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Acordo abre caminho para G20 aprovar declarações de consenso, diz negociador brasileiro

O Brasil se prepara para sediar um encontro sobre a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza

Bernardo Caram/Reuters

 Negociações conduzidas pela presidência brasileira no G20 alcançaram um acordo para que documentos de consenso sejam aprovados nas reuniões ministeriais do grupo na próxima semana no Rio de Janeiro, disse o negociador brasileiro, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Maurício Lyrio.

Em entrevista à imprensa nesta sexta-feira (19/7), Lyrio afirmou que essa seria a primeira vez após duas presidências do G20 que haveria aprovação de declarações de consenso entre membros, com reuniões até o momento encontrando divergências geopolíticas que impediram a emissão de documentos do tipo.

"Para destravar o processo, os países do G20 chegaram a um acordo, que é o seguinte: não exigiremos mais a inclusão de linguagem sobre geopolítica nos documentos ministeriais", disse o embaixador, enfatizando que o acordo foi chancelado por todos os membros do grupo.

Segundo ele, a cada declaração de consenso produzida por ministros do G20, a presidência brasileira emitirá um documento separado que tratará de questões geopolíticas, como conflitos entre países.

"Esse texto (sobre geopolítica) já foi negociado entre os países, já foi acordado", afirmou.

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Diante de divergência entre os membros, o G20 não conseguiu emitir nenhum documento de consenso nas presidências da Indonésia e da Índia.

O mesmo ocorreu sob a presidência brasileira na reunião de ministros de Finanças e Bancos Centrais feita em fevereiro em São Paulo, quando divergências sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia travaram as negociações e forçaram o Brasil a produzir ao fim do encontro apenas um resumo com os principais tópicos tratados.

De acordo com Lyrio, o acordo que abre caminho para declarações conjuntas envolve também a reunião de ministros de Finanças e presidentes de BCs, que será feita na próxima semana no Rio de Janeiro.

O país também sediará nos próximos dias reuniões de ministros do Desenvolvimento e do Trabalho, além de um encontro da força tarefa para criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.

O encontro na próxima quarta-feira sobre a Aliança Global, que contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, patrocinador da iniciativa, será antecedido pela divulgação da nova edição do Mapa da Fome pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês).

O embaixador disse esperar bons resultados alcançados pelo Brasil no documento, ressaltando a importância simbólica da escolha do Rio para a apresentação do relatório, que será divulgado pela primeira vez fora de Nova York ou Roma.

GOVERNANÇA GLOBAL

Em uma das prioridades da presidência brasileira no G20, o embaixador afirmou que chanceleres devem organizar uma reunião ampliada em setembro na ONU, em Nova York, com o objetivo de avançar no debate sobre a reforma de instituições de governança global, como bancos multilaterais, mas também a própria ONU.

Segundo ele, a ideia é usar o encontro que ocorrerá em paralelo à Assembleia Geral da ONU para produzir um documento chamado de "call to action", centrado na necessidade da reforma da ONU de forma abrangente, não apenas do Conselho de Segurança.

"A ONU precisa ser reformada para se adequar às realidades contemporâneas, inclusive na questão climática... A ONU tem que estar no centro da reforma da governança global”, disse, destacando que o G20 trabalha para evoluir o debate de temas globais, mas em apoio aos trabalhos da ONU.

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