Reforma ministerial no início do ano perde força; aliados esperam até junho
Aliados avaliam que trocas no alto escalão do governo de Lula podem não ocorrer tão rapidamente.
As probabilidades de uma reformulação ministerial liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no início de 2024 agora são baixas, segundo avaliações de integrantes do governo, do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Congresso Nacional. Enquanto há uma ala no Palácio do Planalto que ainda espera mudanças no alto escalão já em janeiro, ministros próximos ao presidente e aliados recentemente discutiram o assunto e saíram com a impressão de que essas trocas podem não ocorrer tão rapidamente.
A saída de Flávio Dino do Ministério da Justiça para o STF (Supremo Tribunal Federal) é uma das movimentações previstas para o início de 2024, mas isso seria uma mudança isolada, não necessariamente parte de uma reforma ministerial mais abrangente. A indicação é de que uma grande reconfiguração nos Ministérios só seria confirmada depois de março, já que o presidente ainda não tomou uma decisão definitiva, levando a interpretações conflitantes mesmo entre os ministros do Palácio do Planalto.
Saída de Flávio Dino seria uma mudança isolada. (Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)
Os dirigentes petistas também não veem espaço para mudanças significativas na Esplanada por ora, já que o partido ocupa a maioria dos ministérios no governo Lula. Espera-se alterações no próximo ano, pois o presidente continua questionando o desempenho de correligionários em algumas pastas. Ministros e aliados defendem que uma reforma abrangente deve ser realizada apenas em um momento de real necessidade para reorganizar a base política e conseguir aprovar medidas no Congresso.
Apesar dos desafios enfrentados, o governo Lula encerrou 2023 com um saldo positivo em votações tanto na Câmara quanto no Senado, avançando na agenda econômica do ministro Fernando Haddad (Fazenda) e se aproximando de partidos do centrão. Contudo, há projeções de que a meta de zerar o déficit das contas públicas no próximo ano exigirá do presidente o congelamento de despesas no final de março ou a revisão da meta, dependendo da aprovação do Congresso.
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O histórico do presidente em fazer avaliações políticas após um ano de trabalho, como ocorreu em 2004, alimenta a ideia de uma possível reforma ministerial no início de 2024, porém, próximos a Lula argumentam que o contexto político atual é diferente, especialmente com um Congresso mais independente. Apesar das discordâncias sobre o momento da próxima reforma, aliados do governo continuam criticando a atuação de ministros petistas, enquanto algumas figuras centrais do governo, como Rui Costa (Casa Civil), enfrentam críticas internas.
Conforme informações apuradas pela Folha de São Paulo, realizar mudanças nas figuras centrais do governo de Lula seria difícil, mas a possibilidade é considerada, e nomes como Gleisi Hoffmann e Jean Paul Prates são mencionados. José Múcio (Defesa) é sugerido por fontes próximas a Lula como possível saída no próximo ano, embora ele tenha afirmado não ter essa intenção.