Prefeito de Barcarena, Renato Ogawa destaca o desenvolvimento sustentável do município
Em entrevista ao Grupo Liberal, Ogawa declarou que Barcarena se consolida como um dos principais corredores logísticos do Estado e do país
Com uma trajetória política intensa em Barcarena, Renato Ogawa exerce, atualmente, o cargo de prefeito no município. Além do cargo de chefe do Executivo municipal, Renato Ogawa já foi deputado estadual do Pará, vereador, presidente da Câmara Municipal e vice-prefeito de Barcarena. Paralelo às funções públicas, Ogawa também é presidente estadual do Partido Progressistas (PP). Em entrevista ao Grupo Liberal, o barcarenense destacou o potencial econômico da cidade e os desafios em estabelecer políticas municipais que prezem pelo desenvolvimento sustentável da população.
Ogawa destacou também a inserção do município na Região Metropolitana de Belém (RMB). O município já foi atualizado no Recortes Metropolitanos e Aglomerações Urbanas, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em agosto de 2024. A inclusão foi aprovada pela Alepa e sancionada pelo governador Helder Barbalho em abril de 2023. Confira a entrevista exclusiva:
Como o senhor avalia os principais avanços e também os maiores desafios enfrentados, desde o início da sua gestão até aqui, em Barcarena?
É importante dizer que os desafios são do tamanho da importância de Barcarena para o estado do Pará e também para o Brasil. Não tem como ignorar hoje a relevância de Barcarena na questão comercial do país. Especificamente aqui no Pará, a cada dia a gente se consolida mais em nossa importância logística, portuária.
"E eu tenho dito que, necessariamente, o desenvolvimento do Pará vai passar por Barcarena — por conta dessa questão logística, da nossa estrutura portuária."
Se você olhar para frente e ver as perspectivas de investimentos que envolvem a economia do Pará, todas elas acabam sendo direcionadas para Barcarena. Eu uso como exemplo: quando se fala em ferrovia, existe a possibilidade de o Pará ter duas ferrovias chegando ao nosso estado, integrando a região Norte à região Sul do país — e o destino delas é sempre Barcarena.
Quando se fala em hidrovias: é necessário fazer a derrocada do Pedral do Lourenço. Para quê? Para viabilizar a navegação até o porto de Vila do Conde. Então, eu digo que, necessariamente, o desenvolvimento do Pará passa por Barcarena. Isso faz com que o nosso município tenha essa importância — e também grandes desafios — para que a gente consiga organizar e preparar a cidade para esse crescimento, para o desenvolvimento e para os empreendimentos que estão vindo para cá.
"Hoje se anuncia que o Brasil terá uma safra recorde de grãos. E qual é o corredor logístico que oferece as melhores vantagens para escoar essa produção? É o corredor via porto de Vila do Conde, o que nos torna competitivos e exige que o município esteja preparado para a chegada de barcaças, de caminhões, para o escoamento dessa produção brasileira."
Isso tudo faz com que Barcarena tenha uma relevância muito grande, tanto para o Estado quanto para o país. E exige de todos nós muita responsabilidade para organizar o município, abraçar esses empreendimentos e garantir que tudo aconteça da melhor forma possível. Que a gente possa conviver de forma equilibrada entre os interesses econômicos e os interesses sociais da população.
Como equilibrar esse papel estratégico com as demandas sociais e de infraestrutura urbana, que ainda persistem em muitas comunidades?
É um desafio diário. Essa nossa condição de crescimento e de geração de empregos faz com que Barcarena seja muito procurada — tanto por novas empresas quanto por pessoas que buscam dias melhores, que estão à procura de emprego. Isso gera uma demanda crescente por educação, saúde e habitação.
Então, é necessário que o poder público municipal esteja sempre atento a esses movimentos. A cada novo empreendimento anunciado, a gente já sabe que haverá um aumento na demanda por serviços básicos. Isso exige que o município esteja focado e trabalhe de forma preventiva. Não podemos esperar o problema acontecer para depois buscar a solução.
E nós já temos esse histórico no município. Isso já foi uma realidade: demoramos para entender que Barcarena cresce todos os dias, com novas pessoas chegando. E temos que estar antenados e preparados para dar as respostas sociais que a população precisa.
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Desde 2014, o município de Barcarena é totalmente alinhado com a ONU e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Todo o nosso orçamento e nosso Plano Plurianual são pautados por esses objetivos.
Isso faz com que, a cada novo empreendimento que chega, a gente já apresente o perfil do município e os nossos valores em relação à sustentabilidade. A gente tenta envolver todos, porque proteger o meio ambiente e proteger as pessoas não é só responsabilidade do poder público. Quem vem investir em Barcarena também precisa oferecer um crescimento sustentável à cidade e à população.
Recentemente, Barcarena passou a integrar oficialmente a Região Metropolitana de Belém. Na prática, o que essa mudança representa para o município e para os moradores?
"Explicando em uma linguagem bem acessível: quando a gente sai de uma região do interior do Pará e passa a ser área metropolitana, a gente muda de patamar. Até mesmo as políticas públicas são diferentes — elas são mais alinhadas com o Governo Federal e com o Governo do Estado."
Os investimentos também mudam, principalmente nas áreas de saneamento e habitação. O município passa a ter um valor diferenciado por estar inserido na Região Metropolitana.
"E pouca gente percebe que Barcarena é vizinha de Belém. Nós estamos mais próximos de Belém do que Marituba, por exemplo. Se você considerar o rio como nossa rua, é só atravessar o Ver-o-Peso, ali na Baía do Guajará, e você já está em Barcarena."
A Ilha das Onças, Ilha Arapiranga, Ilha Arapari — todas fazem parte do nosso município. Estamos do outro lado da cidade, separados apenas por um rio.
Então, integrar a Região Metropolitana é reconhecer a geografia do nosso estado e a importância de Barcarena. A gente consegue ser importante tanto para a Metropolitana quanto para o Baixo Tocantins.
Barcarena tem um potencial turístico gigantesco. Existe algum plano municipal de fomento ao turismo?
A gente enxerga basicamente dois tipos de turismo: o turismo de lazer, de veraneio — aquele em que as pessoas procuram praias de água doce, tranquilidade —, e o turismo de negócios.
Temos as nossas ilhas, como a Trambioca, que é a principal. O Caripi é mais badalado e já tem infraestrutura. Mas também apostamos muito no turismo de oportunidades, já que o município tem uma vocação muito forte para logística — aqui está o maior porto do Norte.
O turismo de negócios nos interessa muito. E o mundo já percebe isso: recebemos mensalmente visitantes da China, da Europa, grandes empreendedores e investidores interessados em se estabelecer em Barcarena.
A ocupação hoteleira aqui é altíssima, e olha a diferença: ela é maior durante a semana do que nos finais de semana, justamente por causa do turismo de negócios. O que acontece aqui na economia interessa ao mundo — e isso atrai pessoas de fora para Barcarena.
Falando sobre a COP 30 [30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas], que acontecerá em Belém no fim do ano e colocará os olhos do mundo sobre a região, como Barcarena pretende se inserir nesse contexto?
Naturalmente, pelo nosso compromisso com a sustentabilidade e pelos pactos que temos com organismos internacionais relacionados ao clima, Barcarena já está inserida na COP.
A COP, na minha visão, é composta por vários eventos dentro de um mesmo evento. E nós temos aqui em Barcarena experiências fantásticas em sustentabilidade, que certamente serão palco de visitas. Já fomos procurados por diversas empresas que querem se associar ao que acontece aqui.
Dou como exemplo o fato de Barcarena ser o primeiro município do Pará a ter uma usina de energia fotovoltaica que atende 89 escolas. Você vai a uma escola na Ilha das Onças, por exemplo, e encontra tudo em alvenaria, climatizada, com energia solar, internet e água potável — o que é surpreendente, considerando que estamos na beira do rio e, historicamente, não havia água potável.
Hoje conseguimos oferecer isso para os nossos alunos e para a comunidade do entorno, com poços profundos que fornecem água de qualidade. Temos diversos casos de sucesso em sustentabilidade, que certamente atrairão visitas de pessoas interessadas em entender como vivem as pessoas na Amazônia.
Como Barcarena se posiciona no contexto das mudanças climáticas, considerando economia, geografia e sustentabilidade?
Hoje Barcarena é associada à ONU e a diversos órgãos internacionais que discutem a questão climática. Temos um papel importante nesse cenário. Somos um hub de resiliência — um município usado por esses organismos como exemplo, um motivador que pode influenciar positivamente os outros municípios do Pará.
Nosso maior desafio hoje é inserir a sociedade nesse debate. Já tentamos envolver lideranças municipais e estaduais, mas é fundamental que cada cidadão entenda seu papel no enfrentamento das mudanças climáticas. Para que possamos ter um ambiente mais sustentável, todos precisam participar.
É assim que Barcarena se enxerga, e é dessa forma que pretendemos atuar: como município exemplo, motivador e mobilizador de lideranças.