Fantasia da atual campeã do Rainha das Rainhas custou R$ 60 mil
O traje com o tema de Iansã terá que ser reformado para a nova apresentação.
A fantasia vencedora do Rainha das Rainhas do Carnaval 2020, cujo tema foi “Eparrei Iansã- De vermelho ou de rosa é filha de Oyá”, vai passar por reforma para voltar a ser apresentada na 75ª edição do concurso, este ano. Ornada com pedrarias, plumas, luzes e esculturas, o traje e o esplendor custaram R$ 60 mil. A estrutura pesava 65 quilos, isto é, 14 quilos a mais do que a candidata vencedora, Juliana Moraes, que estava com 19 anos, na época. A reforma da fantasia, danificada pelo tempo, é estimada em R$ 20 mil.
A fantasia passou três anos guardada. O longo reinado da representante da Associação dos Servidores da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (ASALP) se deveu à pandemia, que forçou a suspensão do tradicional concurso de beleza por dois anos.
O tio da Rainha, historiador Paulo Rogério Silva que coordenou a elaboração da fantasia, explica que o tema alusivo à uma entidade religiosa de matriz africana foi uma forma de evidenciar a periferia e a negritude. “A gente queria trazer algo marcante para o Rainha das Rainhas, provocar a sociedade, mostrar que não existe padrão. Foi muito desafiador”, recorda.
Iansã é a deusa guerreira mais valente das orixás mulheres, que possui temperamento e personalidade fortes, possuindo o poder de controlar os ventos e tempestades, a força do búfalo e a leveza da borboleta. A expressão “eparrei” é uma saudação.
O diferencial da fantasia de Juliana é que, durante a apresentação, ela apoiava o esplendor no chão, se soltava da estrutura que carregava nos ombros e escalava até o topo, onde fazia um “escarpate” seguido de um giro de 360 graus. Lá de cima, ela acionava luzes e gesticulava lá de cima, simulando comandar os raios como Iansã.
Luxo e brilho
A fantasia foi ornamentada nas cores vermelho, rosa, dourado e prateado, possui muitas predarias, strass e semijoias; além de plumagens, incluindo penas de faisão e pavão e rabo de galo, sem falar em duas estruturas em formato de búfalos.
“Nosso intuito na confecção da fantasia foi trazer os elementos que representassem a personagem. Foi difícil, mas conseguimos trazer todos os elementos. Fizemos a espada em forma de raio, o mailô (adereço que de mão feito de cabelo ou palha), filá (adereço que cobre o rosto da orixá), a saia (que Juliana tira durante a apresentação), os búfalos e os búzios”, explica Gabriel Carvalho, um dos estilista que assina a autoria da fantasia junto com André Chagas.
“Nosso intuito foi confeccionar a fantasia totalmente dentro do tema, com materiais que tivessem a ver com o que iríamos apresentar e para que o júri pudesse entender o tema”, acrescenta.
Acostumada a dança e a competir em concursos de quadrilha, Juliana Moraes conta que teve uma experiência totalmente diferente com o Rainha das Rainhas. Pois além de dançar e interpretar a personagem, ela teve que fazer seis meses de preparação física para suportar o peso da fantasia.
“Na época, eu tinha 19 anos e pesava 51 quilos. Foi bem complicado, apesar de ser acostumada a dançar Porque o peso da fantasia era muito grande e eu precisava estar forte”, recorda Juliana, que também se preparou do ponto de vista psicológico.
“Agora é mais fácil porque estou mais forte. Tenho 22 anos e peso 60 quilos. Já estou me preparando (para se apresentar no RR 2023, quando irá passar a faixa de campeã do Carnaval) fazendo ensaios com a fantasia”, afirma.
Reparos
Os reparos na fantasia campeã de 2020 exige a recomposição da plumagem, a parte mais danificada do esplendor, assim como a solda para reforçar as ferragens. “Estimamos que o gasto com a recuperação da fantasia vai custar R$ 20 mil, sendo a metade desse valor somente com a plumagem, que é cara. Estamos correndo atrás para ver como iremos conseguir”, disse Paulo Rogério.
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