Grávida testemunha a tortura do marido e perde bebê com dois meses
Vítima das agressões procurou a Delegacia de Polícia para relatar que foi agredida para confessar um crime que não cometeu
Um caso de violência com requintes de tortura foi registrado em Boletim de Ocorrência feito por Matheus dos Santos Silva junto à 20ª Seccional de Polícia Civil de Parauapebas, na manhã desta terça-feira (4). A vítima relatou ter sido alvo de um "interrogatório" seguido por agressões praticadas por quatro indivíduos no último dia 30. A violência teria sido praticada sob as ordens do dono do imóvel em que ele e a esposa residem, na localidade conhecida como Serra do Cedro.
De acordo com o relato de Matheus, na noite da última sexta-feira ele a esposa, Rosicleia Silva Almeida, foram acordados com batidas à porta. A esposa levantou-se para atender e foi surpreendida por quatro homens, um deles conhecido como “Neguinho da Voz”, que cedeu a casa para que os dois morassem.
Armados, os quatro homens renderam e conduziram o casal amarrado até o terreno de um homem a quem chamam de “Maré”. Lá, Matheus foi torturado para que confessasse o roubo de gado, motosserra, panelas, extensão elétrica e galinhas da propriedade. Diante da esposa, ele teve o dedo prensado por um alicate e levou diversas coronhadas no peito e no rosto.
Depois das agressões e sem a afirmativa que esperavam, o grupo conduziu Matheus até o bairro Palmares Sul e o entregaram a uma Guarnição da Polícia Militar que fazia rondas na área, alegando que ele havia praticado roubo. Os policiais o desamarraram e em seguida o liberaram.
Mas, segundo ele, não foi possível fazer o Boletim de Ocorrência naquele momento porque Rosicleia, grávida de dois meses, passou a apresentar contrações devido ao impacto emocional que sofreu por ver o marido ser torturado. Já no hospital, os dois receberam a notícia de que ela havia perdido o bebê.
Nesta terça-feira, diante da autoridade policial, Matheus se defendeu e argumentou que nunca roubou nada de ninguém. “Vim registrar essa ocorrência para me resguardar”, disse, mostrando as marcas da violência sofrida. A polícia vai requerer a presença dos acusados para que se manifestem diante das acusações.