As apreensões da supermaconha este ano, no Pará, já superaram o volume registrado durante todo o ano de 2023. Em 2024, de janeiro a outubro, foram apreendidos 8.455,216 quilos de entorpecentes do tipo maconha em todo o Estado. Em 2023, de janeiro a dezembro, foram contabilizados 5.895,234 kg de maconha apreendidos. Os números foram divulgados pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup).
O skunk, também conhecida como supermaconha, é uma droga mais potente que a maconha. Ambas são retiradas da espécie Cannabis sativa e, por esse motivo, possuem em suas composições o mesmo princípio ativo - THC (Tetra-Hidro-Canabinol). Por ser feita a partir da própria maconha, essa droga possui os mesmos efeitos, porém potencializados: palidez, excitação, risos, depressão ou sonolência, aumento de apetite por doces, olhos avermelhados, dilatação das pupilas, alucinações. O valor de mercado também é muito superior ao da maconha tradicional.
Em entrevista à Redação Integrada de O Liberal, o titular da Segup, Ualame Machado, disse que o skunk é um produto surgido recentemente, há quase 10 anos. O Brasil sempre produziu a maconha comum na região conhecida como 'Polígono da Maconha', em Pernambuco, e também em alguns pontos do Pará. Mas o país nunca produziu cocaína e nem a supermaconha.
“Ela passou a ser produzida, em larga escala, mais recentemente pela Colômbia, que sempre foi conhecida como um grande produtor de cocaína. Ela perdeu esse status de maior produtor de cocaína do mundo para a Bolívia e Peru”, disse. “A Colômbia, basicamente, se voltou toda para a produção do skunk. Daí o reflexo do Pará ter começado a apreender muito o skunk, porque o principal corredor de droga da Amazônia e do Pará é o rio Amazonas”, explicou. Hoje, praticamente quase toda a droga nesse modelo skunk que a Colômbia fabrica é escoada pelo rio Amazonas.
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Pelos rios há mais apreensão da supermaconha
No Pará, há mais apreensão dessa droga na área fluvial, tendo em vista que a entrada desse entorpecente, no Estado, se dá quase que exclusivamente vindo do Amazonas. “Por fazer fronteira com a Colômbia, a gente tem apreendido muita droga na região de Juruti-Óbidos, onde nós temos a Base Candiru, e também na região de Antonio Lemos, em Breves, que é aquilo que possivelmente conseguiu se desviar da Base de Óbidos, que é recente - três meses”, disse o titular da Segup.
“Mas Breves tem se destacado também nessas apreensões, ao ponto de a gente ter tido agora, no mês de outubro, mais de uma tonelada de droga apreendida em várias apreensões seguidas”, afirmou. Este ano, o Pará já apreendeu 12 toneladas de entorpecentes. “É o ano em que a gente mais aprendeu droga na história e isso se deve certamente ao fato de que a gente montou uma estratégia fluvial muito boa. Não se tinha uma estratégia realmente montada para interceptar drogas em grande escala”, contou.
“Hoje nós temos a Base Candiru, que intercepta na região entre Juruti e Óbidos. A Base Antonio Lemos, que intercepta no Marajó. E estamos em construção para entregar no início de 2025 a base que será no rio Tocantins, na verdade entre Barcarena e Abaetetuba, que irá não só fiscalizar a entrada do Tocantins, mas também o porto de Vila do Conde, em Barcarena, que é o principal porto exportador de droga na região e um dos principais do Brasil, inclusive”, afirmou o secretário Ualame Machado.
O Estado conta com 86 lanchas. Eram cerca de 30, em 2019. “Das 86, seis delas totalmente blindadas e que foram fundamentais para as grandes apreensões, como as de três toneladas. E, além disso, as bases fluviais, que têm sido realmente um diferencial, um divisor de águas”, afirmou.
Quem trafica a maconha comum produzida no Brasil são traficantes locais e regionais
Normalmente quem trafica a maconha comum, a produzida no Brasil, são traficantes locais e regionais. “A supermaconha, que é o skunk, tem algo mais elaborado. Organizações criminosas também atuam nesse ramo. Porém, não há informação muito clara de que essa supermaconha é exportada. Ela normalmente é consumida no mercado interno. Claro, uma vez ou outra pode ir para o mercado externo”, disse.
Em 2025, o Estado deve implementar a terceira base fluvial, em Abaetetuba. “Essa terceira base para a gente é fundamental porque ela permite fiscalizar tudo aquilo que iria para a região de Abaetetuba, que é uma região reconhecida também por esse comércio”, disse. “Aquilo que chegaria a Belém e que porventura não foi interceptado em Breves ou em Óbidos, e além disso também a estratégia fluvial de aquisição de mais embarcações. Tudo isso de forma integrada. Temos melhorado muito o nosso Grupamento Fluvial. E temos vários tipos de embarcações sendo utilizadas, para que a gente possa ter a estratégia correta para cada região do estado”, concluiu o titular da Segup.