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Programação no Mercado de São Brás relembra os 27 anos do ‘Massacre de Eldorado dos Carajás’

Segundo a organização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o '17 de abril' se faz necessário em defesa da terra e da luta pela reforma agrária

O LIBERAL

​Integrantes do Movimento Sem Terra (MST) promoveram nesta segunda-feira (17), no Mercado de São Brás, em Belém, um ato para relembrar os 27 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, quando 19 trabalhadores rurais foram assassinados por policiais militares. A programação que marca esse episódio prossegue até a quinta-feira (20) com apresentações musicais, exposições de fotografias e faixas, além de depoimentos de representantes de movimentos sociais.

Jane Cabral, integrante da coordenação nacional do MST, explica que desde 1996, ano em que ocorreu o massacre, o movimento se faz necessário em defesa da terra e representa a luta pela reforma agrária. “Essa data traz um histórico de luta pela terra, pela reforma agrária. A gente luta para que a reforma aconteça e a fome deixe de existir no nosso país. O Abril Vermelho e o dia 17 de abril, para nós são sinônimo de luta. Significa relembrar dos nossos companheiros que foram brutalmente assassinados na 'curva do S'", defendeu, ao acrescentar que a programação desta segunda-feira foi pensada especialmente para homenagear os “mártires de Eldorado dos Carajás”.

“A mensagem que deixamos é para que as pessoas procurem conhecer melhor o Movimento Sem Terra para saber por que a gente luta pela terra, para saber por que a gente quer a terra. Nós queremos para produzir. Vamos defender a reforma agrária porque ela significa alimento para o povo brasileiro”, argumentou.

Relembre o caso

Em 17 de janeiro de 1996, ocorreu um episódio que ficou marcado na história do Pará: o Massacre de Eldorado dos Carajás. Na ocasião, 21 camponeses foram mortos após acamparem, em forma de protesto, na “Curva do S”, trecho da BR-155 em Eldorado do Carajás, sudeste do Pará. O objetivo era marchar até a capital, Belém, e conseguir a desapropriação da fazenda Macaxeira, ocupada por 3,5 mil famílias sem-terra.

O protesto do grupo reunia cerca de 1.500 pessoas e havia começado no dia 10 de abril. Já no 7º dia da mobilização, a Polícia Militar, com o emprego de 155 agentes, interveio como forma de conter a marcha que, segundo informações, estaria obstruindo a rodovia BR-155, à época PA-150, que liga a capital ao sul do Pará. Durante o confronto, 19 pessoas morreram no local e outras 2 no hospital, após tentativa de socorro médico.

O episódio se deu na gestão de Almir Gabriel, o então governador do Estado. A ordem para a ação policial partiu do secretário de Segurança do Pará, Paulo Sette Câmara. Segundo o legista Nelson Massini, que fez a perícia dos corpos, pelo menos 10 sem-terra foram executados à queima roupa. Sete lavradores foram mortos por instrumentos cortantes, como foices e facões.

Polícia