Senador Humberto Costa substituirá Gleisi como interino na presidência do PT
Definição de Humberto como interino no lugar de Gleisi terá de ser homologada em até 60 dias pelo Diretório Nacional da legenda
O senador Humberto Costa (PT-PE), ex-ministro da Saúde, será presidente interino do PT. A indicação de Humberto para assumir um mandato-tampão e ocupar a cadeira de Gleisi Hoffmann no comando do PT foi tomada na noite da quinta-feira, 6, em uma tensa reunião da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), grupo político do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
A Executiva Nacional do partido vai se reunir nesta sexta-feira, 7, para discutir a sucessão de Gleisi, mas, como a CNB tem maioria na cúpula, com o apoio de outras tendências, como Movimento PT, o nome de Humberto será referendado.
Uma ala da sigla também quer lançar o senador para disputar a presidência do PT com o ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva, em julho. Se não houver acordo até lá, o racha na CNB será escancarado.
Escolhida por Lula para ser ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, que cuida da articulação política do governo com o Congresso, Gleisi tomará posse na segunda-feira, 10. Com isso, precisou renunciar à presidência do PT, a quatro meses do término de seu mandato.
A definição de Humberto como interino no lugar de Gleisi terá de ser homologada em até 60 dias pelo Diretório Nacional da legenda.
O PT promoverá eleições diretas, com voto dos filiados, para renovar sua direção no dia 6 de julho. Até lá, Humberto vai dirigir o partido.
O candidato favorito de Lula para comandar o PT, depois desse período, é Edinho, mas ele tem sofrido resistências internas por pregar um partido mais moderado e o fim da polarização com o bolsonarismo.
Além disso, há uma disputa pela tesouraria do PT. Edinho não quer manter Gleide Andrade, atual secretária de Finanças, que é aliada de Gleisi Hoffmann.
Para Gleide e outros dirigentes conseguirem continuar na direção, o PT mudou até o seu estatuto, no último dia 17. Antes eram permitidos somente três mandatos consecutivos para dirigentes e parlamentares petistas, mas a regra ficou mais elástica.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE), também teve o nome cotado para ocupar a presidência interina do PT, mas a CNB preferiu Humberto. Apesar da pressão feita pelo Centrão para também entrar na articulação política do governo, Guimarães deve continuar na liderança.
Como mostrou o Estadão, o deputado está aborrecido com Gleisi, pois avalia que foi escanteado.
Guimarães era o nome mais citado para ser ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), enquanto Gleisi, inicialmente, havia recebido convite de Lula para comandar a Secretaria-Geral da Presidência, que hoje está com Márcio Macedo.
Na avaliação de Guimarães, Gleisi atuou para tirá-lo do jogo porque preferia ficar na interlocução do Planalto com o Congresso
O cargo era ocupado por Alexandre Padilha, que foi remanejado para o Ministério da Saúde e também tomará posse na segunda-feira, 10, substituindo Nísia Trindade.