Liderança do Comando Vermelho acusada de mandar matar miliciano 'Cilinho' é presa em Belém
Uma operação da Polícia Civil do Pará realizada na tarde desta quarta-feira (22) resultou na prisão de uma mulher apontada como uma das líderes do Comando Vermelho no Pará e mandante da execução do ex-policial militar Otacílio José Queiroz Gonçalves, conhecido como 'Cilinho', morto em um atentado a tiros em abril de 2023, no bairro do Guamá.
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Segundo investigações conduzidas pela Delegacia de Homicídios de Agentes Públicos (DHAP), Roberta Miranda Nascimento é uma das principais lideranças da facção no Pará, exercendo grande influência no tráfico de armas e drogas principalmente no bairro do Guamá, onde foi detida durante a tarde, na residência de familiares. Roberta foi apresentada na DHAP por volta das 19h30 e durante todo o tempo manteve-se em silêncio.
De acordo com a polícia, ela esteve foragida durante anos, escondida no Complexo da Penha, bairro da zona Norte do Rio de Janeiro com cerca de 100 mil habitantes, uma área controlada e usada como base operacional pelo Comando Vermelho. Nesse período, Roberta teria articulado o transporte de armamentos e drogas para Belém, consolidando seu poder no bairro do Guamá, onde exercia cargo de confiança da facção.
Relembre o caso
Na data do homicídio, 23 de abril, a 'Cilinho' foi atacado por três indivíduos que efetuaram vários disparos, levando o ex-PM à morte imediata. Segundo as investigações, os autores do crime utilizaram uma quitinete alugada em frente à residência de Otacílio para monitorá-lo durante semanas antes da execução. Após o ataque, os suspeitos fugiram do local.
A polícia destacou que a prisão de Roberta representa um golpe contra o Comando Vermelho no Pará. As investigações prosseguem e as autoridades trabalham para identificar e capturar outros envolvidos no caso.
Quem era Cilinho
Otacílio José Queiroz Gonçalves, também conhecido como 'Cilinho', foi um ex-policial militar acusado de ser integrante da milícia 'Irmãos de Farda' e de ter envolvimento com uma série de execuções ocorridas nos bairros da Terra Firme e Guamá como retaliação pela morte do cabo da PM Marco Antônio Figueiredo, conhecido como 'Pet', em 2014. Em novembro de 2014, após a morte de cabo Pet, que era integrante da Ronda Ostensiva Tática Metropolitana da Polícia Militar (Rotam), 11 jovens foram assassinados em diferentes bairros da periferia de Belém num curto espaço de tempo.
Em 2015, Cilinho chegou a ser condenado pela 2ª Vara Penal do tribunal do júri à pena definitiva de 29 anos de reclusão pelos crimes de homicídio qualificado, quadrilha ou bando, crimes do sistema nacional de armas, mas sua defesa conseguiu que ele pudesse aguardar o julgamento dos recursos em liberdade, chegando até mesmo a alegar insanidade mental do acusado. No entanto, antes da decisão final, Cilinho foi morto no bairro do Guamá, em Belém, no dia 23 de abril de 2023.