Perícia da PF aponta que réu do 8 de janeiro nunca esteve no QG do Exército e contradiz Moraes
Ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos sobre os ataques em Brasília, propôs condenação de 17 anos de prisão. Após petição de defesa, julgamento será reiniciado do zero
Após propor a condenação a 17 anos de prisão de Eduardo Zeferino Englert – um dos réus pelos atos de 8 de janeiro em Brasília - o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator dos processos sobre o ataque, pediu no domingo (5) destaque na ação. Esse mecanismo faz com que o julgamento tenha os seus votos já computados zerados e seja retomado no plenário físico da corte. Com isso, Moraes pode registrar um novo voto, assim como o ministro André Mendonça, que também já havia se manifestado.
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A defesa de Englert entrou com uma petição apontando erros no julgamento. Uma perícia realizada pela Polícia Federal no celular de Englert aponta que ele não esteve no acampamento montado em frente ao quartel-general (QG) do Exército, em Brasília, antes dos ataques, contrariando argumentos apresentados pelo ministro Alexandre de Moraes em seu voto.
Moraes afirmou que Eduardo Englert chegou à capital no dia 7 de janeiro e ficou no acampamento bolsonarista até o dia seguinte. Porém, análise assinada no dia 24 de agosto pelo perito criminal federal Leandro Bezerra Di Barcelos contradizem essa versão.
De acordo com o relatório, Eduardo saiu de Santa Maria (RS) no dia 6 de janeiro e às 22h23 do dia 7 ainda estava no município de Ourinhos (SP). Às 13h54 do dia 8, ele passou por Santo Antônio do Descoberto (GO) e depois chegou à capital federal, às 14h15 daquele dia.
A análise confirma que o réu esteve no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional, no Supremo Tribunal Federal, ou no seu entorno no dia 8 de janeiro. Ele foi preso em flagrante dentro do Palácio do Planalto no dia dos ataques.
Porém, no julgamento virtual iniciado no dia 27, Moraes citou a existência de "prova contundente no sentido de que Eduardo Zeferino Englert chegou em Brasília no dia 7 de janeiro para a prática de crimes descritos na denúncia e ficou no QGEX [quartel-general do Exército, em Brasília] entre os dias 7 e 8 de janeiro".
Na petição enviada ao STF, o advogado Marcos Vinicius Rodrigues de Azevedo apresentou o laudo confirmando as alegações do réu em audiência, de que ele nunca esteve na concentração.