoje, são: ser paciente oncológico e precisar de uma ajuda. A gente dá prioridade para essas crianças que não têm renda para se manter em Belém. Temos vários projetos dentro da ONG, o primordial é a entrega de cesta básica. Temos uma lista completa, mas o que mais precisamos é leite, de preferência integral, mingau e café, que é o que doam menos”, completa Denis.

Trabalho voluntário

Gisele Pinto, de 46 anos, há 7 atua como voluntária do instituto e faz parte da coordenação. Uma amiga a levou para fazer ações, em 2014, no Ophir Loyola, então hospital referência para o tratamento oncológico em crianças, e, em uma dessas visitas, ela conheceu o Áster. Ela conta que foi após observarem uma criança que a ideia da distribuição de cestas começou. A gente percebeu que a alimentação era muito importante e o quanto elas se alimentavam mal, chegava 1h da manhã e tinha criança que ainda não tinha se alimentado. Começamos a fazer cesta básica para 5 crianças e depois foi crescendo”, relembra.

A maioria das famílias atendidas são do interior do estado. Muitas vezes, elas vêm achando que o tratamento durará poucos dias e sentem o impacto quando recebem a notícia da duração. “Tem famílias que só dependem da nossa ajuda, principalmente as que estão iniciando o tratamento, elas não têm benefícios, estão perdidas, sem entender como é o processo, são leigas, acham que a criança vai fazer uma cirurgia e voltar pra casa. Mas, não é assim, dependendo do tipo de câncer, dura de 3 a 5 anos o tratamento. Com isso, a gente foi aumentando a demanda”, destaca Gisele.

Trajetória

A ONG passou a integrar o Oncológico Infantil quando esse foi inaugurado. Desde então, a organização precisou de um apoio a mais para conseguir os objetivos. “Não tínhamos uma sede, hoje temos uma alugada. Fazemos bazar todo mês para tentar honrar nossas contas de água, luz, telefone e aluguel. É bem difícil, assumimos isso e nesses anos a gente nunca falhou em nenhum mês de entregar essas cestas para famílias. Eles contam com isso. Fazemos a lista dos pacientes, mandamos pro hospital e ele retorna dizendo qual a fase do tratamento da criança, se ainda está por lá…”, diz Gisele.

Pelo contexto vivido todos os dias, lidando com crianças e adolescentes em situações delicadas, a voluntária conta que precisou aprender sobre equilíbrio para ter forças e seguir firme no trabalho. “A nossa função do Áster é dar apoio aos pacientes infanto-juvenis que fazem tratamento de câncer em Belém. Tem gente que pergunta como a gente consegue. Alguém tem que conseguir, né? Eu não conseguiria um dia parar, deitar minha cabeça no travesseiro sabendo que meus filhos tem saúde, tem casa e comida quando muita gente não tem. O sorriso deles, depois, é muito gratificante”, finaliza Gisele.

Sou grata por tudo que eles fazem, diz mãe de paciente

Foi por conta de uma brincadeira que Anne Gabrielle Farias, aos 13 anos, descobriu um osteosarcoma na perna esquerda. A mãe dela, Aline Farias, lembra de achar que a torção no tornozelo não seria nada de mais e da surpresa que sentiu com o diagnóstico. “Em uma viagem, ela estava brincando de ser bailarina quando torceu o pé. Ela ficou mancando, mas depois estava tudo normal. Mas, passou o tempo, as semanas e o tornozelo todo tempo inchado, não desinchava mais. Eu levei ela na emergência, por conta das fortes dores, e o médico disse que ela tinha que ficar com o para cima. Só que nada de melhorar”.

“Pensei que era um ossinho quebrado, pensei em tudo, menos que era câncer. Imaginei que faria uma cirurgia e só. No dia que a gente entrou no Oncológico para uma consulta, eu ainda não acreditava, mas chegando lá nessa época tava bem inchado o tornozelo, a perna começou a afundar e o médico disse que íamos internar. Foram cerca de 20 dias internada”, relata Aline.

Naturais do Maranhão e residentes do município de Mosqueiro, Região Metropolitana de Belém, elas tiveram o primeiro contato com o Áster logo no início do tratamento, quando ouviram outras pessoas comentando sobre o instituto. "Louvou muito a Deus pela vida de cada um deles, nós não somos naturais daqui, somos de outro estado, e sou grata por tudo que eles tem proporcionado para a Gabi, muita coisa eu não poderia proporcionar. Mas, tudo que eles tem feito por nós, eu não tenho nem como agradecer, de verdade”, afirma.

ONG ajuda adolescente a voltar a sonhar

As complicações vindas do tratamento contra o câncer fizeram Anne, atualmente com 15 anos, ter que amputar parte da perna esquerda. Ainda com as dificuldades, a adolescente não deixou de sonhar com uma vida em que não precisa de muletas e consegue dançar como bailarina. Ela ainda tem algumas sessões de quimioterapia, mas já tem visto vitórias: ganhou uma prótese, patins e o foco da doença já não é tão grande. “Desde criança, eu sempre quis ser bailarina e ter um patins, hoje em dia, tenho um sonho de fazer aula de patinação, porque elas fazem como bailarina, só que com patins. É meu sonho desde criança e eles realizaram meu sonho, sou muito grata a eles”, comemora.

Saiba como ajudar o Instituto Áster

Alimentos, roupas, fraldas e materiais de higiene em geral

Contatos: Denis (coordenador) → 99184-7374

Telefone fixo → 3351-9065

As doações podem ser feitas no instituto. 

Endereço: Tv. Francisco Caldeira Castelo Branco, 720a - Fátima, Belém - PA, 66060-220.

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