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Anielle Franco defende banco de currículos para profissionais negros e mudança em livros didáticos

Ministra da Igualdade Racial e jornalista de formação, ela conta em entrevista que já foi excluída de algumas vagas por ser negra

O Liberal
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A jornalista Anielle Franco falou, em entrevista à Agência Brasil, sobre algumas de suas principais ideias à frente do Ministério da Igualdade Racial. Entre os objetivos de sua atuação está conscientizar a sociedade sobre a importância de uma educação antirracista. Ela anunciou, por exemplo, a proposta de criação de um grupo de trabalho junto com o Ministério da Educação (MEC) para pensar em mudanças no material didático.

"Tivemos uma reunião com o ministro da Educação, Camilo Santana, e já ficou desenhado um grupo de trabalho para pensarmos material didático, por exemplo. As crianças negras não se encontram no livro didático, ele não tem representatividade", declarou.

Segundo ela, a Lei de Cotas também deve ser discutiva com a Bancada da Educação no Congresso Nacional. "Pois há muitos projetos tentando derrubar a lei que representa a maior reparação histórica desse país. Temos dados para comprovar os resultados, eu mesma sou fruto de cotas e gosto de repetir isso porque é algo que tentam nos tirar, dizer que os cotistas não têm capacidades e já temos estudos que isso não é real, precisamos desmistificar isso". 

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Para ela, a falta de orçamento para construção de políticas públicas de igualdade racial é outro tema precupante. “Chegamos a ter um orçamento de R$ 77 milhões e agora a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial [Seppir] vai virar um ministério com orçamento previsto [ao final da gestão de Jair Bolsonaro] de R$ 4 milhões”, destaca. “Se conseguirmos atingir 50% do orçamento que tínhamos em 2003, já estaremos dando passos importantes”, afirma Anielle.

Outro frente de trabalho do ministério envolve a violência contra a população negra. A irmã de Anielle, a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, foi brutalmente assassinada no dia 14 de março de 2018. O crime permanece sem punição e sem informação sobre os mandantes. "Chegamos em um ponto no país em que todos os dias temos notícia sobre feminicídio ou histórias como a da menina Rafaelly, que foi assassinada com um tiro de fuzil, uma criança de 10 anos que estava brincando na Baixada Fluminense. Temos demonstrado muito interesse nesse tema. Um grupo de trabalho com Ministério da Justiça, Mulheres e Direitos Humanos vai ser imprescindível para termos ações concretas, porque não dá para ficarmos só pensando. Temos que agir. Se dermos um Google, vamos ver, por exemplo, o quanto as mulheres negras sofrem".

Ela ainda comentou sobre a iniciativa do Ministério da Igualdade Racial, que recebeu 5.347 currículos de profissionais negros. Destes, 41 já foram encaminhados ao presidente da Embratur, Marcelo Freixo. Anielle não descartou a possibilidade de estender a iniciativa para outros grupos, como quilombolas e indígenas.

"Estamos trabalhando sob demanda. Quando as pessoas nos perguntam [sobre indicações], fazemos o filtro e se não tiver [aquele perfil], a gente reabre. Nós já fechamos esse primeiro formulário porque já tinha atingido o número máximo, a gente pensou que ia ter até menos inscritos. Estamos agora filtrando os perfis para reabrir em breve para podermos ir acumulando, quanto mais currículo tivermos para direcionar para pessoas em lugares específicos, para gente melhor. É uma ação concreta e contínua. Vamos continuar atualizando, tem muita gente pedindo [indicações] e não queremos parar, pois como são diversas áreas, estaremos sempre com uma “carta na manga” para podermos passar para essas pessoas que pedirem".

 

 

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