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Simone Tebet coloca combate à miséria como prioridade

Senadora afirma estar confiante em ser escolhida como o nome da terceira via nas eleições de outubro para pôr o seu projeto em prática

Hamilton Braga

Pré-candidata à Presidência da República pelo MDB, a senadora pelo Mato Grosso do Sul Simone Tebet passou por Belém neste fim de semana e concedeu entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, por videoconferência, aos jornalistas Daniel Nardin e Rita Soares. Na capital paraense, Simone Tebet reforçou seu nome como pré-candidata pelo Centro Democrático, uma união de partidos que, até maio, segundo ela, vai escolher o candidato para enfrentar a polarização representada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelo e ex-presidente Lula (PT).

Simone Nassar Tebet tem 52 anos, é formada em direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tem especialização em ciência do direito pela Escola Superior de Magistratura e mestrado em direito de Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Elegeu-se deputada estadual em 2003, foi prefeita em 2005, vice-governadora em 2011 e se elegeu senadora em 2015.

A senadora, pensando em um eventual governo à frente da Presidência, afirma que já tem diagnóstico do que dá errado no Brasil: “a fome, a miséria, a desigualdade social sem precedentes; essa catástrofe social que une o desemprego, a diminuição da renda da população brasileira com a inflação, fruto do desgoverno do atual presidente da República”. A senadora afirma que agora busca o que dá certo, revisitando o País pós-pandemia, para “mostrar que há um Brasil do interior, um Brasil muito mais vivo do que o momento que se vive agora”.

A senadora destaca que irá fazer visitas a várias cidades para “apresentar soluções para que, a partir de 2023, possamos respirar aliviados e apresentar um projeto qualidade de vida para as pessoas”.

Senadora quer acabar com polarização

Para a senadora, que se põe como um nome para representar a chamada terceira via, do centro, em oposição ao presidente Jair Bolsonaro e ao ex-presidente Lula, uma das tarefas, segundo ela, será enfrentar a polarização. Tebet afirma que “o tempo da política é muito diferente do tempo da ânsia da população, principalmente em um ano como este de tantas crises, saindo de uma pandemia, vivenciando uma guerra”.

A parlamentar afirma que, neste momento, quando as pessoas estão preocupadas com prato de comida e em arranjar emprego, e classe média “com medo de ter a sua renda mais diminuída e não ter condições de dar um mínimo de conforto para a família, é natural que a gente continue nessa polarização odiosa que não leva a lugar nenhum; uma polarização de esquerda e direita, enquanto a população brasileira não é uma coisa nem outra. A população brasileira quer paz, um ambiente social estável”, define.

Para ela, a realidade demonstrada nas pesquisas, com Lula e Bolsonaro liderando, vem de uma “retroalimentação de um lado e de outro; eles precisam se alimentar disso para chegar ao segundo turno”, pois, segundo Tebet, Bolsonaro só tem alguma chance de ser eleger se disputar com Lula o segundo turno, e o mesmo ocorreria com Lula, que precisaria disputar com Bolsonaro para se eleger num eventual segundo turno.

Para Simone Tebet, ainda está cedo para perceber o que vai acontecer em outubro, e a polarização neste momento é natural, mas “a terceira via vai apresentar no momento certo uma unidade, um único nome para concorrer nas eleições”.

Sobre a possibilidade de o nome escolhido ser o dela, ela aposta que está nessa disputa no momento certo. “Estou muito convicta de que, por ser a única mulher pré-candidata à Presidência da República, vou acabar sendo escolhida pelo Centro Democrático”, afirma. Segundo ela, o cenário tem mudado e as mulheres estão cada vez mais apoiando e votando em outras mulheres. E que, entre dez eleitores dela, nove são mulheres, mas que quer também o voto dos homens. Sobre ser convidada para compor chapa como vice, Tebet é simples e direta. Afirma que pode apoiar uma candidatura, mas não irá concorrer para o cargo de vice. “Não vou ser vice de ninguém”.

E ela esclarece que uma suposta divisão do MDB não vai atrapalhar no apoio a uma candidatura à Presidência. Para ela, o partido é grande, tem debate de ideias, mas decidiu pela candidatura própria. “Nas convenções, teremos a unidade do partido. É preciso respeitar governadores que têm na sua base de sustentação partidos aliados como Partido dos Trabalhadores”, pondera.

Simone Tebet afirma que o Centro Democrático vai ter que escolher entre três candidaturas, entre a dela, pelo MDB, e outras duas, pelo União Brasil e pelo PSDB. E, a partir desses três partidos, chegar ao final de maio com a candidatura única na busca de novos aliados.

Sobre o que faria em um eventual governo como presidente, Simone Tebet afirma que já tem o ponto de partida e o ponto de chegada, mas precisa “construir o caminho por meio de um programa de governo, com um Estado seguro e eficiente, que resolva os problemas do Brasil”. Segundo a senadora, o ponto de partida é acabar com a miséria e a polarização. Para ela, a pobreza continuará existindo, mas é possível alimentar toda a população. “O Brasil nunca esteve tão miserável e doente. Estamos doentes do corpo e da alma”, define. “Não reconheço (hoje) o Brasil onde nasci; o Brasil não é esse, do ódio, da discórdia. Sabemos que já existia, sabemos do racismo estrutural e odioso. Mas, hoje, você vê níveis intoleráveis de violência, de preconceito, de misoginia, de racismo, frutos, exatamente, dessa polarização”.

Para conseguir acabar com a miséria, Tebet afirma que vai governar buscando estabilidade para o País, segurança política, institucional, “honrando os contratos, trabalhando dentro das quatro linhas da Constituição, garantindo com isso tranquilidade no ambiente de negócios”, seja para atrair investimentos externos, seja para que os empresários locais peguem o dinheiro guardado e invistam. “É possível erradicar a miséria, pois o Brasil da dimensão que tem, Estados como Pará, que é grandioso em todos os sentidos”, não pode tolerar, segundo ela, a miséria.

A parlamentar também afirma que o caminho para conseguir chegar aos objetivos de um Brasil mais igual é pela educação. “Vamos acabar com esse discurso cômodo para o político de modo geral de que não quer educar seu povo porque um povo educado vota direito”. Para ela, um outro discurso que precisa ser superado é o de que, pela educação, seriam necessários 20 anos para haver transformação. “Sou professora, e isso não é verdade: com apenas oito anos, que é o tempo da criança no ensino fundamental, com um bom ensino público, professor valorizado e grade curricular atualizada, entrando na era da tecnologia, os jovens não vão querer sair da escola”.

O que Simone Tebet pensa dos programas sociais

Desde que os programas sociais foram criados, nos anos 90, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), os candidatos a presidente se posicionam sobre o papel dessas ferramentas de distribuição de renda. Simone Tebet afirma que em “um país miserável” como o Brasil, não se pode abrir mão deles. Mas que precisam de ajustes. De um lado, diz, tem que estar a geração de emprego, “do outro, é preciso garantir o pão nosso de cada dia a todos a todos os brasileiros”. Tebet afirma, porém, que o Bolsa Família, que virou Auxílio Brasil, precisa ser “mais bem organizado”, atuando com os municípios por meio dos assistentes sociais, “para entrar dentro das casas das pessoas, ver se está havendo algum tipo de violência”.

Simone Tebet vem à Amazônia exatamente quando o Congresso discute a exploração mineral em terras indígenas (leia mais sobre o tema nas páginas 12 e 13). A senadora diz que vai votar contra a matéria “com muita tranquilidade”, porque, segundo ela, uma lei dessa iria “fazer um mal não só para a Amazônia Legal, mas para o Brasil”. Ela explica que sim, precisamos de potássio para produzir fertilizantes, mas há muitas áreas, mesmo na Amazônia, que não são reservas e que podem ser exploradas. “Eu conheço bem o agronegócio, porque sou do interior do interior do Brasil. Precisamos, sim, do fertilizante, mas a maior parte do potássio no Brasil não está nas reservas indígenas; isso é desculpa para a mineração ilegal entrar nas aldeias indígenas”, opina. Para ela, ações como essas prejudicam a imagem do Brasil e do próprio agronegócio.

Ela também disse ser contra a liberação dos jogos de azar, que, em sua avaliação, vão trazer pouco retorno financeiro e servirão para “lavagem de dinheiro”.

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