Eleições nos EUA: políticos e especialistas paraenses repercutem eleição de Donald Trump
Senador Zequinha Marinho (Podemos), os deputados federais Delegado Éder Mauro e Delegado Caveira, do PL, e o deputado estadual Rogério Barra (PL) fazem projeções para o Brasil com o retorno do republicano à Casa Branca
Parlamentares brasileiros foram às redes sociais, nos últimos dias, repercutir a vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. No Pará, não foi diferente. E, nos últimos dias, a reportagem procurou saber o que projetam as autoridades para o cenário nacional brasileiro diante do retorno de Trump à Casa Branca. Confira o que dizem o senador Zequinha Marinho (Podemos), o deputado federal Delegado Éder Mauro (PL), e o deputado estadual Rogério Barra (PL).
O senador Zequinha Marinho entende que “foi decisivo para essa eleição a defesa de pautas relacionadas aos valores cristãos, ao direito à vida. A candidata derrotada (Kamala Harris) enfatizou, nas últimas semanas, uma defesa pelo direito ao aborto, algo que a fez perder votos dos eleitores americanos”.
"Assim como lá nos Estados Unidos, essa defesa pela vida e contra o aborto tem ganhado atenção aqui no Brasil muito em razão da ADPF 442, que tem sido julgada no âmbito do STF. A população tem marcado posição com relação aos valores e princípios que lhes são caros. E aí está o direito à vida. Aqui no Brasil, mais de 70% da população apoia a nossa pauta contra o aborto. Certamente esses temas conservadores, assim como foram decisivos na eleição americana, terão um peso importante nas eleições de 2026", afirmou o senador Zequinha Marinho.
A ADPF 442 é uma proposta em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a descriminalização do aborto, em qualquer circunstância, até 12 semanas de gravidez. Da forma como está, o Código Penal Brasileiro proíbe o aborto, exceto em casos de estupro e risco à vida da mãe, e no caso de fetos anencéfalos, má formação caracterizada pelo cérebro subdesenvolvido e crânio incompleto.
Triunfo de Trump fortalece forças conservadoras, afirmam parlamentares
O deputado federal Éder Mauro acredita que o triunfo de Trump fortalece as pautas da direita no continente americano. “É um marco a vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos, uma vitória conquistada tanto no número de delegados quanto no voto popular. Os republicanos terão maioria no Senado, na Câmara e entre os governadores”.
“Esse é um recado da maioria do povo americano, que expressou insatisfação com as políticas democratas e o direcionamento ideológico de esquerda do governo Biden. A vitória de Trump representa uma reafirmação de pautas fundamentais, que são também compartilhadas por nós: o patriotismo, a segurança das fronteiras, a redução do intervencionismo e a promoção de políticas econômicas", enfatizou Éder Mauro.
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Para o deputado federal Delegado Caveira, “a vitória de Donald Trump, automaticamente, acendeu com toda força a chama verde amarela no Brasil para o tão esperado retorno de Jair Bolsonaro à Presidência da República, retirando de vez o comunismo do poder que não deu certo em nenhum lugar do mundo. A felicidade e o otimismo dos compatriotas devem-se às últimas vitórias da direita (Bukele, El Salvador, e Milei, na Argentina) contra o sistema da esquerda”, disse o Delegado Caveira.
O deputado estadual Rogério Barra também comemora o resultado nos EUA. “Esse resultado não apenas fortalece a direita nos EUA, mas também impulsiona uma união das forças conservadoras em todo o continente. Aqui no Brasil, estamos a caminho de um movimento semelhante. Em 2026, Jair Bolsonaro já anunciou sua candidatura para presidente, e essa força de direita tem tudo para seguir firme e determinada, defendendo os valores que resgatam a dignidade, a família, a liberdade e o desenvolvimento econômico. Que essa onda de renovação se mantenha forte, no Brasil e no mundo”, destacou Barra.
EUA podem reduzir apoio ao combate às mudanças climáticas
Ao analisar os impactos da vitória do candidato republicano, o internacionalista e cientista político paraense João Felipe Tavares diz que Trump possui uma política isolacionista, o que pode fazer com que o novo presidente foque nos problemas internos dos EUA e reduza a atenção para a cooperação internacional.
“Isso pode afetar, principalmente, o combate às mudanças climáticas, que está super em alta agora aqui dentro do nosso estado. Uma das bandeiras do governo, tanto estadual quanto federal, é que os países ricos ajudem a financiar ações de preservação ambiental”, declara Tavares.
Esse posicionamento poderia esbarrar nos objetivos do governo estadual paraense de manter a floresta em pé com a cooperação de outros países. “Eu acredito que, assim, a costura de um acordo com esse objetivo parece ser muito pouco provável e que isso influenciaria bastante na COP 30 do ano que vem, e principalmente nas políticas e no legado que ela vai deixar para o nosso estado. Porque um dos objetivos do governador é sempre mostrar que a Amazônia precisa se desenvolver com a nossa floresta em pé, mas, para isso, claramente precisamos de ajuda da cooperação internacional, o que é algo que provavelmente não acontecerá com o governo Trump”, ressalta João Felipe Tavares.
Já para João Cauby de Almeida Júnior, doutor em relações internacionais e integrante da Comissão de Relações Internacionais da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Pará (OAB/PA), há controvérsias quanto ao modelo de governo e à posição política adotada pelo presidente eleito, especialmente no que se refere ao questionamento das instituições democráticas e das eleições.
“No Brasil, em especial, o resultado das eleições americanas poderá fortalecer segmentos políticos mais radicais, que também contestam o sistema eleitoral brasileiro e os resultados advindos das urnas; mas, por outro lado, as forças democráticas brasileiras e o sistema político se consolidaram ao longo do tempo e saberão lidar com as adversidades que, por ventura, surjam nesse novo momento. No mais, dentro do jogo democrático da política, é possível que a direita se fortaleça no Brasil e no próprio Estado do Pará, com esse resultado das eleições americanas”, conclui o especialista.