'Vamos ter que recuperar o papel da Sudam', anuncia Paulo Rocha, novo superintendente do órgão
O ex-senador revela os principais objetivos da sua gestão: auditoria nos projetos e ampliação do diálogo com setores públicos e privados e parceiros internacionais.
Nomeado para a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) na última quarta-feira, 10, o ex-senador Paulo Rocha (PT) anuncia novos rumos para o órgão de fomento da região, que representa 59% do território nacional. “Vamos ter que recuperar o papel da Sudam, que é de organizar o desenvolvimento da Amazônia, pois, ao longo dos últimos governos, esvaziaram o seu papel, desmontaram toda uma estrutura que já vinha, minimamente, funcionando e influenciando o desenvolvimento a região”, disse o novo gestor a O Liberal.
Entre as medidas antecipadas pelo paraense, que assumirá de fato o cargo na próxima segunda-feira, 22, em Belém, estão a reabertura do escritório da autarquia em Brasília para articular avanços junto aos demais órgãos federais; a auditoria nos projetos que receberam incentivos e nos que estão pendentes de aprovação; a reaproximação com o Banco da Amazônia; e a coordenação das demandas de todos os estados da Amazônia Legal (Pará, Amapá, Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Tocantins e parte do Maranhão) para a elaboração do Plano Plurianual 2004-2027, o que vai exigir o diálogo próximo com o governo federal e com todos os governadores, prefeitos das capitais e prefeitos dos municípios mais representativos das microrregiões, conforme detalhou.
Criada nos anos 1960 para promover o desenvolvimento da região por meio de planejamento, articulação e fomento de políticas públicas, a Sudam também administra incentivos fiscais e fundos públicos de estímulo e atração de investimentos privados, nacionais e internacionais. A Sudam é vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional.
“A Sudam, além de fomentadora do desenvolvimento, também vai ter que cumprir o papel de mediadora de articulação entre os vários órgãos federais, além de ter o papel de atrair investidores privados para não ficar só dependente de investimentos públicos”, anuncia.
Gestor do diálogo
Com um histórico de 28 anos como parlamentar - sendo 20 anos como deputado federal e oito anos como senador – e uma origem como gráfico e sindicalista, Paulo Rocha se consolidou no Congresso Nacional como grande articulador político, inclusive, com bom trânsito entre as gestões petistas e o MDB do governador paraense, Helder Barbalho. “Como legislador, conheço profundamente a região. Isso me autoriza a cumprir um bom papel na Sudam, uma vez que a Sudam tem como característica que exatamente que não é uma gestão de pública de execução, mas de planejamento e de articulação política, o que aprendi muito bem o parlamento”.
É na qualidade de articulador político que Paulo Rocha aposta no sucesso do seu primeiro desafio como gestor. Ele assumirá a superintendência no momento em que a Amazônia tem a atenção de outros países, ainda mais diante da expectativa de Belém sediar a COP30, a convenção das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas, em 2025. “O papel fundamental da Sudam será coordenar esse processo na região, juntar os governadores, os órgãos públicos e manter diálogo com o poder central para tratar com os setores que veem a Amazônia como parceria fundamental na questão do clima terrestre. Para isso, será natural que venham investimentos de parceiros para contribuir com que a Amazônia se desenvolva com sustentabilidade e proteção ambiental. Vamos aproveitar essa relação internacional para que a gente direcione esses investimentos levando em consideração a diversidade que é a Amazônia”.
O novo superintendente destaca a importância da aplicação dos recursos dos Fundos de Desenvolvimento da Amazônia (FDA) e Constitucional do Norte (FNO) no novo plano de desenvolvimento que será traçado para a região, assim como nas relações internacionais como possíveis fontes de captação de recursos. Outros estímulos ao desenvolvimento que estão no radar de Paulo Rocha, são a verticalização do minério e exploração pela Petrobras do novo Pré-sal na Bacia do Pará-Maranhão, pois ambos tem potencial de geração de emprego e renda e de geração de impostos.
O diálogo também deverá ser reforçado dentro do território nacional que que a nova visão de desenvolvimento contemple as diferentes realidades existentes entre as microrregiões da Amazônia. “A visão de desenvolver o Sul do Pará é totalmente diferente de desenvolver o Marajó, por exemplo. Temos que conceber os planos (de desenvolvimento) para direcionar investimentos e atrair investidores. É fundamental conceber isso com todos os setores da sociedade, públicos e privados, e fazer um processo que articule de forma integrada numa visão de desenvolvimento que caiba o grande, médio e pequeno, para que todos sejam incluídos no processo de desenvolvimento, tudo com a visão de sustentabilidade”.