Stalking: veja dicas para garantir a segurança em caso de ‘perseguição’ nas redes sociais
Entenda a importância de usar ferramentas na web para restringir o acesso à localização e outros dados pessoais
Casos de stalking no ambiente virtual ou na vida real podem culminar em prisão. A prática, que está na legislação brasileira, é chamada de ‘perseguição’, se caracteriza por monitorar, seguir ou assediar repetidamente uma pessoa com a intenção de causar medo ou prejudicar sua integridade física ou psicológica. Para se prevenir, é importante ter alguns cuidados com as informações compartilhadas nas redes sociais. Nesta segunda-feira (17/3), o professor universitário José Fontelles, especialista em segurança digital, fez orientações sobre as principais ações para evitar o crime.
Recentemente ganhou visibilidade na mídia o caso do assassinato de Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, morta com requintes de crueldade na Grande São Paulo (SP). Um laudo da perícia, feito no celular do principal suspeito do crime, Maicol Sales dos Santos, indica que ele monitorava os passos da jovem desde 2024 pelas redes sociais. Além disso, também teria um comportamento obsessivo em relação a ela.
Essa prática é uma realidade preocupante que exige atenção e medidas preventivas. Segundo José Fontelles, a questão da privacidade nas redes sociais é uma das principais saídas para quem deseja evitar a exposição pública.
“A pessoa deve tomar algumas medidas para restringir o acesso de estranhos. Acompanhar, de repente, se tem alguma pessoa estranha forçando algum tipo de interação ou contato também. Se isso for notado, imediatamente se deve reportar o caso à plataforma, bloquear o usuário que está incomodando, e aí ter mais privacidade também”, aconselha o especialista em segurança digital.
José Fontelles ressalta algumas atitudes que podem ser consideradas suspeitas em casos de perseguição nas redes sociais. “Muitas vezes pode ser que um stalker, uma pessoa desse tipo, já esteja forçando ou já tenha forçado algum tipo de interação com a pessoa. Caso perceba mensagens no direct ou comentários insistentes de desconhecidos, utilize as ferramentas de bloqueio das redes sociais”, alerta.
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O especialista ainda ressalta a importância de evitar o compartilhamento de informações pessoais demais. Ele afirma que é necessário escolher cuidadosamente as informações compartilhadas. “Há informações mais sensíveis, que a pessoa pode não gostar de compartilhar ao público. São coisas que podem deixar a segurança da pessoa em risco, como a localização quando está na rua, detalhes da vida pessoal que dêem acesso ao endereço ou uma atividade diária. Se a pessoa se sentir mais à vontade, ela pode criar o grupo de ‘Only Friends’, para que só familiares e amigos próximos possam ver”, sugere José Fontelles.
Vazamento de dados
Outra questão levantada pelo especialista é a questão de dados pessoais que acabam vazando na internet. “Eu aconselho as pessoas que elas, primeiro, tenham sempre o controle de onde acessam as informações. A primeira regra de segurança é controlar os dispositivos utilizados, evitando o uso de múltiplos aparelhos para acessar contas pessoais. Se precisar utilizar um WhatsApp web no trabalho ou em outro local, a pessoa pode sempre logar e deslogar. Também deve programar para autorizar e desautorizar o acesso pelo celular”, recomenda José Fontelles.
Segundo ele, a atualização regular de senhas é crucial. “Como fica tudo salvo nos celulares, fica armazenado para que o acesso seja rápido. Então, o que as pessoas podem fazer é, de tempo em tempo, sempre tentar atualizar as senhas”, orienta o especialista. Ele destaca que, mesmo que a senha siga um padrão, é importante que ela seja alterada periodicamente.
Fontelles aponta que a exposição de dados online é resultado de uma combinação de fatores. “Ainda tem uma parcela de culpa, vamos dizer assim, das ferramentas. Porque os sistemas, as ferramentas e aplicativos ainda estão evoluindo, em termos de segurança”, afirma. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é um passo importante, mas a evolução da segurança online é um processo contínuo.
Saiba como identificar o ‘stalking’
A ‘perseguição’ é um crime em que pessoas ou perfis falsos acompanham a rotina de alguém e ameaçam a integridade física ou psicológica das vítimas. Caso condenado, o perseguidor pode pegar até 2 anos de prisão.
As principais características são: a vítima é constantemente vigiada; observada dentro ou fora do meio virtual; e insistentemente incomodada pelo autor do crime.
O autor costuma tentar contato de forma indesejada ou agressiva; faz ameaças ou divulga injúrias; e invade a privacidade da vítima, acessando redes sociais, e-mails e dispositivos de mensagens.
A vítima sente necessidade de privar suas contas nas redes sociais, tem medo de sair de casa e costuma bloquear perfis e números de telefone.
Denunciar
Para denunciar casos de stalking, basta procurar a delegacia mais próxima ou registrar uma ocorrência pela Delegacia Virtual. Reunir provas da perseguição é importante, pois elas servirão de evidência para as investigações.
Em casos de emergência, a vítima deve ligar para o Disque-denúncia pelo número 181 ou falar com a assistente virtual Iara, pelo contato WhatsApp: (91) 98115-9181.
Medidas protetivas também podem ser solicitadas quando o crime for cometido dentro dos aspectos da violência doméstica, onde a vítima que está sendo perseguida tenha algum tipo de envolvimento com quem comete o crime.