Mineração sustentável é chave para transição energética e futuro do Pará, aponta audiência na Alepa
Audiência pública debateu papel estratégico dos minerais críticos e os desafios de conciliar crescimento econômico com preservação ambiental no estado que lidera exportações do setor.
Durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (16/04), na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), autoridades destacaram o papel crucial da mineração sustentável na transição energética e na descarbonização mundial. O evento reuniu representantes do poder público e da indústria mineral para discutir como o Pará, um dos líderes nas exportações do setor, pode se tornar referência global em sustentabilidade e inovação na mineração.
A mineração como motor da transição energética
A conexão entre descarbonização e mineração foi o ponto central da fala de Anderson Santos, gerente executivo do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). Para ele, não há como pensar em energia limpa sem considerar os minerais críticos e estratégicos.
“Para produzir carros elétricos, por exemplo, é preciso o dobro de cobre, além de mais magnésio e outros minerais. Tudo isso passa pela mineração”, afirmou.
Santos também destacou o esforço do IBRAM em parceria com o governo e empresas do setor para consolidar uma política nacional voltada aos minerais críticos, colocando o Brasil na vanguarda da transição energética global.
Desenvolvimento sustentável como prioridade
Segundo o representante do IBRAM, uma mineração verdadeiramente sustentável precisa respeitar pilares como governança, gestão ambiental e integração com as comunidades locais. “Buscamos os mais altos padrões de sustentabilidade, segurança e relacionamento com o território. Não é só extrair: é gerar emprego, renda e futuro”, ressaltou.
Entre as iniciativas mencionadas, está o programa “ESG da Mineração”, que organiza cerca de 12 grupos de trabalho com temas que vão desde o desenvolvimento local até a capacitação da mão de obra nas regiões mineradoras. “Queremos que os benefícios da mineração cheguem à sociedade de forma concreta e duradoura”, disse Santos.
O Pará como protagonista – e o desafio
Ronie Silva (MDB), deputado estadual e presidente da Comissão de Mineração, Energia e Recursos Hídricos da Alepa, chamou atenção para o papel central que o Pará já exerce no cenário mineral brasileiro.
“Hoje, cerca de 70% das exportações do nosso estado vêm da mineração. Somos a menina dos olhos de ouro do Brasil nesse setor”, afirmou. Porém, o parlamentar também alertou para os impactos ambientais e sociais da atividade.
“É preciso mitigar o desmatamento, a poluição dos rios, e evitar tragédias como as de Mariana e Brumadinho”, ponderou.
Silva enfatizou a importância do uso de tecnologias e da fiscalização para garantir práticas responsáveis.
Legado e diversificação econômica
O deputado também apontou a necessidade urgente de pensar o futuro para além da mineração. “A mineração é finita. Precisamos aproveitar os recursos que temos agora para investir em educação, infraestrutura e outras frentes econômicas. O que ficará para as próximas gerações?”, questionou.
Cidades como Canaã dos Carajás e Parauapebas, altamente dependentes da atividade mineral, foram citadas como exemplos da urgência de se buscar alternativas econômicas sustentáveis.