‘Você beija muito bem’, disse padre a jovem que o acusa de abuso sexual durante seminário
O religioso em questão foi preso em julho deste ano suspeito de crimes sexuais contra duas crianças
O padre Ramon Guilherme Pitilo da Silva Ramos, preso no dia 24 do mês passado, no Rio de Janeiro, suspeito de cometer crimes sexuais contra duas crianças, é acusado por mais uma pessoa. Dessa vez, um jovem, que atualmente tem 20 anos, afirma que foi vítima do sacerdote quando tinha 11 anos, também no Rio. As informações foram divulgadas pelo jornal. O Globo.
Por e-mail, a vítima e o padre trocavam mensagens, que o periódico teve acesso, e mostram as investidas do religioso para conseguir manter contato sexual com o jovem, além dos encontros entre os dois. Em um dos diálogos, o Pitilo chegou a pedir orações, por perceber "que o demônio tem investido contra" a sua paz de espírito. A defesa do padre Ramon Pitilo afirmou ao O Globo que desconhece as acusações, assim como o conteúdo dos e-mails trocados. Já a Arquidiocese do Rio afastou o sacerdote e abriu uma investigação sobre o caso.
O primeiro contato do jovem com o padre foi em 2013, o Seminário Arquidiocesano de São José, no Rio Comprido, zona norte do Rio de Janeiro. Lá, ele fazia acompanhamento vocacional para tornar-se seminarista.
A vítima relatou que os contatos íntimos entre ele e o sacerdote aconteciam dentro do seminário, mais precisamente, banheiro e nas escadas do edifício. Além disso, os dois chegaram a trocar fotos íntimas.
Ainda segundo o jovem, Ramon se aproximou dele usando a amizade que eles mantinham. “Em 2017, quando entrei no seminário, mantivemos a amizade. Eu tinha 14 anos e estava me descobrindo sexualmente. Acabamos nos aproximando e conversamos sobre sexo. Algumas fotos íntimas foram trocadas”, disse ao jornal.
As mensagens trocadas entre o então adolescente e Ramon Pitilo descrevem os momentos dos abusos. Em uma das mensagens, o jovem escreveu: “Beijo mal, aos poucos vou aprender”. A resposta do sacerdote foi: “Você está de brincadeira… você beija muito bem s2”.
“Queria ter pegado no seu pênis. Amei a experiência”, contou o jovem ao padre Ramon. “Também gostei muito. Fica para a próxima”, respondeu o religioso.
Os dois chegaram a marcar encontros no banheiro da capela, só que o rapaz se preocupou com o local: “Amanhã é muito arriscado, muitos ficam rondando pelo seminário”, que o sacerdote respondeu dizendo que teria “feito hoje mesmo”.
“Querido, eu sinceramente não sei o que quero. Sei apenas que preciso que reze por mim e que se faça ainda mais próximo. Para que, quando a dor, eu possa ter mais alguém para me apoiar e me ajudar. Ainda mais com seu olhar que penetra minha alma”, reforçou o padre em outra mensagem.
O jovem registrou a ocorrência on-line por estupro de vulnerável contra o religioso na na 18ª DP (Praça da Bandeira). Depois das acusações e da prisão de Ramon referente aos abusos sexuais supostamente cometidos contra as duas crianças que frequentavam a Paróquia São João Batista, em Jacarepaguá, na Zona Oeste da capital fluminense, a Arquidiocese do Rio de Janeiro o afastou e abriu uma investigação interna. Por outro lado, a defesa afirma que o sacerdote desconhece as acusações.
Em nota, o advogado de Ramon Pitilo, Wallace Martins, informou que o padre nega todas as denúncias de abuso sexual. “O padre refuta qualquer acusação nesse sentido. Estamos levando aos autos farto material probatório, inclusive com depoimentos de crianças da Paróquia, que afirmam, de forma peremptória, que o padre jamais agiu dessa maneira”, diz trecho da nota.