Vítimas do preso por estuprar e matar bebê em Parauapebas podem passar de dez
Denúncia é feita por família de adolescente: Deyvyd Brito assediava garotas sob ameaças de mortes
Michele Santos, mãe de uma adolescente de 15 anos de idade, denunciou à redação integrada de O Liberal que sua filha, à época com 13 anos, e pelo menos mais 10 jovens, a maioria também de menores de idade, teriam sido vítimas de abusos sexuais de Deyvyd Renato Oliveira Brito, o homem preso na última quarta-feira (8), sob a acusação de ter estuprado e matado sua própria enteada, um bebê de apenas um ano e oito meses de idade, em Parauapebas, no sudeste paraense.
Michele assegurou que só agora, após a prisão de Deyvyd Brito, teve coragem de fazer a denúncia formal à polícia relatando os abusos sexuais cometidos contra a sua filha - justamente porque ela e a menor ficaram com pavor do acusado, em razão de tudo que enfrentaram e sabem sobre ele.
Michele Santos garante que Deyvyd, que se diz pai-de-santo da Umbanda, é pai biológico de 14 filhos, tidos com treze mulheres. E também que ele conseguia manter controle sobre suas vítimas conquistando inicialmente a confiança de parentes das menores - e, depois, através de aliciamento e ameaças de morte.
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"Ele foi à minha casa e de outras mães e pais para dizer que nossas filhas tinham mediunidade, (o que designa a alegada comunicação entre humanos e espíritos; ou a manifestação espiritual via corpo físico que não lhe pertence), e ele precisava trabalhar isso nas garotas.
Ele ficava de sete a 21 dias com as meninas, abusava delas e a partir daí começava a ameaçar e intimidar as adolescentes e jovens, acima de 18 anos, com promessas de bruxaria e pacto com o diabo. Elas demoraram a falar o que estava acontecendo.
"Sou mãe solteira, pra mim, foi difícil lidar com isso tudo'', afirmou Michele que junto com seus três filhos, é natural de Icoaraci, distrito de Belém. À época do abuso sexual de sua filha, Michele trabalhava como cuidadora de uma idosa em Icoaraci. Saía de casa pela manhã e só retornava quase de noite, deixando seus os filhos de 13, 11 e 10 anos de idade, sozinhos.
A menina de 13 anos, junto com colegas, passou a frequentar a casa de Deyvyd, em Outeiro, sem que a mãe soubesse. Quando Michelle descobriu as idas a Outeiro, soube pela própria adolescente que ela ia para ilha para ir à praia e também frequentar um terreiro de um homem, que se dizia pai-de-santo e era uma pessoa boa, mas essa impressão logo mudou e a menina de amiga virou vítima do abusador sexual.
Jovem foi confundida com a esposa do acusado
A filha de Michele dos Santos foi quem entrou em contato com a redação integrada de O Liberal, nesta sexta-feira (10), para retificar informações publicadas erroneamente sobre ela por alguns veículos da imprensa paraense - entre eles o jornal O Liberal, o Portal O Liberal e o jornal Amazônia, no episódio da prisão do acusado, em Parauapebas, na última quarta-feira (08).
Uma foto da adolescente ao lado do abusador na página da rede social Facebook, do próprio Deyvyd Brito, foi equivocadamente divulgada em matéria na última quinta (9), sob o título "Bebê estuprada e espancada pelo padrasto em Parauapebas pode ter sido vítima de ritual satânico" , (a matéria foi atualizada com uma foto real dos presos) identificando a filha de Michele dos Santos com a mãe da criança de um ano e oito meses morta.
"Minha filha só tem 15 anos. Ela é vítima junto com outras jovens. Ela viu a foto dela com a imprensa dizendo que ela era a mãe da criança, que morreu, e se trancou no quarto e começou a chorar. Fiquei desesperada'', contou Michele, que disse saber que a mãe da da bebê que morreu procurou Deyvyd Brito para pagá-lo para que ele fizesse um serviço de encantaria para ela abortar, mas ele convenceu a mulher de seguir com a gestação, protendendo assumir ela e a criança.
Michele contou à redação integrada o que ela e a filha viveram e ainda enfrentam juntas tentando apagar da memória a violência sexual cometida por Deyvid Brito. "Ele se aproveitou da inocência da minha filha porque agora quando o vi na tevê, eu o achei transtornado, mas quando ele vinha conversar comigo, era outra pessoa. Ele é esperto'', disse.
''Não sei o que ele faz mas as pessoas acreditam nele. Agora, tenho coragem de denunciar. Tenho irmãos em Icoaraci que vão odiar saber disso tudo. Nunca souberam. Não moro mais com meus filhos no Pará por causa desse homem. Ele tem de ficar na prisão para sempre'', completou Michele dos Santos, que pediu ajuda para denunciar o que sabe às autoridades de segurança pública à frente do caso, em Parauapebas.
Polícia cumpriu novo mandado de prisão contra acusado
Segundo a delegada Ana Carolina de Abreu, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Parauapebas, foi cumprido nesta segunda-feira (13) o novo mandado de prisão contra Deyvyd, após essa denúncia do caso de Outeiro ter chegado ao conhecimento da Polícia Civil. "Após termos ciência do caso, por meio da Delegacia local, cumprimos o mandado em aberto que ele tinha, avisando que ele tinha sido responsabilizado por esse novo caso", disse a delegada, destacando que o acusado já estava preso pela morte e estupro da bebê de um ano e oito meses.
Sobre a informação de que as vítimas de Deyvyd podem chegar a uma dezena, a delegada informou que outros casos não chegaram ao conhecimento da Polícia, mas que a divulgação da prisão pode fazer com que mais vítimas, de outras cidades, tenham coragem de denunciar o preso.
Polícia recebe denúncias
Quaisquer informações relacionadas a outras vítimas podem e devem ser repassadas às autoridades policiais pelo Disque-Denúncia (181) ou junto ao Centro Integrado de Operações (190). Não é necessário se identificar e a ligação é gratuita. A redação integrada de O Liberal também recebe a qualquer momento denúncias e informações de ocorrências em texto, áudio, fotos e vídeo pelo WhatsApp: basta contactar no número (91) 98439-8833.
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