Unimed elege novos dirigentes neste sábado (8) em meio a instabilidades na gestão
Mudanças em gestão financeira e prestação de serviço são essenciais, apontam concorrentes
A Unimed Belém realiza até as 18h deste sábado (8), no hotel Sagres, a eleição para a escolha da sua nova presidência e para a composição dos conselhos Fiscal e Administrativo e da sua diretoria executiva. A votação ocorre em um cenário de instabilidade financeira e administrativa, motivada por anormalidades da gestão atual, já apontadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e pela Unimed Brasil. As insatisfações dos cooperados recaem principalmente sobre a administração dos recursos financeiros da instituição e a necessidade de ampliar a prestação do serviço para melhorar o atendimento.
Dois grupos se enfrentam na disputa pela nova direção. A chapa 10, Unimed Pro, é representada pela médica mastologista Luciana Valente, alinhada à atual gestão. Na oposição está a chapa 20, Unimed Mais, encabeçada pelo médico Paulo Cartágenes. Os eleitos ficarão responsáveis pelas decisões na Unimed Belém pelos próximos quatro anos.
Apoiadores da mudança de gestão apostam na troca da administração atual, presidida pelo médico Wilson Niwa, há 12 anos no cargo. A categoria que se opõe ressalta a necessidade de corrigir as falhas orçamentárias adquiridas ao longo dos anos na cooperativa, que já foi alvo de três intervenções fiscais pela ANS.
As anormalidades administrativas e financeiras dizem respeito aos déficits da Unimed Belém e ao impedimento do atual presidente, Wilson Niwa, que, segundo notificação da ANS, não pode seguir no cargo por já ter administrado órgão “que tenha estado em falência, insolvência civil, ou liquidação não voluntária”. Atualmente, já existe um plano de adequação financeira em curso, para evitar sanções mais graves, como o bloqueio de bens dos dirigentes e o fim do direito de utilizar a marca Unimed.
Chapas lançam propostas
Para solucionar os problemas na gestão financeira e administrativa, o representante da oposição, Paulo Cartágenes, aposta na redução de custos em três pilares principais: Material de Alto Custo (MAC); Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME) e Terapias. Além disso, também aponta para a ampliação da rede de prestadores - o que, segundo ele, deve reduzir o número de procedimentos judicializados, oferecendo mais opções de clínicas e aumentando o número de pacientes por clínicas, agilizando consequentemente o acesso à rede credenciada.
“Vamos precisar ampliar a nossa rede, e na hora que fizermos isso vamos conseguir que o nosso cliente seja melhor atendido e que a cooperativa seja capaz de remunerar através da sua tabela. Então, nesse contexto, nós vamos minimizar os gastos com procedimentos judicializados e ampliar a cobertura da rede credenciada”, detalha Paulo Cartágenes.
Do outro lado, a líder da chapa alinhada à atual administração, Luciana Valente, reconhece os desafios enfrentados pela gestão atual e afirma que pretende “melhorar a eficiência operacional, a fim de equilibrar a balança financeira”. Segundo ela, o objetivo é levar um “atendimento de qualidade aos beneficiários, remunerando bem os médicos cooperados e mantendo a sustentabilidade” da cooperativa.
“Reconhecemos que os desafios administrativos e financeiros da Unimed Belém são significativos. No entanto, a Unimed Pro está preparada para enfrentá-los com um projeto estruturado e soluções claras. Sabemos o que deve ser feito e, principalmente, como fazê-lo. Nossa proposta visa implementar uma gestão profissional, transparente e eficiente, garantindo a sustentabilidade e o crescimento da cooperativa”, afirma Luciana Valente.
Terceira Chapa
Além das duas anteriores, uma terceira chapa chegou a se cadastrar no pleito. O grupo Unimed Para Todos foi retirado da disputa após decisão judicial derrubar a liminar que permitia a sua participação. Após a decisão, a chapa declarou seu apoio à oposição, liderada pela Chapa Unimed Mais.
A chapa havia conseguido submeter a inscrição após mudança no regimento do processo eleitoral, que alterava a obrigação de experiência em gestão em entidades com receita superior a R$ 12 milhões.
Com a liminar conquistada, a chapa seguiu na disputa, até que decisão judicial mudou tudo, retirando-os da disputa. O apoio à oposição se dá por alinhamento com o ideal de não continuidade na gestão, e com pautas abraçadas pela chapa, citam os líderes da Unimed Para Todos.