Indicação de Dino ao STF gera discordância entre aliados de Lula
Divergências seriam por causa da escolha do novo titular do Ministério da Justiça e Segurança Pública
Aliados próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) podem estar divididos por conta da escolha de quem assumirá o Ministério da Justiça e Segurança Pública, após a indicação do ministro Flávio Dino (PSB) para o Supremo Tribunal Federal (STF).
As divergências estariam acontecendo entre o partido do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), lideranças do Partido dos Trabalhadores (PT) e líderes de movimentos sociais e membros da militância petista, que discordam sobre quem deve ser o sucessor de Dino na pasta, considerada uma das mais estratégicas e de maior visibilidade, do ponto de vista dos partidos.
A legenda do atual titular do ministério argumenta que a pasta deve permanecer sob comando de um representante do partido. Um dos nomes cotados para a substituição é o secretário-executivo Ricardo Cappelli, que é considerado o “número 2” da Justiça e foi nomeado interventor federal de Segurança Pública no Distrito Federal em janeiro deste ano após os atos de 8 de Janeiro, em Brasília. "Se é do PSB, e se o Ministério da Justiça fez um bom trabalho, a gente tem a expectativa, e a bancada já se manifestou internamente ao governo, pedindo a manutenção do Cappelli", declarou o líder do partido na Câmara, Felipe Carreras (PSB-PE), à Jovem Pan.
Já no partido de Lula, Wellington César Lima e Silva, secretário especial de Assuntos Jurídicos da Presidência, e Marco Aurélio de Carvalho, fundador do Grupo Prerrogativas, foram as principais figuras levantadas para comandar a pasta, que já foi chefiada, inclusive, por Lima e Silva por duas semanas em 2016, durante gestão de Dilma Rousseff (PT). Ele também é apoiado pelo ministro Rui Costa (PT-BA), chefe da Casa Civil, e por líderes do Planalto, como o senador Jacques Wagner.
Já a indicação de Marco Aurélio é defendida por José Dirceu e José Genoino, e pelos deputados Jilmar Tatto (PT-SP) e Rui Falcão (PT-SP). Somado a esse apoio, o nome do fundador do Grupo Prerrogativas também é bem recebido por movimentos sociais e membros da militância de esquerda.
Dino foi indicado por Lula ao STF em novembro deste ano. A sabatina do maranhense aconteceu no dia 14 de dezembro, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal, com placar de 47 a 31 a favor da aprovação da indicação. O resultado indica que Dino tome posse da cadeira herdada da ministra Rosa Weber, que deixou a Corte em setembro, após a aposentadoria compulsória, em fevereiro deste ano. Flávio Dino deve continuar à frente do ministério até que um sucessor seja designado pelo Chefe do Executivo.