No Pará, políticos criticam fala sexista e líderes do Podemos pedem desfiliação de Arthur do Val
O senador Paulo Rocha, a deputada federal Elcione Barbalho e a vereadora de Belém Lívia Duarte
O polêmico áudio vazado pelo deputado estadual de São Paulo Arthur do Val (Podemos) sobre a objetificação sexual de mulheres vítimas da guerra na Ucrânia, também teve repercussão negativa entre os políticos do Pará, especialmente junto às mulheres parlamentares. Os irmãos Ígor e Renan Normando, que são deputado estadual e vereador de Belém pelo Podemos, também criticaram a declaração de Arthur e afirmaram terem pedido a desfiliação dele à executiva nacional do partido.
Dentre os três senadores do Pará, o único que comentou o caso nas redes sociais foi Paulo Rocha. “Veja bem o caráter do aliado do Moro!” postou no Instagram. E, no Twitter, ele alertou que a imunidade parlamentar não pode servir para a impunidade do caso, além de cobrar que Arthur do Val deponha na Comissão de Direitos Humanos do Senado por esse "ato hediondo”.
VEJA MAIS
“Repúdio total à fala sexista e preconceituosa do deputado Arthur do Val”, escreveu Ígor Normando, único representante do Podemos na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa). O partido não possui deputado federal no Pará. Outro vereador da legenda em Belém, Miguel Rodrigues, não postou sobre o assunto.
A deputada federal Elcione Barbalho (MDB-PA) postou nota de repúdio afirmando que, na condição de presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher a Câmara Federal, “farei o possível para que o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa de São Paulo instaure uma sindicância e casse o mandato do deputado”. Enquanto a deputada federal Vivi Reis (PSOL-PA) compartilhou o vídeo com explicações de Arthur e escreveu: “Quem se empolga com mulheres num campo de guerra vulneráveis, refugiadas? Essa é a cultura do estupro mostrando sua face e os seus agentes”.
A maioria da bancada feminina da Alepa comentou o assunto nas redes: “Não há desculpas para um deputado incentivar turismo sexual e assediar mulheres vítimas refugiadas da guerra”, disse Marinor Brito (PSOL). “Não vamos tolerar atitudes machistas e misóginas! Basta!”, escreveu Gilvanda Faro (PT). “Deputado ‘fácil’ é ser homem branco investido do seu cargo para propagar machismo estrutural tendo como ferramenta uma situação delicada e desumana vivida pela população da Ucrânia neste momento de conflito armado”, criticou Michele Begot (PSD).
Já a deputada Renilce Nicodemos e a vereadora de Belém, Blenda Quaresma, ambas do MDB, compartilharam o áudio vazado do deputado e escreveram críticas contundentes como “desumanização das mulheres” e “repugnante”. Outra vereadora da capital paraense, Lívia Duarte (PSOL), destacou “a dimensão pública do contrato sexual através da conivência parlamentar com a violência contra mulheres”.