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CNJ investigará desembargador após fala preconceituosa em audiência

O episódio ocorreu durante a análise de um caso de assédio envolvendo uma menor de 12 anos

Luciana Carvalho

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu, nesta sexta-feira (5), uma reclamação disciplinar contra o desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), Luis Cesar de Paula Espíndola. A medida, tomada pelo corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, visa apurar um "discurso potencialmente preconceituoso e misógino" proferido pelo magistrado durante uma sessão de julgamento na última quarta-feira (03/7).

O episódio ocorreu durante a análise de um caso de assédio envolvendo uma menor de 12 anos. Na ocasião, o desembargador Espíndola afirmou que "as mulheres estão loucas atrás dos homens" e criticou o que chamou de "discurso feminista desatualizado". "Se Vossa Excelência sair na rua hoje, quem está assediando, quem está correndo atrás de homens são as mulheres, porque não tem homem. Hoje em dia, o que existe é que as mulheres estão loucas atrás dos homens, porque são muito poucos. A mulherada está louca atrás de homem", declarou o magistrado.

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Para o ministro Salomão, a abertura da reclamação disciplinar é fundamental para investigar a conduta do desembargador. Ele destacou que situações como essa têm se tornado recorrentes no Judiciário. "São situações envolvendo possível revitimização de mulheres em processos em curso, indícios de tratamento jocoso envolvendo questões de gênero direcionado a advogadas, magistradas e partes ao longo de julgamentos, e inobservância de normas voltadas à garantia do direito das mulheres, como prerrogativas de advogadas, por exemplo", afirmou.

Defesa

Em resposta, o desembargador Luis Cesar de Paula Espíndola emitiu uma nota em que nega qualquer intenção de "menosprezar o comportamento feminino". "Esclareço que nunca houve a intenção de menosprezar o comportamento feminino nas declarações proferidas por mim durante a sessão da 12ª Câmara Cível do tribunal. Afinal, sempre defendi a igualdade entre homens e mulheres, tanto em minha vida pessoal quanto em minhas decisões. Lamento profundamente o ocorrido e me solidarizo com todas e todos que se sentiram ofendidos com a divulgação parcial do vídeo da sessão", declarou o magistrado.

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