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Pará vende quase R$ 1 bilhão de créditos de carbono, anuncia governador Helder Barbalho em Nova York

Parte dos recursos serão destinados a povos tradicionais da Amazônia, afirmou Helder Barbalho

Valéria Nascimento

O governador do Pará, Helder Barbalho, anunciou, nesta terça-feira (24/9), que o estado vendeu quase um bilhão de reais de créditos de carbono. O anúncio foi feito em Nova York, nos Estados Unidos, onde ele participa de eventos paralelos à 79ª Assembleia Geral da ONU, cuja sessão começou nesta terça-feira.

 O crédito de carbono é gerado por meio de projetos e iniciativas que buscam diminuir as emissões de gases de efeito estufa. Em outras palavras, o crédito de carbono é uma forma dos setores público e privado compensarem parte das emissões de gás carbônico, o CO2, um dos causadores do aquecimento global.

Helder Barbalho destacou que "é a oportunidade de fazer com que a preservação da floresta e a redução do desmatamento possam gerar riquezas que valorizem as populações que cuidam da Amazônia, e com isso nós possamos gerar uma nova economia sustentável para o estado do Pará”, disse ele.

"E, apresentar o Pará como um grande líder no mercado de carbono para que possamos fazer desta riqueza a grande oportunidade de transformação social do Estado. O Pará segue para liderar como exemplo e pela capacidade de mobilização e ações que fazemos, cumprindo com a nossa obrigação legal de combater a ilegalidade e fazendo disto uma oportunidade de geração de emprego e renda, para a população do Pará”, afirmou o governador em Nova York.

De acordo com Helder, os governos dos Estados Unidos, Noruega e Reino Unido, e também empresas como Amazon, Bayer e a Fundação Walmart são alguns dos compradores.

Árvores absorvem gás carbônico, entenda como se forma o crédito de carbono

Em uma explicação simples, pode-se entender que se cinco árvores forem preservadas cerca de uma tonelada de CO2, ou seja, de gás carbônico, deixa de ir para atmosfera. Essa quantidade é certificada a partir de uma metodologia internacional e é considerada o crédito de carbono.

A notícia da liderança do Pará na venda de créditos de carbono foi destaque em reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, nesta terça-feira. A reportagem ouviu o experiente José Otávio Passos, da The Nature Conservancy (TNC), e ele explicou como é feito o cálculo para o crédito do carbono.

"Você mede a altura do peito e com isso você estima, pela grossura da árvore e do diâmetro que ela tem, quanto carbono tem dentro dela. E aí, como você sabe quanto cada uma tem dentro dela? Se estimar isso, você consegue estimar quanto tem dentro de uma área onde aquela árvore está de acordo com as características daquela área”, disse José Otávio.

O governador Helder Barbalho afirmou que o Pará fechou um contrato para a venda de 12 milhões de toneladas de crédito de carbono, cada uma vendida a US$ 15 - mais de duas vezes o valor de mercado.

Parte dos recursos serão destinados a povos tradicionais da Amazônia, afirmou Helder Barbalho

Em um ano, o estado registrou uma redução de 42% nos alertas de desmatamento, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Helder Barbalho destacou, também, que parte da arrecadação vai ser destinada a povos indígenas, quilombolas, extrativistas e investimento na agricultura familiar, e que o Pará pretende zerar as emissões.

"O Pará tem uma meta ousada de ser um estado carbono neutro até 2036. Por isso, investe em mercado de carbono para preservar o seu estoque florestal e investe na criação de novas economias baseadas na natureza, para que nós possamos garantir com que as pessoas tenham emprego e renda, tenham condição social que estejam atreladas a soluções, que não pressionem a floresta e, com isso, nós possamos garantir com que o estado possa neutralizar as suas emissões, evitando o desmatamento”, disse o governador do Pará, Helder Barbalho.

O JN também ouviu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad . Ele informou que o contrato fechado em Nova York pode aumentar o interesse estrangeiro no Brasil. "Eu penso que tudo começa pelo aporte dos recursos públicos, se a Alemanha, França, Inglaterra, Brasil, a Califórnia, que como estado tem interesse nesse tipo de projeto, e outros países, China, de repente passem a aportar. Se nós conseguirmos o funding público, a chance de captação privada aumenta muito, com isso, com a diferenciação de taxa de juros, você consegue remunerar a floresta em pé”.

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