MENU

BUSCA

Mudanças no visto para os Estados Unidos impactam paraenses; novas regras geram incertezas

Redução no prazo de renovação, registro obrigatório para imigrantes indocumentados e a criação do "gold card" mexem com os planos de quem deseja viajar ou viver em território estadunidense.

Jéssica Nascimento

Desde fevereiro de 2025, quem deseja tirar ou renovar o visto para os Estados Unidos precisa estar atento às mudanças implementadas pelo governo de Donald Trump. A principal alteração foi a redução do prazo de renovação dos vistos de não-imigrantes de 48 meses para apenas 12 meses após o vencimento, impactando diretamente o turismo, os planos de viagem e a vida de imigrantes, inclusive do Pará. A introdução do "gold card", um visto exclusivo para estrangeiros ricos, e a exigência de registro para indocumentados acirram ainda mais o debate sobre as novas regras.

Mário Tito, doutor em Relações Internacionais e professor da mesma área em uma universidade privada, aponta que as mudanças trazem desafios e incertezas para paraenses que frequentam os EUA, seja para turismo, seja para legalizar a situação migratória. A reformulação no processo de entrada e permanência no país altera as dinâmicas de visitação e imigração, principalmente em tempos de políticas mais rígidas de controle de fronteiras.

O fim da flexibilização pandêmica: renovação anual de vistos

Com a posse de Donald Trump, o governo dos Estados Unidos reduziu o prazo de renovação dos vistos de não-imigrantes de 48 meses para 12 meses. 

A medida é um retorno ao padrão pré-pandêmico, antes da flexibilização das restrições durante a crise do COVID-19.  Para os paraenses que costumam viajar com frequência, a mudança exige um planejamento mais constante e a preparação para a renovação dos vistos anualmente.

Mário Tito, doutor em Relações Internacionais, explica que essa decisão pode afetar o turismo e os custos envolvidos. 

“O controle mais rígido também pode impactar negativamente o turismo para os Estados Unidos, especialmente para os paraenses, que viajam constantemente. A burocracia aumentada pode tornar o processo mais caro e demorado, desencorajando viagens de lazer, principalmente para famílias de classe média”, explicou. 

Segundo o professor, isso impacta diretamente para quem vai para Disney, Orlando, Miami, especialmente paraenses, que também vão de maneira mais constante para esses destinos. 

Registro obrigatório para indocumentados: risco para imigrantes nos EUA

Uma das mudanças mais controversas introduzidas pelo governo Trump é a exigência de registro de imigrantes indocumentados. Para aqueles que vivem ilegalmente nos Estados Unidos, a obrigatoriedade de registrar-se no governo americano pode ser vista como uma “faca de dois gumes”. Ao se registrar, o imigrante está, de certa forma, se autodeclarando ilegal, o que pode resultar em deportações.

“Esse tipo de registro traz um grande risco para os paraenses que estão vivendo ilegalmente nos Estados Unidos. Eles podem ser identificados e deportados, o que torna a situação ainda mais difícil para quem já enfrenta um cenário de insegurança”, comenta Tito.

Embora o governo argumente que o objetivo é regularizar a situação e permitir algumas oportunidades de legalização, muitos temem que essa medida intensifique a perseguição a imigrantes sem documentação.

"Gold Card": a elitização da imigração

Uma das propostas mais polêmicas foi a criação do “gold card”, um visto destinado a estrangeiros ricos que buscam viver e investir nos Estados Unidos. Com um valor de US$ 5 milhões (aproximadamente R$ 28,9 milhões), o visto substituiria o atual esquema EB-5, destinado a investidores.

Para Mário Tito, essa mudança visa a atrair uma classe mais alta de imigrantes e gerar impostos por meio do consumo. 

“O 'gold card' é uma tentativa de elitizar a imigração, focando em investidores com poder aquisitivo alto, algo que pode mudar a dinâmica de quem entra nos EUA e impactar negativamente a imigração vinda de países latino-americanos, como o Brasil”, afirma Tito.

Segundo o professor, isso desestimula não só os imigrantes provenientes da América Latina, mas especialmente de países que os Estados Unidos consideram perigosos, como o Irã, o Afeganistão e os países do Oriente Médio em geral.

Tito também alerta que a medida pode afetar negativamente a economia dos Estados Unidos a longo prazo, uma vez que muitos setores dependem de trabalhadores imigrantes, tanto legais quanto ilegais.

“Muitos imigrantes, especialmente os ilegais, trabalham em setores fundamentais como restaurantes e fábricas, sem o qual a economia americana pode enfrentar desafios”, analisa.

O que é e como obter o visto americano em 2025?

O visto americano é uma autorização oficial concedida pelo governo dos Estados Unidos, permitindo que você entre no país. Ele tem como objetivo garantir que o solicitante seja uma pessoa de boa índole e que possua meios financeiros suficientes para arcar com os custos da viagem.

O processo para obter o visto envolve algumas etapas importantes, como preencher o formulário DS-160, pagar a taxa de solicitação, agendar e comparecer à entrevista no consulado ou embaixada.

É essencial reunir todos os documentos exigidos, estar bem preparado para a entrevista e comprovar que você não tem a intenção de permanecer nos Estados Unidos além do período autorizado pelo visto, evitando qualquer associação com imigração ilegal.

Em princípio, ao atender a esses requisitos de maneira adequada, o visto será concedido. No entanto, é importante entender um ponto crucial: a decisão de conceder o visto é um processo interno, de responsabilidade exclusiva do governo americano. 

Mesmo que a pessoa esteja devidamente preparada, existe a possibilidade de o visto ser negado. Nesse caso, será necessário fazer uma nova solicitação.

Política