Campanha Janeiro Verde alerta quanto à prevenção do câncer de colo de útero
Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima 780 casos da enfermidade no Pará até o final de 2021
Terceiro tipo de câncer mais comum em mulheres e a quarta causa de morte de mulheres pela doença no Brasil, o câncer de colo de útero é causado pelo vírus HPV, abreviação em inglês para papilomavírus humano, que é a doença sexualmente transmissível mais comum. O Ministério da Saúde aponta que 75% das mulheres que têm vida sexual ativa entrarão em contato com o vírus e 5% delas desenvolverão um tumor maligno no prazo de dois a dez anos.
Apenas no Pará, foram 201 casos tratados no ano passado. Na comparação com os anos anteriores, no entanto, o número é pequeno, por conta do isolamento social durante a pandemia do novo coronavírus. Em 2019, foram 630 mulheres tratadas com o câncer no Pará, segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Já o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima 780 casos da enfermidade no Pará até o final de 2021. Um total de 895 pacientes estão, atualmente, em tratamento contra a neoplasia maligna no Hospital Ophir Loyola, referência em oncologia no Estado.
Para alertar a população quanto à prevenção, que é indispensável no combate a diversas doenças crônicas, como o caso do câncer, anualmente é realizada a campanha Janeiro Verde, contra o câncer de colo de útero. Como a doença é silenciosa e não apresenta sintomas na fase inicial, quanto mais cedo a paciente descobre a condição, maiores as chances de se recuperar e seguir a vida normalmente.
O oncoginecologista Celso Fukuda explica que o número de mortes ocorre, principalmente, pela falta de prevenção. “Quando a paciente descobre o câncer cedo, há mais chances de ficar curada mais rápido. É um processo longo, que fica mais fácil se tratarmos no começo”, pontua. Segundo ele, o principal desafio é na logística, já que a maioria das mulheres atendidas no Ophir Loyola, onde ele atua, vem do interior do Estado. Como são meses de tratamento, a locomoção para a capital se torna cansativa. No entanto, ele reforça que é necessária a procura espontânea, em que as próprias pacientes procuram, regularmente, os serviços de saúde para a investigação da doença.
Fukuda ressalta que as manifestações mais comuns do câncer de colo de útero, quando ocorrem, são sangramentos, dores pélvicas, corrimentos e dores na relação sexual. Contudo, esses sintomas nem sempre estão relacionados à neoplasia maligna, podem ser sinais de enfermidades benignas como o mioma. “Esse tipo de câncer pode ser prevenido em praticamente todos os casos por meio do exame preventivo, o Papanicolau, que deve ser realizado em mulheres com vida sexualmente ativa pelo menos uma vez ao ano. A análise do resultado do exame é realizada pelo ginecologista, que avalia se existem lesões que são causadas pelo HPV e que podem levar à doença. Quando há alteração, o médico solicita outro exame chamado de colposcopia, com biópsia, que trará a confirmação ou não do câncer", alerta o especialista.
A maioria das mulheres que adquirem a doença, normalmente, estão acima de 30 anos, possuem múltiplos filhos, têm baixos níveis de renda e escolaridade, e estão há anos sem realizar Papanicolau ou até mesmo nunca realizaram o exame, o que leva ao diagnóstico tardio. As principais opções de tratamento são a quimioterapia, a radioterapia, a cirurgia e a terapia-alvo, que é usada para combater as moléculas específicas, direcionando a ação de medicamentos às células tumorais. O tipo de tratamento dependerá do estágio de evolução da tumor, tamanho e fatores pessoais, como idade da paciente e desejo de ter filhos.
"Com o diagnóstico tardio, nós não conseguimos realizar a cirurgia, o tratamento será por meio da radioterapia e da quimioterapia. A cirurgia é feita com tumores do colo do útero abaixo de quatro centímetros e lesões que não saíram do local de origem e estão restritas àquela região. À medida que o tumor vai para vagina ou para lateral do útero, o estágio já está avançando e o procedimento de retirada não traz mais o benefício", esclarece Fukuda.
Quanto à reabilitação na vida sexual, após a cirurgia ou quimioterapia e radioterapia, é realizada mediante fisioterapia ginecológica, para a melhora da elasticidade vaginal e reposição hormonal, pois a vida sexual das mulheres fica desfavorecida após o tratamento do câncer. Já no ambiente de trabalho, as pacientes podem voltar às atividades normalmente depois de tratadas e curadas, pois não perdem nenhuma função motora.
A principal forma de prevenir o câncer de colo de útero é a vacinação contra o HPV, eficaz em 98% dos casos. A vacina está disponível nas unidades públicas de saúde para meninas dos 9 aos 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, em duas doses, com seis meses de intervalo entre elas. Também podem receber a vacina pessoas com HIV ou imunodepressão, dos 9 aos 26 anos, de ambos os sexos. Outra forma de prevenção é o uso de preservativos em todas as relações sexuais.
Pelo sistema público de saúde, é possível fazer todo o processo, desde a prevenção ao diagnóstico e tratamento. Este último fica a cargo do governo estadual, sendo que o principal hospital que atende as mulher com câncer de colo de útero é o Ophir Loyola. Já a administração municipal fica com a primeira parte. A Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), informou que atua na prevenção do câncer do colo do útero, oferecendo exames gratuitos de mamografia e Papanicolau - que é o preventivo.
"Após as coletas de PCCU e as solicitações de mamografias, os exames são encaminhados para a rede laboratorial contratualizada, que faz a coleta e análise de material para detectar alterações no colo uterino e ou na mama. Se alterados, as mulheres serão acompanhadas pela Casa da Mulher, referência em patologia cervical para o município e, por isso, recebe mulheres dos diversos bairros de Belém encaminhadas pelos serviços de saúde, de todas as faixas etárias, e pelos ginecologistas das 29 Unidades Municipais de Saúde", diz o órgão.
Segundo a Sesma, a Casa da Mulher tem como objetivo geral a prevenção e diagnóstico precoce de mulheres com câncer de colo uterino e câncer de mama e oferece assistência a mulheres vítimas de violência doméstica e sexual. Também realiza planejamento familiar com a inserção do DIU, faz exames com diagnóstico por imagem, laboratório de análises clínicas, ações educativas, consultas de enfermagem, nutrição, serviço social, psicologia, mastologia, patologia cervical e obstetrícia de alto risco.
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