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Policiais acusados de matar dois jovens durante velório em Belém são absolvidos

Os jurados absolveram os réus por negativa de autoria, acompanhando o posicionamento do Ministério Público e das defesas

O Liberal

Os policiais militares Mikenedy de Freitas Leão e Walmir Monteiro Bezerra foram absolvidos, nesta quinta-feira (10), das acusações de homicídio qualificado contra Flávio dos Santos Miranda Júnior, de 18 anos, e Elliott Alves Pereira, de 17. O julgamento ocorreu no Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA), em Belém, e durou o dia inteiro. A sentença foi proferida por volta das 18h40, quando os jurados absolveram os réus por negativa de autoria, acompanhando o posicionamento do Ministério Público e das defesas.

O caso aconteceu em abril de 2013, durante o velório de Anderson Tavares — suspeito de matar um policial militar — no centro comunitário Associação Santos Dumont, no bairro de Val-de-Cans. Segundo relatos da época, quatro homens armados chegaram em duas motos ao local e dispararam contra as pessoas que estavam no velório. Flávio e Elliott foram baleados e levados ao Hospital Metropolitano, em Ananindeua, mas não resistiram. Uma terceira pessoa também ficou ferida.

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Durante o julgamento, presidido pelo juiz Edmar Silva Pereira, do 1º Tribunal do Júri da Comarca da Capital, foram ouvidas oito testemunhas — cinco presencialmente e três por videoconferência. A primeira a depor foi a delegada Maria Cristina Valle Esteves, responsável por solicitar a abertura do inquérito. Ela detalhou a linha de investigação que levou à denúncia dos policiais.

O início do julgamento sofreu um atraso por conta de pedidos de adiamento feitos por dez advogados da defesa, que alegaram a ausência de testemunhas. Os pedidos, no entanto, foram negados pelo juiz do caso.

Durante seu depoimento, Mikenedy Leão negou participação no crime. Ele afirmou que, à época dos fatos, era soldado e fazia a segurança do promotor de justiça Luiz Márcio Cipriano. No dia do fato ele teria levado o promotor ao velório de um policial que havia sido vítima de latrocínio e, após essa missão, foi liberado para lanchar e trocar de roupa, pois pretendia ir a uma festa.

O promotor Gerson Daniel da Silveira sustentou a acusação, mas reconheceu que as testemunhas arroladas pelo Ministério Público não foram localizadas. Uma das testemunhas ouvidas, um cabeleireiro responsável por ajudar na confecção de um retrato falado, afirmou não se lembrar de ter participado do procedimento. O retrato falado chegou a apontar semelhança de 80% com o policial Mikenedy. Não foram divulgadas informações sobre o depoimento do segundo acusado, Walmir Monteiro Bezerra.

Ao final do julgamento, os advogados criminalistas Lucas Sá, Paulo Bona, Américo Leal, Marco Mejia, Samio Sarraf, Marcos Zanuzo e Henrique Almeida, que trabalharam na defesa dos policiais, se manifestaram sobre a absolvição por meio de nota.

Veja o comunicado na íntegra:

A defesa dos policiais militares Mikenedy de Freitas Leão e Walmir Monteiro Bezerra vem a público manifestar que, após 13 anos de um processo, foi finalmente feita justiça. Na tarde desta quinta-feira (10), o Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA) absolveu, por unanimidade, ambos os réus das acusações que lhes foram atribuídas.

A decisão dos jurados reconhece o que sempre foi sustentado ao longo de todos esses anos: a inexistência de qualquer prova que vinculasse os policiais à autoria dos crimes. Esse entendimento foi igualmente compartilhado pelo Ministério Público, que, em plenário, também defendeu a tese da negativa de autoria.

A absolvição encerra um capítulo doloroso da vida dos acusados, marcado por anos de espera, desgaste e comprometimento da imagem pessoal e profissional. Com o desfecho do julgamento, espera-se que ambos possam retomar suas rotinas com a tranquilidade de quem teve sua inocência reconhecida pelo sistema de Justiça.

Polícia