Lewandowski elogia polícia e diz que fala sobre 'prender mal' foi tirada de contexto
Após ter sido criticado por falar que a "polícia prende mal", o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, se corrigiu nesta sexta-feira, 21, e elogiou a instituição.
O ministro viajou até João Pessoa para inaugurar a primeira unidade do Sala Lilás, espaço destinado ao atendimento de mulheres e meninas em situação de violência de gênero. Na ocasião, aproveitou para tentar consertar a polêmica feita dois dias antes.
"Quero ressaltar agora, publicamente, que nós temos uma polícia brasileira altamente eficiente e preparada. A minha expressão foi pinçada fora do contexto, que as polícias têm que ser melhor remuneradas, melhor equipadas, precisar ser melhor informadas para que possam prender para que não haja esse fenômeno do judiciário eventualmente ter que corrigir erros de prisões que não foram feitos de acordo com a lei", declarou ele.
Durante abertura da reunião do Conselho Deliberativo da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), em Brasília, Lewandowski havia declarado que o Judiciário é obrigado a soltar detentos que tiveram suas prisões conduzidas de forma errada pela polícia, e que "a polícia tem que prender melhor".
"É um jargão que foi adotado pela população, que a polícia prende e o Judiciário solta. Eu vou dizer o seguinte: a polícia prende mal e o Judiciário é obrigado a soltar", disse na ocasião.
A declaração repercutiu mal entre associações policiais e a oposição ao governo Lula, e a pasta agiu para suavizar a fala. Em nota, o ministério informou que "a manifestação ocorreu em um contexto da falta de integração das informações das polícias e as audiências de custódia".
"Nesse cenário, ele falou que, hoje, há uma dificuldade de troca de informações entre as forças de segurança do país e o Poder Judiciário, o que se pretende solucionar a partir da PEC da Segurança Pública -cujo um dos objetivos é o de padronizar e uniformizar os dados produzidos pelas autoridades policiais em todo o Brasil, qualificando as ações de segurança pública", diz a nota.
"Na resposta do ministro, foi citado que, em muitos casos, o detido é apresentado ao juiz na audiência de custódia, mas, por falta de padronização e de compartilhamento no registro de informações, o magistrado não tem acesso a dados importantes, como, por exemplo, os antecedentes do suspeito".
"Vale destacar que o ministro iniciou sua manifestação sobre o assunto exaltando a necessidade de valorizar as polícias, inclusive com melhores salários, e de equipar melhor as forças policiais para, entre outros pontos, qualificar todo o processo probatório e robustecer os processos judiciais", finaliza.
A repercussão negativa contra Lewandowski foi diversa. O promotor Alexandre Daruge, de São Paulo, respondeu que a polícia prende pouco e que há concessões de liberdade "temerárias" por parte dos juízes. O ex-delegado geral de Polícia de São Paulo, Marcos Carneiro, afirmou que o ministro pecou por "generalizar" a situação.
Os governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), criticaram a fala. E lideranças de seis organizações policiais convidaram Lewandowski a visitar um mausoléu dos mortos em serviço "para refletir".