Centro religioso oferece assistência social para pessoas de baixa renda em Belém

Centro Santo Agostinho promove atendimentos médicos com baixo custo, cursos profissionalizantes e atividades de lazer 

Emilly Melo/ Especial para o OLiberal

Ajudar ao próximo e garantir o acesso a serviços básicos de cidadania são os pilares que sustentam o trabalho desenvolvido pelo Centro Social Santo Agostinho (CSSA), em Belém. Há 20 anos, o CSSA manifesta o compromisso com o evangelho por meio de ações que garantem assistência social a pessoas de baixa renda.

O centro social oferece cursos profissionalizantes, consultas médicas e projetos para crianças, adolescentes e idosos, moradores do bairro de Canudos e proximidades, como Terra Firme, Guamá, Marco e São Brás. Os serviços disponibilizados incluem capacitação para o mercado de trabalho, atendimento e prevenção de doenças. São oferecidos cerca de 20 cursos profissionalizantes que abrangem informática, confeitaria, panificação, pintura em tecido, manicure, manutenção de computador, operador de caixa, atendente de farmácia.

O frei Wesley Silva, diretor do CSSA, ressalta que o objetivo principal das atividades é promover a dignidade humana e acolher as necessidades das comunidades do entorno por meio da atuação voluntária de profissionais que trabalham na instituição. “Buscamos proporcionar a inserção da pessoa e da vivência da comunidade para mostrar que todas as áreas que desenvolvemos, especialmente no tocante à saúde que é negligenciada ou é difícil de conseguir, são viabilizadas por meio de profissionais voluntários que conseguem oferecer esse tipo de serviço por um valor em conta e atender com a mesma dignidade”, afirma o frei.

A cabeleireira Ana Lígia Silva, de 47 anos, descobriu a instituição por meio da igreja e, há 10 anos, participa das aulas de ginástica ministradas no centro social. Ela pontua que a atividade física traz leveza para a rotina dela.“Além do exercício ser importante para prevenir doenças, eu gosto muito daqui por causa das amizades, do calor humano, da alegria das senhoras, que são a maioria. São pessoas de bom humor que fazem muito bem para a gente e para o nosso dia a dia”, destaca Ana Lígia.

image Alunas participam de aula de ginástica (Ivan Duarte/ O Liberal)

Valor acessível

Há seis meses, Adivaldo Barata, de 36 anos, que está desempregado, leva o pai Odil Barata, de 72 anos, para as sessões de fisioterapia no CSSA. Ele conta que a primeira vez que buscou atendimento para Odil foi quando o idoso ficou debilitado após sofrer um acidente e perder os movimentos do braço. As sessões de terapia o ajudaram a recuperar os movimentos, no entanto, ele continua com os procedimentos para tratar outro problema que surgiu. O idoso sofre de uma fraqueza nas pernas que limita os movimentos dos membros inferiores. Adivaldo afirma que esses serviços médicos são imprescindíveis para a comunidade.

“Tem um valor bem acessível para as pessoas que não têm condições de pagar uma fisioterapia, que geralmente é mais cara. Mas não só isso, como também as consultas médicas. Ainda mais por estar localizado perto da gente, pois moramos aqui na Terra Firme, ou seja, é o local mais próximo para fazer todos esses serviços”. Ele complementa que outros membros da família também se consultam na instituição.

Patrick Abdoral, fisioterapeuta e profissional voluntário na instituição, revela que no ano passado a sua equipe já atendeu mais de 400 pacientes, das quais as principais demandas foram neurológicas, traumáticas ortopédicas e respiratórias. Abdoral afirma que, por mais que o centro não esteja incluso na Rede de Atenção à Saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), ele consegue ofertar um serviço de qualidade apesar dos baixos custos, o que beneficia a população em vulnerabilidade social e econômica.

“Esse trabalho é de grande relevância para a população que é atendida, porque é um atendimento especializado que normalmente teria um custo elevado se fosse por iniciativas privadas. Por vias públicas, como o SUS, tem uma espera crescente por essas demandas. Muitos pacientes atendidos atingem o nível de reabilitação e são devolvidos para a sociedade de maneira funcional. Eles não teriam esse suporte se não fosse pelo centro ou outras iniciativas da mesma vertente”.

De acordo com a coordenadora administrativa do espaço, Eliana Kemper, são 94 voluntários de diferentes áreas atuando nas três frentes do projeto e reforça que as ações são resultado do comprometimento com a população e com a fé católica. “O centro social é uma expressão do amor de Deus ao próximo. Nosso objetivo é atender aos mais vulneráveis e integrar a família, a comunidade e garantir a cidade”, avalia Kemper.

Frei Wesley associa as ações do centro Santo Agostinho aos mandamentos do cristianismo e ressalta que a empatia e o amor ao próximo são as principais motivações para o prosseguimento das atividades. “Fazemos isso como aquilo que Jesus pede a cada um de nós, de demonstrar um amor que é tocado, material, e demonstrar essa dimensão da caridade que perpassa a história da igreja, e como continuidade fazemos isso enquanto o amor que bate às nossas portas, tentando atender as necessidades de todos e mostrar que todos nós, mesmo diante do pouco, somos capazes de fazer muita coisa”, conclui o diretor.

Reginaldo Santos, educador físico há 15 anos no CSSA, se alegra ao falar como as atividades de aeróbica e de dança ajudam as donas de casa, principalmente as que estão acima dos 60 anos. “A gente tem depoimento de pessoas ansiosas, com depressão, que mudaram de vida após começar a participar das aulas de dança e socializar com os demais”, relata o professor.

Ações

As capacitações oferecidas pelo CSSA abrem novas turmas todos os meses, com cerca de 20 vagas, nos turnos da manhã, tarde e noite, com carga horária entre 20h e 30h. Todos os alunos são certificados após o fim dos cursos. Os serviços de saúde contam com a parceria de projetos de extensão de instituições de ensino superior, como a Universidade Federal do Pará (UFPA). As consultas médicas contemplam as especialidades de clínica médica, odontologia, acupuntura, pediatria, reumatologia, geriatria, nutrição, fonoaudiologia, psicologia, psicopedagogia, cardiologia, entre outras, além da realização de exames laboratoriais. Os procedimentos são agendados no próprio centro, com valores entre R$ 20 e R$ 50. Os atendimentos são voltados para os moradores do entorno e do arquipélago do Marajó, mas também é aberto para toda a população.

Já os projetos sociais incluem o Grupo da Terceira Idade, que dispõe de atividades físicas para pessoas idosas, além de aulas de reforço escolar, balé, karatê e futebol para crianças e adolescentes.

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