‘Hétero Top’: Maurício Filho completa 1 mês na cadeia; investigações devem ser concluídas este mês
O rapaz está preso desde o dia 9 de dezembro passado e, atualmente, se encontra na Cadeia Pública para Jovens e Adultos (CPJA), no Complexo Penitenciário de Santa Izabel
A prisão de Maurício César Mendes Rocha Filho, de 25 anos, completa um mês nesta segunda-feira (9). Desde dezembro passado, o jovem está sob custódia da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e se encontra na Cadeia Pública de Jovens e Adultos (CPJA), em Americano, no município de Santa Izabel do Pará, na região metropolitana de Belém. O rapaz já teve um pedido de habeas corpus negado pelo Poder Judiciário.
Maurício, que se autointitulava “Hétero Top” nas redes sociais, foi preso durante a operação “Exposed”, da Polícia Civil do Pará, suspeito de vazar vídeos íntimos da influenciadora digital Luma Bonny, de 23 anos. O crime ocorreu em 6 de novembro de 2022. Dois dias depois, Luma se jogou do sétimo andar de um prédio localizado no centro de Belém. Na internet, o movimento #JustiçaPorLumaBonny pede respostas das autoridades para o ocorrido.
Após a repercussão do caso, pelo menos, outras sete vítimas de Maurício procuraram a Polícia Civil para denunciá-lo formalmente, segundo o advogado de defesa da família Bonny, o criminalista Filipe Silveira. Devido ao recesso forense, que suspende o expediente nos órgãos do Poder Judiciário, na sexta-feira (6), Silveira informou à reportagem de O Liberal que não há novidades sobre o caso, mas as investigações continuam e devem ser concluídas até o final do mês pela Polícia Civil do Pará, por meio da Divisão de Combate a Crimes Contra Grupos Vulneráveis Praticados Por Meios Cibernéticos (DCCV).
Para a família de Luma, Maurício é o principal responsável pela morte dela. Os familiares dizem que o rapaz embebedou, drogou, abusou e filmou a influenciadora, que estava desacordada, publicando o vídeo íntimo em sua antiga rede social.
Maurício teria exigido dinheiro da vítima fazendo chantagem para não enviar o vídeo ao pai dela, conforme conta o próprio genitor, o empresário Bony Monteiro. O rapaz não recebeu a quantia que estaria pedindo e, então, vazou a gravação.
Falso advogado
De acordo com as vítimas de Maurício, o rapaz se apresentava como advogado e comentava sobre uma vida de luxo e “muito dinheiro” que ele teria. No perfil que mantinha numa rede social, Maurício exibia uma balança – símbolo da advocacia – em sua biografia. A conta usada pelo rapaz foi desativada logo após a morte de Luma.
Procurada pela reportagem, uma fonte da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Seção Pará, confirmou que o “Hétero Top” não consta no quadro de advogados inscritos na instituição.
Processos
Em uma rápida consulta no site do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA), é possível verificar que Maurício possui uma vasta ficha criminal. Ele responde a, pelo menos, oito processos que não correm em segredo de justiça, conforme consta no endereço eletrônico.
As acusações contra o falso advogado envolvem crimes como difamação, injúria, ameaça, violência doméstica, divulgação de cena de estupro, sexo ou pornografia, além de pedidos de medidas protetivas e indenização por danos materiais.
Um dos processos disponíveis para consulta no site do TJPA é referente a um pedido de medida protetiva em favor de uma jovem que acusa Maurício de violência psicológica. No documento, que é de novembro deste ano, o juiz Ivan Delaquis Perez defere o pedido à requerente em caráter de urgência.
Na decisão, o juiz considera que determina que Maurício fica proibido de se aproximar da vítima a uma distância mínima de cem metros, de manter contato com a jovem por qualquer meio de comunicação e ainda de frequentar a casa dela.
No documento, assinado pelo magistrado, ele avalia que “em face das informações prestadas pela requerente perante a autoridade policial e tendo em vista que a demora do provimento jurisdicional pode acarretar dano irreparável ou de difícil reparação à vida, integridade física, moral e psicológica da vítima”.
Medidas protetivas
Maurício César aparece em um vídeo em que desdenha de uma medida protetiva em favor de uma jovem deferida em caráter de urgência pelo juiz Ivan Delaquis Perez contra ele.
A filmagem foi compartilhada no perfil da comunicadora Bruna Lorrane. No vídeo, Maurício aparece caminhando nas ruas de um condomínio, de óculos escuro, e comenta sobre a medida. Ele chega a tirar sarro da ordem judicial e mandar um beijo para a câmera: “estou morrendo de medo”. “Sobre a medida protetiva vir me buscar: p** no ** do guarda. Estou aqui morrendo de medo”, debocha.
Áudio vazado
Poucos dias após a prisão do “Hétero Top”, um áudio que começou a circular nas redes sociais mostrava um suposto amigo de Maurício César Mendes Rocha Filho, identificado como Guilano Anaissi, comentando a prisão do suspeito de divulgar vídeos íntimos de mulheres na internet. Na gravação, o suposto amigo debocha das vítimas e levanta a suspeita de ter envolvimento com as ações de Maurício.
O material foi divulgado no perfil da comunicadora Bruna Lorrane, que tem acompanhado o caso e compartilhado as notícias nas redes sociais. No áudio, Guilano fala sobre o fato de não morar no Brasil e isso dificultar o processo da Justiça. Em seu perfil no Facebook, Guilano informa que mora em Orlando, cidade localizada no estado norte-americano da Flórida.
“Eu vou te explicar a situação agora. O processo, beleza, vou ser processado. Vão ter que pegar onde eu moro. Eu nem moro no Brasil, então, tipo assim, não tenho endereço fixo no Brasil contra crimes cibernéticos. Então, para me processar, vai ter que fazer um bando de trâmites e vai demorar muito”, alega Guilano.
Ainda no áudio, Guilano Anaissi minimiza a gravidade da situação. “Aí, eu estou para cá. Até me pegarem, esse crime é de baixa periculosidade, no caso, é de 1 a 3 anos de cadeia, tu nem ficas na cadeia. Então, o advogado resolve tudo para mim, eu nem preciso participar da audiência e se eu tiver que participar, pode ser online”, diz Guilano na gravação. No mesmo áudio, Guilano debocha sobre a vítima e a demora para ser processado.
“Até eu ser processado e julgado, vai ser uns 5 anos e depois de 5 anos que a foto dela está lá, que a vida dela está arruinada, aí, eu vou lá e pago a indenização dela”, finaliza.
Após a morte da influenciadora Luma Bony, Guilano utilizou as redes sociais para sair em defesa de Maurício, afirmando que o rapaz, a quem ele chama de “amigo”, não fez nada. A publicação foi feita no Facebook. Guilano compartilhou a entrevista que a família de Luma concedeu à reportagem de Oliberal.com e escreveu:
“Ê, rapa, vocês são doentes, na moral. O moleque não fez nada. Por que não prenderam o ex-dela? Que ela falava que só dele, que maltratava ela, que tratava ela que nem um cachorro. Injustiça, amigo. Eu avisei você. Se não falasse a verdade e ficasse calado, ia sobrar somente para você”, escreveu na época. Com o vazamento do suposto áudio, o rapaz excluiu a publicação.
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