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Morte de tirador de barro durante ação da PM continua sem solução

Policiais envolvidos em operação Diataxi, que baleou quatro, trabalham normalmente. Família reclama falta de assistência

Cleide Magalhães

Quatro meses e meio após a realização da Operação Diataxi 7 - a ação da Polícia Militar e Polícia Civil que baleou, em novembro passado, quatro tiradores de barro, um deles assassinado com um tiro na cabeça, no bairro do Paracuri, em Icoaraci - o inquérito que apura o caso ainda está em andamento pela Divisão de Crimes Funcionais (Decrif) da Corregedoria da Polícia Civil do Pará.

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Para continuar com as investigações, segundo informações da assessoria de comunicação da Polícia Civil, a autoridade policial aguarda o deferimento do retorno do inquérito da Justiça do Estado à Decrif, delegacia responsável em apurar situações que envolvem agentes de Segurança Pública.

“O delegado responsável informou que o inquérito foi remetido à Justiça, mas com solicitação de retorno à Decrif, para realizar mais diligências que precisam ser feitas. E também para aguardo de laudos periciais solicitados ao Centro de Perícias Renato Chaves", informou esta manhã, em nota, a Polícia Civil.

Por determinação da Corregedoria Geral da Polícia Civil, na segunda semana de dezembro de 2018 o inquérito foi transferido da Seccional de Icoaraci para a Dcrif, que funciona na própria Corregedoria.

APURAÇÃO

Inicialmente, o inquérito que apura a Operação Diatáxi 7 da PM foi instaurado na Seccional de Icoaraci, onde as primeiras providências foram tomadas, como a coleta dos depoimentos da guarnição da PM responsável pela operação policial e o recolhimento do armamento usado na ação policial - para passar por perícia de balística. 

Além disso, o delegado de Icoaraci mandou remover o corpo do oleiro Osmair Pereira Monteiro, 42 anos, conhecido como "Gitão", para um exame de necropsia no Centro de Perícias Científicas Renato Chaves. A intenção era apontar a causa da morte e outras informações necessárias à apuração dos fatos.

Segundo a Polícia Civil, a transferência do inquérito serviu para dar para continuidade nas apurações. "A Divisão de Crimes Funcionais assumiu as investigações, por ser a delegacia responsável em apurar situações que envolvem agentes de Segurança Pública”, esclareceu.

INQUÉRITO

Além do Inquérito Policial Civil, existe o Inquérito Policial Militar da Corregedoria da Polícia Militar, que poderá punir administrativamente os policiais militares. Segundo o corregedor geral da Polícia Militar, coronel Mauro Pedra, no dia 1º de fevereiro deste ano, a Corregedoria da PM encaminhou os autos de procedimento investigatório sobre a operação à Justiça Militar.

Ainda segundo o coronel, o procedimento foi concluído pela Comissão dia 22 de janeiro deste ano. Na mesma data foi encaminhado para a Secretaria da Corregedoria-Geral, onde passou por análises antes de ser levado à Promotoria Militar do Ministério Público do Estado, no dia 1º de fevereiro de 2019.

 

Também na entrevista concedida à Redação Integrada de O Liberal, dia 12 de fevereiro deste ano, o coronel Mauro Pedra disse que para a elaboração dos autos do processo foram ouvidos policiais e civis (pessoas comuns) e poderia haver novas diligências, caso a Justiça Militar solicite.

"O encarregado da PM no processo ouviu as pessoas que achou que deveria ouvir. Mas, depois que for encaminhado à Justiça Militar, o juiz ou promotor pode solicitar novas diligências, como as perícias das armas feitas pelo Instituto Médico Legal (IML) e a inclusão de outras pessoas. Ou eles mesmos podem fazer e dar andamento no caso", disse. 

Ele informou ainda que os policiais militares que estariam envolvidos com a situação trabalham normalmente. "Não houve determinação para que fossem afastados, então eles continuam nas atividades normais." 

A Promotoria de Justiça Militar do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) foi contactada para se manifestar sobre os autos encaminhados pela Corregedoria da PM e as medidas que deverá tomar sobre o caso, mas a Promotoria informou que ainda levanta se o cartório da Justiça Militar já remeteu os autos ao Ministério Público Militar para dar um retorno ao Grupo Liberal.

OPERAÇÃO

Após 138 dias da Operação Diataxi 7 da Polícia Militar, os sobreviventes ainda não contam com nenhum tipo de reparo pelo Estado e buscam apoio jurídico e financeiro.

A operação objetivava intensificar o enfrentamento ao tráfico de drogas na capital, mas acabou baleando quatro barreirenses no bairro do Paracuri, em Icoaraci, em Belém. Um deles morreu na hora: Osmair Pereira Monteiro, 42 anos, conhecido como "Gitão".

Quando o fato ocorreu, na manhã de 22 de novembro de 2018, os dez trabalhadores estavam distribuídos em três embarcações na região de mata do Paracuri para coleta de argila, matéria-prima utilizada na criação do artesanato de Icoaraci.

Polícia