Especial Tuna Luso: o ressurgimento de um gigante

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Graciete marca seu nome na história cruzmaltina

A atual presidente descentralizou ações e, com o clube mais saneado, colhe resultados positivos

A volta da Gloriosa pelas mãos de uma mulher. Essa é a Tuna Luso, clube de origem portuguesa, dona de um complexo esportivo imponente no centro de Belém (PA) e com uma história rica, que volta a brilhar de maneira meteórica. Em menos de seis meses, a Tuna saiu da Segunda Divisão do futebol paraense à final do Parazão, vaga garantida no Brasileirão Série D e também na Copa do Brasil em 2022. Calendário cheio para um clube que nos últimos oito anos, jogava praticamente um mês por temporada.

Sim, a Tuna é grande! É o clube mais antigo no desporto em atividade no Pará. São 118 anos revelando atletas em várias modalidades.

E longe do cenário nacional e estadual fez falta, tirou o brilho do Campeonato Paraense. Mas, a Lusa vem ganhando vida, cor e projeção na administração de Graciete Maués, de 70 anos, que vive o clube há 40 anos. Eleita presidente da Águia Guerreira para o biênio 2020 e 2021, Graciete “respira” Tuna Luso Brasileira 24 horas por dia e esse amor pela Gloriosa surgiu dentro de casa.

“O meu amor pela Tuna surgiu pelo amor da vida. Meu marido Nildo Maués, há 40 anos, o conheci e ele já era tunante. Casamos e ele me trouxe para a Tuna, onde através da minha dedicação ao clube fui convidada para ser diretora social e fui passando por várias gestões”, disse.

Formada em educação física, atualmente aposentada, Graciete contou com o apoio da comunidade portuguesa para assumir o cargo máximo da Lusa, porém, inicialmente, essa missão não estava em seus planos. “Não tinha pretensões de ser presidente da Tuna, mas tinha o apelo da comunidade portuguesa. Encontrei a Tuna estruturada fisicamente e financeiramente, isso tornou as coisas mais fáceis para darmos início à nova trajetória”, afirmou.

TRABALHO EM CONJUNTO

A Tuna reascendeu com muito trabalho, mas Graciete Maués fez questão de frisar a importância de duas pessoas no departamento de futebol, que nunca desistiram da Lusa e sonharam juntos nesse retorno da Águia Guerreira.

“O ressurgimento da Tuna no cenário nacional é uma conquista de toda a nossa diretoria e colaboradores, principalmente, meus diretores de futebol Vinícius Pacheco e Eder Pisco, grandes baluartes, que estiveram à frente de tudo”, lembrou.

No futebol, a paciência foi um mérito da atual administração. Primeiro por ter bancado uma comissão técnica local que, embora não tenha tido resultados imediatos, foi prestigiada no sentido positivo da palavra.

O treinador Robson Melo aproveitou a confiança, organizou o time que apresenta um futebol consistente no Campeonato Paraense, sendo finalista, eliminando um rival poderoso: o Clube do Remo.

O elenco não tem estrelas – Eduardo Ramos não cumpriu o contrato, rescindindo durante o campeonato estadual. Com a receita do pagamento em dia e atletas locais e operários, o projeto tunante foi bem-sucedido.

ELA QUER MAIS

Depois de 13 anos, a Tuna volta a decidir o Campeonato Paraense - 13 anos também é o período que ficou sem disputar o Campeonato Brasileiro e a Lusa está garantida também na Copa do Brasil. O último título estadual da Lusa foi em 1988, a última grande conquista foi o Brasileiro da Série C em 1992. Uma nova história está sendo escrita e Graciete Maués quer mais,. Ela confia e agradece por ter tido a oportunidade de ter dado sua contribuição em um momento especial para os cruzmaltino, mas o início de tudo não sai da memória da gestora. “Foram tantos momentos felizes nesse tempo em que estou como presidente, mas vou destacar um: a ascensão da Tuna à Primeira Divisão do Campeonato Paraense. Esse foi o nosso primeiro marco, iniciou toda a situação atual. Depois a vaga para a Série D e Copa do Brasil. O que Deus nos reservará ao futuro? É o que estamos aguardando por mais uma etapa”, disse.

O FUTURO

Celeiro de craques no passado, a Tuna marca o seu retorno pensando em um futuro promissor. Graciete afirma que o momento da Lusa é de cuidar das categorias de base para que o voo da Águia seja alto

“A Tuna é um clube que sempre procura o crescimento, acompanhando a evolução do tempo. Nossas categorias de base voltam a ter um olhar diferenciado, sendo tratada com carinho e consequentemente buscando revelar grandes valores, massificando o futebol como carro chefe”, finalizou.

image Diretoria formou um time que valoriza os jogadores paraenses (Igor Mota)

União e muito trabalho: Lusa volta ao cenário

A receita para o sucesso se baseou em um trabalho de confiança e descentralizado no futebol profissional

A Tuna renasceu em um momento difícil, de pandemia, onde muitos não acreditavam e davam a Águia como mera coadjuvante no Parazão 2021, mas dentro de campo, os jogadores comandados por Robson melo conseguiram mais. Fora das quatro linhas uma dupla vem desde de 2017 traçando os rumos cruzmaltinos, com erros e acertos, mas com responsabilidade e amor pela Tuna.

O diretor de futebol Eder Pisco e o diretor adjunto Vinícius Pacheco dão as cartas na Lusa. Os dois saíram da arquibancada do Souza para levar a Tuna a voos maiores. Amigos de bancada, companheiros de luta e irmãos que o futebol tratou de unir. Um mais calmo, pés no chão, outro que combate, que defende, que luta. Foi assim que Eder Pisco definiu o convívio com Vinícius Pacheco.

“Nossa relação é de reciprocidade. Temos perfis totalmente diferentes, personalidades diferentes, mas complementares. Ao mesmo tempo que sou um cara mais pé no chão, o Vinícius é um cara que arrisca mais, eu sou um cara mais consciente, ele já é mais para frente, que briga, discute, defende. Ele é meu amigo e meu irmão, temos confiança, credibilidade e na prática não existe essa de diretor de futebol e o outro ser adjunto. Pensamos juntos”, disse Eder Pisco, empresário, 37 anos e apaixonado pela Águia do Souza desde criança.

Vinícius Pacheco, também empresário e louco pela Tuna, largou Portugal, após receber o convite de Eder Pisco para reerguer a Tuna. Juntos desde 2017, afastaram-se da Lusa em 2019 por divergências com a gestão anterior. Se na temporada 2017, Pacheco chamou Pisco, em 2020, foi o contrário e Vinícius não se arrepende.

image Eder Pisco e Vinícius Pacheco comandam o departamento de futebol cruzmaltino (Ascom Tuna)

“É uma satisfação enorme ajudar o clube que eu fui criado, vivi minha infância, passei minha adolescência e hoje poder chegar às glórias. Trabalhar com amor é a palavra chave do nosso trabalho na Tuna. O Eder Pisco é de uma importância crucial. Nada existiria sem ele, hoje somos uma dupla, onde não existe Vinícius sem Eder e Eder sem Vinícius. Nossa identidade, amor pelo clube, confiança e parceria, foi fundamental”, falou o empresário Vinícius Pacheco, de 31 anos.

UM RESURGIMENTO COM GRACIETE

A presidente da Tuna viu crescer o amor de Eder e Vinícius. Há mais de 40 anos na Tuna, ela deu total liberdade aos dois para que tocassem o futebol, em uma relação de confiança mútua.

“Ela valoriza o nosso trabalho e isso já faz a Dona Graciete uma pessoa diferente. Ela é uma mulher agregadora, positiva, alegre que pensa a Tuna lá na frente e isso é muito gratificante”, disse, Pisco.

image Time que conquistou o 10º estadual da história da Tuna Luso (Arquivo O Liberal)

A história de sucesso cruzmaltina

Clube tem passado de glória 

Conheça a origem e curiosidades do clube tradicional do futebol paraense

O primeiro dia do ano, também é dia da Tuna. Fundada em 1 de janeiro de 1903 por 21 jovens portugueses, que tinha à frente Manoel Nunes da Silva, um dos “caixeiros”, que trabalhava no comércio. Ele comandava uma orquestra que entoavam canções portuguesas tentando amenizar a saudade de Portugal. A palavra Tuna, em Portugal, remete a grupo musical de jovens, porém a Lusa teve outros nomes até chegar em Tuna Luso Brasileira. Antes a Águia do Souza recebeu o nome de Tuna Luso Caixeiral, com referência aos fundadores, além de Tuna Luso Comercial.

O esporte só chegou à Tuna três anos após sua fundação. Em 1906, foi criado um departamento de esportes náuticos, após a extinção do Yole Clube e do Syrio. Alguns rapazes decidiram alugar a sede do Syrio, que fica na travessa Siqueira Mendes, no bairro da Cidade Velha, em Belém. Lá a Lusa deu início à sua trajetória no esporte e ali passou a funcionar a garagem náutica. O primeiro título paraense da Tuna na história só veio em 1920, ganhando a alcunha de “Rainha do Mar” ao conquistar um deca-campeonato de 1948 a 1957.

BOLA ROLANDO

O ano de 1915 foi marcante para a Tuna. Nessa temporada, o futebol passou a ser um esporte praticado pela Lusa, porém, sem competições oficiais, apenas de forma amadora. Em 1930, a Tuna iniciou de forma oficial a sua trajetória no futebol paraense, já que passou a disputar competições. O primeiro título veio sete anos depois, de maneira invicta, quebrando assim a hegemonia de Remo e Paysandu, que se alternavam nas conquistas.

CURIOSIDADE

O historiador do futebol paraense Jorginho Neves relembrou um fato histórico ocorrido na temporada de 1938. A Tuna defendia o título estadual e estava no quadrangular final com Remo, Paysandu e Nacional, porém a dupla Re-Pa desistiu da disputa.

“A Tuna era atual campeã, mas Remo e Paysandu, em comum acordo, desistiram da competição por medo de perderem o protagonismo para o forte time tunante, que disputou a final contra o Nacional e venceu por 3 a 2 e conquistando o bicampeonato”, relatou Jorginho.

 

LINHA DO TEMPO

1903

1 de janeiro de 1903 - De origem portuguesa e com uma curiosidade: a Tuna surgiu como um conjunto musical. Iniciaria a sua trajetória esportiva em 1906. Surgiu na regata, no futsal e na natação. Obteve conquistas em todas as competições. No futebol também é gloriosa com títulos no cenário esportivo regional e nacional.

1906

Os nomes mais destacados da época eram Antônio Lobo, Artur Nicolau da Costa, Francisco de Oliveira Simões, Antônio Frazão Salgueiro e João Gonçalves. A equipe alugou a antiga sede do Sírio, na Tv. Siqueira Mendes, onde passara a funcionar a garagem náutica do clube.

1915

A Tuna inicia o futebol como esporte amador. Um adversário da época foi o Grêmio Luzitano. O jogo entre as equipes foi realizado no dia cinco de outubro. A Lusa conquistou a taça.

1930

Nos anos 1930, a Tuna passou a disputar oficialmente as competições. E o sucesso foi imediato. Em 1937, de forma invicta, a Tuna seria campeã paraense. De acordo com os registros, o time base era: Licínio; Setenta e Cinco; Aldomário, Pelado e 77; Lulu, Conegas, Jango, Pitota e João. Mantendo a base, a Tuna conquistou no ano seguinte o bicampeonato.

1932

Em novembro de 1932, foi iniciada a construção do estádio Francisco Vasques, cujo nome homenageou um dirigente do clube.

1941

O terceiro título viria em 1941, novamente, de forma invicta. O terceiro título seria 1948 – aliás esta temporada consolidou vitórias em campo e nos campeonatos de regatas.

1949

A Tuna viajou para Paramaribo, Suriname, e disputou um torneio internacional. Foi campeão invicta, com quatro vitórias e um empate.

1950

Títulos estaduais foram obtidos (1951, 1955 e 1958). O título de 1955 foi oriundo de uma decisão extra entre a Tuna (campeã do 1º e 2º turno) e Paysandu (campeão do 3º), já em 1956. Dessa forma, a Águia sagrou-se supercampeã paraense de 1955.

1970

Marcou a obtenção cruzmaltina do seu oitavo Campeonato Paraense.

1985

Depois de obter campeonatos estaduais (1983 e 1988), a Tuna foi campeã do Brasileirão da Segunda Divisão, em 1985. Na época, a competição era denominada Taça de Prata. 24 times disputavam o torneio em formato mata-mata.

1992

Mais um caneco relevante da sua galeria: o Campeonato Brasileiro da Terceira Divisão.

2013

O time inicia a sua peregrinação pelas divisões de acesso ao Campeonato Paraense principal.

2020

A Tuna conquista o título da 2ª divisão estadual, voltando a primeira divisão do futebol Paraense em 2021. No estadual, fez excelente campanha e foi finalista da competição. 

 

Ficha Técnica Tuna

Títulos: 10 vezes campeã paraense; Campeonato Brasileiro Série B de 1985, a primeira conquista nacional de um clube da Região Norte e o Campeonato Brasileiro Série C de 1992.

Estádio: Francisco Vasquez (capacidade 6,5 mil pessoas)

Apelidos: Elite do Norte e Águia do Souza

Mascote: Águia

image Depois de 13 anos, a Tuna volta a decidir o Campeonato Paraense (Igor Mota/ O Liberal)

Estrutura e história: os feitos da tuna luso em detalhes

Clube tunante manda os seus jogos no seu próprio estádio dentro da sua sede social

A Lusa manda seus jogos no Estádio Francisco Vasques, que fica no bairro do Souza em Belém, por isso também é conhecido como Estádio do Souza. De acordo com a Federação Paraense de Futebol (FPF) e foi inaugurado no dia 1 de janeiro de 1935. Porém, há dificuldades de registros dessa inauguração, como confirma o historiador Jorginho Neves.

“O clube considera a data 1 de janeiro de 1935, porém não há registros de jornais de 1935. O único registro de jogo da Tuna neste ano foi um amistoso contra o Santa Cruz-PE, com vitória pernambucana por 4 a 1. O gol da Tuna foi marcado pelo jogador “Setenta e Sete”. Os registros desse são de jornais pernambucanos”, afirma, Neves.

A alcunha de “Gloriosa” não é à toa. A Tuna possui uma história rica e por muitos anos, abasteceu o futebol paraense de grandes jogadores, que conquistaram títulos expressivos com a camisa cruzmaltina. Em sua galeria de troféus, a Lusa pode se orgulhar e bater no peito que foi a primeira equipe a ser campeã brasileira do Norte do Brasil.

O principal título da Águia ocorreu na temporada de 1985. No total de 24 clubes disputaram a Taça de Prata, atualmente a Série B do Brasileirão. A Tuna iria decidir o título em um triangular, ao lado de Figueirense-SE e Goytacaz-RJ. O dia 4 de abril está marcado na memória do torcedor tunante. Com um Mangueirão lotado, a Lusa conquistou o Brasil ao derrotar o clube carioca por 3 a 2, com gols de Luís Carlos, Paulo Guilherme e Ronaldo, descontando para o Goytacaz Gaúcho Lima e Sousa.

Um dos principais jogadores da Tuna na conquista foi Tiago. Habilidoso, veloz e artilheiro, Tiago chegou em Belém em 1983, vindo do futebol amador do Amapá (AP) e se orgulha do que viveu vestindo a camisa da Lusa.

“Fui aconselhado pelo treinador Alísio Brasil a escolher a Tuna, mesmo sendo de uma família de remistas e fui muito feliz. Conquistei dois campeonatos estaduais (1983 e 1988), além da Taça de Prata, uma Série B, meu maior título da carreira”, afirmou.

 

SEM TAÇA

A Confederação Brasileira de Futebol não enviou a Belém a taça do campeonato. A Lusa venceu o jogo, conquistou o título e os jogadores levantaram o técnico Dutra, ex-jogador da Lusa e que foi um símbolo daquela equipe.

 

A DONA DO BRASIL PELA SEGUNDA VEZ

O segundo título brasileiro da Águia do Souza veio com um sofrimento sem tamanho.  No total 31 clubes disputavam o acesso e o título da Série C e na grande final ficaram Tuna x Fluminense-BA. A Lusa teve a melhor campanha e por isso jogava por dois resultados iguais e decidiram em Belém.

No primeiro jogo, no interior da Bahia (BA), o Fluminense venceu a Águia pelo placar de 2 a 0, gols de Acácio e Ronaldo, todos no segundo tempo. O clube baiano trouxe uma boa vantagem a Belém.

Na capital paraense o Estádio Evandro Almeida (Baenão) lotado, torcedores de Remo e Paysandu mais uma vez apoiando a Lusa em uma final de Campeonato Brasileiro. A Lusa saiu na frente com Ageu Sabiá, mas no segundo tempo, Ronaldo empatou para o clube nordestino.

 

O IMPOSSÍVEL ACONTECEU

Atrás do placar e precisando de dois gols, a Tuna se lançou ao ataque. O tempo passou e chegou aos 45 minutos do segundo tempo. Manelão, de cabeça, marcou para a Lusa. A torcida apoiava nas arquibancadas do Baenão e no último lance do jogo, Juninho, também de cabeça, explodiu de felicidade o povo paraense, marcando o gol do título. Torcedores invadiram o gramado, levaram as roupas dos jogadores e fizeram uma grande festa. Autor de um dos gols, Ageu Sabiá não esquece o dia 13 de junho de 1992.

“Ainda sonho com esse dia, inesquecível. Cheguei na Tuna em 1988, iniciei minha carreira como profissional no Souza e ser campeão brasileiro defendendo essas cores tem um sabor especial”, falou Ageu.

image Giovanni, que fez história no Santos, aponta a Tuna como sua principal base (Nelson Antonie/ Arena FolhaPress)

Importância histórica da Tuna

Talentos revelados pelo clube

A força da Tuna se explica pela qualidade

A Lusa também dominou o Pará antes de conquistar o Brasil. Ao todo são dez títulos paraenses, o primeiro conquistado em 1937. A Águia também levantou as taças de 1938, 1941, 1948, 1951, 1955, 1958, 1970, 1983 e 1988 - o caderno foi finalizado antes da decisão de 2021.

O esporte mais amado pelo povo paraense passou por um momento difícil, sem a Tuna realizando uma das funções primordiais do futebol, que é revelar jogadores. Isso a Tuna fazia com maestria, formando times fortes e abastecendo o mercado da bola do Estado.

O retorno da Tuna à elite do futebol paraense e o ressurgimento da Águia do Souza nas competições nacionais, recoloca o clube em um local que jamais deveria ter saído. As manhãs de domingo no Souza voltaram, com a Tuna em campo, brigando, lutando e representando o Pará com maestria como sempre fez.

Nomes como Giovanni, Jóbson, Velber, Edson Cimento, Ageu Sabiá, Tiago entre outros, que vestiram a camisa da Tuna e tiveram projeções e iniciaram suas trajetórias na Gloriosa. O historiador Jorginho Neves avaliou a volta da Tuna aos campeonatos nacionais, sendo protagonista no estadual.

“A simples presença da Tuna Luso Brasileira abrilhanta o Campeonato Paraense. Sempre foi um clube que revelou grandes nomes da história do Paysandu e do Clube do Remo. O retorno da Águia às principais competições nacionais é uma grande vitória”, disse.

O ex-jogador Giovanni, ex-Seleção Brasileira e ídolo no Santos-SP, Barcelona e Olympiacos da Grécia, relembrou a sua chegada na Tuna, clube que abriu as portas no futebol profissional. “Cheguei na Tuna através de um vereador da cidade de Abaetetuba (PA), que me viu jogar nos campeonatos do interior. Ele conhecia o Fernando Oliveira, que na época era diretor da Tuna. Ele fez uma carta ao Fernando Oliveira, pedindo para eu realizar um teste. A Tuna foi a minha base, foi importante na minha formação, o começo da minha caminhada profissional”, relembrou.

image Equipe que disputou o Parazão é um exemplo do sucesso do futebol local (Ascom Tuna Luso)

Futuro

Diretoria planeja investir na base

Diretoria e figuras históricas apontam o caminho para o sucesso a curto e médio prazo

O passado recente que deixou a Tuna de fora da elite do futebol paraense por sete anos é algo que assustou os cruzmaltinos, porém, ao mesmo tempo, trouxe ao clube pessoas com um sentimento de amor em mudar o rumo da história. Sair da arquibancada e comandar o futebol do clube do coração, como ocorreu como Eder Pisco e Vinícius Pacheco. Uma mulher presidir e tomar as rédeas de uma agremiação centenária e cheia de dificuldades, como Graciete Maués, mostram que a Tuna é forte, é grande e que consegue com méritos os seus objetivos.

Eder Pisco e Vinícius Pacheco querem uma Tuna vibrante, guerreira como sempre, mas estruturada. Pisco, diretor de futebol, acredita em uma Lusa brigando por feitos grandes e aposta nas categorias de base para que tudo isso se torne realidade.

“É um longo caminho, ninguém acerta o tempo todo, mas conseguimos alcançar metas e fomos além. Quero um futuro para a Tuna brilhante, reestruturada por completo e voltando a revelar jogadores. É a essência do nosso clube e não vamos abrir mão”, falou, Eder Pisco.

O pensamento da atual presidente Graciete Maués é o mesmo de Eder Pisco. Investimento em categorias de base, além de uma reestruturação, passando principalmente pelo estádio e ginásio.

O ex-zagueiro e que hoje atua nos times de veterano e máster da Tuna, Juninho acredita nesse ressurgimento e imagina uma Tuna muito maior do que já é. O autor do gol do título Brasileiro em 1992 se declarou para o clube do seu coração.

“O futuro da Tuna é grandioso. A Tuna é do povo, do torcedor, da criança que não possui oportunidades, mas que a Lusa abre as portas. Sou eternamente grato à Tuna, por tudo que fez por mim, minha carreira, realizei o sonho de ser jogador de futebol, conquistei títulos e entrei para a história. Por aí existem vários jovens querendo viver o que eu vivi. A base é o caminho para a Tuna que tanto amo”, falou.

Responsabilidade social está no DNA luso

A Lusa possui um complexo esportivo e de frente à principal via de acesso de Belém: a Avenida Almirante Barroso. Com parque aquático, ginásio, estádio, boate, campo society de grama, além de arenas com gramado sintético, a Tuna oferece ao associado várias opções de lazer. A sede foi fundada no dia 7 de julho de 1935 e era considerada longe para os padrões da época da então Avenida Tito Franco (atualmente Almirante Barroso). Com o crescimento da cidade, o cenário mudou. Hoje, o clube atende a população com as escolinhas de futebol de campo, futsal, vôlei e natação. A Lusa possui uma academia em sua sede, além de receber projetos sociais como o “Vida Ativa na terceira idade”,. Outro esporte que a Lusa mantém a prática e que é aberto à população por meio da escolinha é o remo olímpico, porém as aulas ocorrem em sua garagem náutica no bairro da Cidade Velha, em Belém.

O diretor de patrimônio da Lusa, Janilton Maciel, confirma que existe um projeto de ampliação da estrutura. “Temos alguns projetos de transformar o nosso parque aquático, construção de um CT, além de um novo ginásio através de investimento vindo de Portugal. O projeto arquitetônico foi finalizado e estamos esperando um feedback do investidor”, disse Janilton Maciel.

A sede da Lusa também é palco de shows de artistas locais e nacionais, além de grandes festas em sua boate refrigerada. O complexo possui restaurante próprio e alguns eventos são realizados aos fins de semana.

Confira quem fez história no Souza

A Tuna possui histórias de amor com seus ídolos. Grandes jogadores que atuaram pelo país e na Europa passaram pela Águia, muitos iniciaram a carreira jogando no Estádio do Souza. Leia sobre alguns:

TIAGO: Vindo de Macapá, Tiago chegou na Tuna e fez parte de uma das principais conquistas da Lusa, que foi a Taça de Prata em 1985, primeiro título nacional de um clube do Norte do Brasil. O jogador fez parte também do título estadual de 1988. “Joguei no Pará por dez anos, meu primeiro clube foi a Tuna, de 1983 a 1988. Além de ex-jogador sou um apaixonado pela Tuna”.

DUTRA:  Não jogou pela Tuna, mas foi o comandante da Lusa na conquista da Taça de Prata. “Tínhamos um grupo muito coeso, humilde e batalhador. Conquistamos algo inimaginável. Que esse retorno da Tuna ao futebol paraense e nacional seja glorioso”, falou.

ONDINO: Atuou pela Lusa de 1982 a 1997. Foram três conquistas com a camisa da Tuna, o Parazão de 1988, além dos dois brasileiros.

CHINA: O meia foi tetracampeão com a Lusa nas temporadas 1948, 1951, 1955 e 1958. Ídolo, driblador e atrevido, fez história na Águia.

MANOEL MARIA: ídolo do Santos, Manoel Maria iniciou sua trajetória na Tuna Luso e em 1968 foi convocado para defender a Seleção Brasileira pré-olímpica. O atleta foi convocado diretamente da Lusa. Atuou no Santos de Pelé, Pepe, Clodoaldo entre outros.

 

 

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