Operação ‘Retomada’ prende advogada suspeita de integrar associação criminosa atuante no Pará
Após meses de investigação, os policiais conseguiram identificar os membros da organização, tanto aqueles que operavam diretamente em Rondon do Pará quanto os que forneciam suporte financeiro, determinações e informações sobre os crimes praticados
Uma advogada de 29 anos foi presa na sexta-feira (26), em Belém, durante a operação “Retomada”, que investiga suspeitos de integrar uma organização criminosa atuante na cidade de Rondon do Pará, no sudeste do estado. A advogada foi localizada no apartamento dela, na travessa Tavares Bastos, no bairro da Marambaia. Segundo a polícia, uma equipe da Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil – seção Pará (OAB-PA) acompanhou a prisão. Não há detalhes sobre como funcionava a suposta participação da jovem dentro do grupo investigado pela polícia.
“A Polícia Civil informa que, durante a operação Retomada, a equipe policial deu cumprimento a um mandado de prisão contra uma advogada investigada por fazer parte de uma associação criminosa. A Comissão de Prerrogativas da OAB foi acionada para acompanhar a prisão, ocorrida em Belém. A suspeita segue presa e à disposição da Justiça”, informou a PC na manhã deste sábado (27).
Durante a operação “Retomada”, onze pessoas já foram presas, incluindo a advogada. Segundo a Polícia Civil, os trabalhos policiais tiveram início na segunda-feira (22) e se estenderam até a sexta (26). O objetivo era desarticular uma organização criminosa que atua em Rondon do Pará desde de 2023. A quadrilha, segundo a polícia, era responsável por crimes como tráfico de drogas, homicídios, roubos e furtos, o que aumentava os níveis de criminalidade no município.
Após meses de investigação, os policiais conseguiram identificar os membros da organização, tanto aqueles que operavam diretamente em Rondon do Pará quanto os que forneciam suporte financeiro, determinações e informações sobre os crimes praticados.
“Estas operações têm a finalidade principal de promover e articular ações no sentido de combater essas facções criminosas, de modo a reduzir os crimes de tráfico de drogas, roubos e outros ilícitos, garantindo a segurança pública em Rondon do Pará e em todo nosso estado”, explicou o delegado-geral da Polícia Civil do Pará (PCPA), Walter Resende.
Foram expedidos 16 mandados de prisão preventiva, dos quais 11 já foram cumpridos. A operação “Retomada” recebeu este nome devido aos diálogos interceptados entre os membros das facções, que frequentemente usavam a expressão “vamos tomar a cidade” para impor poder e intimidar a população. Desde 2023, diversas diligências resultaram em prisões em flagrante, quebra de sigilos telefônicos, apreensão de drogas, campanas, coletas de depoimentos e dados.
A ação contou com o apoio de equipes da Polícia Civil das cidades de Conceição do Araguaia, Núcleo de Atendimento Integrado (NAI) de Redenção, Moju, Marabá e Abaetetuba, Seccional do Guamá, além da colaboração da Polícia Civil de Arcos, em Minas Gerais, e Araguaína, no Tocantins.
“A Delegacia de Polícia Civil de Rondon do Pará reafirma o seu compromisso com a população, sendo instrumento de defesa da comunidade contra a atividade criminosa. Nossas operações e ações atuam em conjunto com demais forças de segurança para combater, cada vez mais, a criminalidade”, afirmou o delegado Thiago Dias.
Em nota a Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Pará informou que "após o cumprimento do mandado de prisão da advogada por parte da Polícia Civil do Pará, realizado na última sexta-feira (26 de julho), em Belém, a Comissão de Defesa das Prerrogativas da OAB-PA atuou para garantir que a profissional seja mantida em Sala de Estado Maior, conforme estabelecido pela Lei 8.906, de 04 de julho de 1994 (Estatuto da Advocacia)".
"Ao tomar conhecimento que a advogada é lactante neste sábado (27 de julho), a Ordem deverá se habilitar nos autos do processo e ingressar, juntamente com a defesa constituída pela profissional, para pugnar que a prisão da mesma seja convertida em domiciliar, direito resguardado a todas as mulheres, de acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2018", completa a nota.