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PSD pressiona por ministério mais robusto e ameaça base de apoio ao governo Lula

Partido de centro cobra maior protagonismo político e ameaça fragilizar base governista no Congresso.

Jéssica Nascimento

A bancada do PSD na Câmara dos Deputados ameaça romper com o governo Lula (PT) caso sua demanda por um ministério mais estratégico para suas bases eleitorais não seja atendida. Atualmente, o partido controla os Ministérios de Minas e Energia, Agricultura e Pesca, mas considera a estrutura da Pesca e Aquicultura insuficiente para atender suas necessidades eleitorais. (Com informações do Uol)

Críticas e pressões por mudanças

O Ministério da Pesca, comandado por André de Paula (PSD-PE), é visto pelos parlamentares como ineficaz para a reeleição em 2026, devido ao orçamento reduzido (R$ 356 milhões previstos para 2024) e baixa influência nos estados e municípios. Deputados do PSD sugerem a troca por uma pasta mais estruturada e com maior alcance nas bases eleitorais, a exemplo das pastas comandadas por outros partidos do centrão, como o União Brasil e o MDB.

O União Brasil, por exemplo, detém a poderosa Codevasf, vinculada ao Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, com forte capacidade de entrega de obras e equipamentos. Já o MDB administra os Ministérios das Cidades e Transportes, ambos com orçamentos robustos e diálogo direto com prefeitos e governadores, fundamentais para a articulação política nos estados.

Além disso, a relação do PSD com o governo foi abalada pela rejeição do PT à candidatura de Antonio Brito (PSD-BA) à presidência da Câmara. O apoio petista foi direcionado a Hugo Motta (Republicanos-PB), o que aumentou o descontentamento da bancada. “O partido considera que houve uma traição do PT ao líder Brito”, afirmou Reinhold Stephanes (PSD-PR). Ele também destacou que há críticas ao desempenho do governo em questões econômicas e ideológicas.

Impacto nas votações e ameaça à governabilidade

A insatisfação do PSD já começa a se refletir nas votações da Câmara. Durante a análise de requerimentos de urgência para o pacote de ajuste fiscal, parte significativa da bancada votou contra as propostas, colocando em risco a aprovação das medidas. Dos 44 deputados do partido, entre 20 e 27 votaram contra os requerimentos.

O líder Antonio Brito, que também comanda o segundo maior bloco da Casa (composto por PSD, MDB, Republicanos e Podemos), atrasou a assinatura do requerimento de urgência, evidenciando o descontentamento da legenda.

Parlamentares afirmam que os votos contrários podem aumentar na análise dos projetos, incluindo a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que integra o pacote fiscal, para a qual o governo precisa de 308 votos. “Se o PSD desembarcar do governo, acabou o governo”, alertou Stephanes.

Parte da bancada já considera migrar para a oposição, e legendas como PL e Novo têm sinalizado abertura para acolher parlamentares insatisfeitos. Essa movimentação pode complicar ainda mais a relação do governo com o Congresso, ameaçando a base de apoio necessária para aprovar suas propostas.

 

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