Jornalista acusa prefeito de Tucuruí e seguranças de sequestro e agressão
Na ocorrência policial, vítima diz que foi agredida por seguranças e pelo próprio prefeito do município, que nega acusações. Sindicato dos Jornalistas e OAB-PA repudiam agressão física a jornalista
O jornalista Sandro André da Silva Ferreira, 49 anos, foi agredido na tarde de sexta-feira (30) em Tucuruí, sudeste paraense. A vítima conta que foi sequestrada, espancada e teve o material de trabalho roubado enquanto fazia reportagem sobre postos de saúde fechados no município. Os responsáveis pela agressão seriam os seguranças e o próprio prefeito de Tucuruí, Alexandre Siqueira (MDB). A assessoria de comunicação da prefeitura nega as acusações.
De acordo com o Boletim de Ocorrência, o crime ocorreu por volta das 16 horas, quando Sandro filmava um posto de saúde fechado. O jornalista conta que foi agredido por um dos seguranças, sequestrado e colocado dentro de uma caminhonete. Durante o trajeto, Sandro voltou a ser agredido na cabeça, no peito e no abdômen pelos seguranças e pelo prefeito de Tucuruí, Alexandre Siqueira.
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Segundo o Sindicato de Jornalistas no Estado do Pará (Sinjor-PA) e a Comissão em Defesa da Liberdade de Imprensa e Expressão da OAB-PA, as agressões apenas cessaram quando o jornalista foi levado para a delegacia do município, onde o gestor municipal, Alexandre Siqueira, ainda insultou o advogado de defesa da vítima, advogado Gabriel Lambert. Em seguida, Sandro foi atendido na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Tucuruí. O jornalista realizou na manhã deste sábado (31) exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) de Tucuruí.
Sandro é repórter cinematográfico e possui um canal no Youtube chamado “Sandro André News”. Ainda no boletim de ocorrência, ele informou que é natural de Belém e contou que está em Tucuruí há apenas uma semana, município para o qual viajou para realizar “trabalhos variados na cidade, desde investigações até comercias natalinos”.
Por meio de nota, o Sinjor-PA e a Comissão em Defesa da Liberdade de Imprensa repudiaram com veemência a "ação covarde" contra o jornalista. As entidades estão acompanhando o caso e em contato com entidades nacionais de jornalistas e dos direitos humanos na tentativa de resguardar a integridade de Sandro André e responsabilizar os agressores.
Em contato com a reportagem, a Polícia Civil informa que o caso foi registrado na Seccional Urbana de Tucurui e que "todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas para elucidar o caso, que é investigado sob sigilo".
Prefeitura nega participação em agressão
A assessoria de comunicação da Prefeitura de Tucuruí nega a participação de Alexandre Siqueira nas agressões ao jornalista, afirma que as "acusações são totalmente infundadas" e que se trata de "uma ação orquestrada de um grupo político local". Por meio de nota encaminhada à reportagem, a assessoria ainda alega que Sandro André estaria rondando a casa do prefeito há dias, chamando a atenção dos seguranças, que encaminharam o repórter cinematográfico à delegacia devido ao histórico de assassinatos de prefeitos na região.
A versão a assessoria é corroborada por um Boletim de Ocorrência registrado por Marelino Luciano dos Anjos Pereira, Subtenente da Polícia Militar do Pará. No relato do PM, a movimentação suspeita de Sandro fez ele fosse segurado por populares e detido pela polícia ao tentar fugir do local. Ainda no relato de Marcelino, o jornalista teria afirmado ter sido contratado por uma adversária política do prefeito de Tucuruí para a produção de conteúdo.
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