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Representantes paraenses fazem balanço da participação do Estado na COP 28

Setores público e privado debateram sobre estratégias de desenvolvimento sustentável

Emilly Melo

A participação do estado do Pará na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 28), que acontece em Dubai, até esta terça-feira (12), se destaca pela discussão sobre a criação de uma cadeia de desenvolvimento sustentável e adoção de um sistema de produção com foco na redução de emissão de poluentes. Representantes dos setores público e privado ressaltaram o papel do Estado neste processo de transição.

Na conferência, o governador do Pará, Helder Barbalho, pontuou o lançamento do plano de rastreabilidade da cadeia da pecuária, do Plano de Recuperação de Vegetação Nativa (PRVN) e do acordo de financiamento de R$ 300 milhões, com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para o projeto Descarboniza Pará, além dos resultados do Plano Estadual de Bioeconomia

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Barbalho reforçou o alinhamento das ações do estado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da ONU. “Toda esta estratégia de desenvolvimento sustentável do Estado está diretamente integrada aos ODSs", disse, listando a integração a sete deles: erradicação da pobreza; fome zero e agricultura sustentável; trabalho decente e crescimento econômico; redução de desigualdades; consumo e produção responsáveis; ação contra a mudança do clima e parcerias e meios de implementação. 

Durante a participação no evento, Caetano Scannavino, empreendedor social, avaliou que é preciso efetivar as propostas apresentadas em Dubai, para que o discurso de sustentabilidade seja exequível. “O discurso é muito bonito, mas na prática, esse Estado não é o que a gente conhece. As taxas de desmatamento continuam altas, a questão dos garimpos permanece intensa, e os desafios são gigantescos, principalmente, em termos de resultados para daqui a dois anos, quando a COP será realizada em Belém. Já não podemos ficar na redução de danos, temos que avançar e implementar medidas robustas para alcançar esses resultados que estão sendo prometidos”, declarou Scannavino. 

pautas ambientais poderão colocar o Brasil em evidência nos próximos anos

O empreendedor social acredita que as pautas ambientais poderão colocar o Brasil em evidência nos próximos anos,  atribuindo ao país um papel protagonista na centralização das discussões sobre mudanças climáticas. “O Brasil tem uma janela de oportunidade para ser protagonista, se assim desejar, nesses dois anos que podem decidir o século, temos uma oportunidade para pautar ao invés de ser pautado.  A gente vai ter que chegar em Belém com metas muito mais ambiciosas do que até então, se quisermos  trabalhar na redução da temperatura”, frisou Caetano.

Além das mudanças climáticas, a conferência também é um espaço de luta pela visibilidade da causa indígena, avalia Kari Guajajara, assessora jurídica da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia (COIAB). Entretanto, a conquista desse espaço ainda acontece de forma gradual. 

“A delegação indígena brasileira, mais uma vez, sentiu a dificuldade que é conseguir esse protagonismo que as pessoas não indígenas falam, que nós lutamos por eles, mas ainda não conseguimos concretizá-los.”

Para ela, os povos indígenas estão diretamente relacionados à agenda climática, sobretudo por trabalharem na defesa da biodiversidade e na mitigação das mudanças climáticas. Sobre a realização da conferência em Belém, Kari Guajajara reafirma será um processo de luta para alcançar os espaços merecidos. 

"Insistir um pouco mais na COP 29, para quando chegar na COP de Belém conseguir espaços oficiais mínimos para que a sociedade civil possa dialogar em uma situação de igualdade com os representantes dos Estados. Não há como apartar essa discussão, de forma que os Estados, de forma isolada, não conseguirão alcançar as suas metas e cumprir com as suas promessas sem envolver quem efetivamente faz esse trabalho”. 

Setor produtivo participa de eventos para ampliar conhecimento

O diretor-superintendente do Sebrae no Pará, Rubens Magno, contou que representantes do setor produtivo paraense participaram de várias reuniões e palestras para ampliar o conhecimento sobre os pequenos negócios. “Voltamos com muitas experiências positivas na bagagem, que serão fundamentais para apoiar os pequenos negócios de nosso Estado rumo à COP 30”, disse Magno.

“A maior expectativa é pela tomada de decisões e pelo fechamento de acordos e compromissos em prol de um desenvolvimento com sustentabilidade, que favoreça a qualidade de vida, especificamente no Pará, para que possamos contribuir para amenizar os efeitos das  mudanças climáticas e evitar seu avanço. E, não podíamos deixar de falar das expectativas para os pequenos negócios, que têm papel importante nesse cenário. Que eles possam entender esse papel e aproveitar as oportunidades que serão geradas”, ponderou o representante paraense do Sebrae.

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Alex Dias Carvalho, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), considera que as discussões feitas no evento são importantes para balizar as decisões, iniciativas e direcionamentos que o mundo deve tomar para garantir o futuro do planeta. 

“Acredito que a indústria da Amazônia seja parte da solução nesse esforço contra as mudanças climáticas. Agora, para potencializar essa neoindustrialização, essa transição para um novo modelo econômico mais tecnológico, inovador e de baixa emissão, nós precisaremos de todo investimento possível para reduzir os atuais gargalos, melhorar os processos produtivos e trazer ganho de competitividade e geração de empregos para a nossa gente. Por isso, um evento como a COP 28 é estratégico na busca por recursos, sejam econômicos ou de inovação”, reforçou o presidente da Fiepa.

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