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Israel lança ofensiva no sul da Faixa de Gaza

AFP

Israel lançou neste domingo uma ofensiva em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, enquanto mantinha suas operações no norte, cinco dias após romper uma trégua com o Hamas.

A retomada das operações militares no território palestino, que deixaram 673 mortos desde terça-feira, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, governada pelo Hamas, coincide com novos ataques mortais no Líbano contra o movimento Hezbollah.

Após dois meses, Israel rompeu em 18 de março o cessar-fogo com o grupo islamista palestino, que desencadeou a guerra com seu ataque a Israel em 7 de outubro de 2023.

No total, a ofensiva em resposta ao ataque deixou 50.021 mortos, a maioria civis, e mais de 110.000 feridos, segundo uma contagem divulgada neste domingo pelo Ministério da Saúde do Hamas, cujos números a ONU considera confiáveis.

A Defesa Civil de Gaza, a principal organização de socorro no território, também declarou que o número de mortos ultrapassou 50.000. A AFP não conseguiu confirmar esta informação de forma independente.

Do lado israelense, o ataque do Hamas em outubro de 2023 deixou 1.218 mortos, a maioria civis, segundo uma contagem baseada em dados oficiais.

O Exército israelense anunciou neste domingo que havia cercado Rafah, onde lançou uma ofensiva "para atacar organizações terroristas".

As Forças Armadas já haviam pedido a evacuação do bairro de Tel al Sultan. A mesma mensagem foi escrita em folhetos lançados por drones sobre a área, segundo correspondentes da AFP em Gaza.

Com os poucos pertences que conseguiram carregar, muitas famílias palestinas que já haviam sido forçadas a fugir de suas casas em diversas ocasiões começaram o êxodo novamente.

"Dispararam a noite toda e nos ordenaram sair pela manhã. Então, atiraram em nós enquanto estávamos na rua", disse Aida Aou Shahir, uma deslocada. Na fuga, ela perdeu o contato com a filha, o genro e os netos.

Israel já havia realizado uma intensa ofensiva em maio de 2024 nessa cidade, onde centenas de milhares de deslocados pelos combates se aglomeraram.

A Defesa Civil da Faixa de Gaza anunciou hoje que um ataque aéreo israelense atingiu um hospital em Khan Yunis, também no sul do território palestino. "Aviões israelenses tiveram como alvo os serviços de emergência do hospital", afirmou, sem reportar se houve vítimas.

Após semanas de divergências com o Hamas sobre como continuar a trégua que entrou em vigor em 19 de janeiro, Israel retomou os bombardeios a Gaza na terça-feira e reenviou tropas para pressionar o movimento islamista a libertar os 58 reféns ainda cativos.

O papa Francisco pediu neste domingo uma interrupção "imediata" dos ataques israelenses, às vésperas da visita da chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, a Israel e territórios palestinos.

Israel bloqueou a ajuda humanitária a Gaza em 2 de março e parou de fornecer eletricidade para a principal usina de dessalinização de água, agravando uma situação já catastrófica para os 2,4 milhões de habitantes.

Durante a noite, um ataque aéreo israelense matou um alto funcionário do Hamas, Salah al-Bardawil, e sua esposa na região de Khan Yunis, confirmou o Hamas neste domingo. É o terceiro membro do gabinete político do Hamas a morrer desde que os bombardeios recomeçaram.

O Exército também disse que lançou operações em Beit Hanun, no norte do território, e que "aviões de guerra atingiram vários alvos do Hamas".

Paralelamente, Israel realizou novos ataques no Líbano neste domingo, nos quais uma pessoa morreu, segundo fontes oficiais. Na véspera, oito pessoas foram mortas por bombardeios israelenses, segundo autoridades.

Israel afirmou que esses ataques são uma "resposta" aos lançamentos de foguetes contra seu território, depois que seu exército interceptou projéteis lançados do Líbano.

O Irã, principal apoiador do grupo libanês Hezbollah, condenou hoje os ataques aéreos israelenses realizados na véspera. A chancelaria do país denunciou o que chamou de "agressão militar de grande magnitude" e acusou Israel de representar "uma ameaça real à paz e à segurança internacionais".

Esta é a maior escalada desde que o acordo de trégua de 27 de novembro encerrou dois meses de guerra aberta entre Israel e o Hezbollah, aliado do Hamas.

"Ouvimos uma explosão forte. Isso nos lembrou dos momentos mais difíceis da guerra no sul (...) As pessoas estão com medo de que a situação piore", disse Qasem Istanbuli, habitante da cidade libanesa de Tiro.

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