PF prende, no Pará, um dos traficantes mais procurados do Brasil
Osmar Martins de Araújo tinha mandados de prisão por integrar organização criminosa (inclusive transnacional), traficar drogas dentro e fora do país e por lavagem de ativos
Na manhã desta quinta-feira, 8, o foragido da Justiça de São Paulo, Osmar Martins de Araújo, foi preso pela Polícia Federal (PF) na cidade de Novo Progresso, sudoeste do Pará. Osmar, mais conhecido como "fantasma", tem envolvimento com grupos criminosos voltados para a prática de crimes contra o patrimônio na modalidade “Novo Cangaço”, conforme aponta a PF.
No Pará, o preso pretendia roubar valores, possivelmente ouro, e estabelecer nova rota para o tráfico de drogas. Ele era um dos traficantes mais procurados do país e foi preso em uma mega-operação envolvendo quase 300 agentes da PF, PM e PC.
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As informações da Polícia Federal dão conta de que as diligências de verificação apontaram que Osmar se encontrava no município de Nova Progresso/PA. Ainda segundo dados compartilhados, ele pretendia praticar roubo de valores (possivelmente ouro) transportados por via aérea, fato que demandou apoio das unidades da Polícia Federal no Pará, visando realizar levantamentos de campo com o fim de obter a localização exata do alvo e de seus possíveis comparsas.
"Atualmente ele estava em Novo Progresso, onde há um forte garimpo de ouro, fazendo levantamentos para continuar praticando furto, o roubo desse ouro", comentou o superintendente regional da Polícia Federal no Pará, José Roberto Peres.
O trabalho foi realizado em conjunto por policiais federais da Delegacia de Santarém/PA, com o apoio de unidades policiais em Minas Gerais. O criminoso é paulista e estava no estado com o objetivo de praticar roubos na região com armamento pesado, bem como estabelecer no Pará uma nova rota de envio de cocaína ao exterior.
Contra Osmar, os agentes cumprem três Mandados de Prisão expedidos pela 1ª Vara Federal de Campinas/SP, sendo um de prisão preventiva por integrar organização criminosa e traficar drogas, outro de prisão temporária por lavagem de ativos e de prisão condenatória pelos crimes de organização criminosa transnacional e tráfico internacional de entorpecentes, cuja pena estabelecida foi de 24 anos e oito meses de reclusão em regime fechado.
O superintendente da PF José Roberto Peres dá detalhes do histórico criminoso do preso: "Ele era procurado a muito tempo, estávamos no encalço dele. Ele utilizou vários recursos para fugir da Justiça, como utilizar nomes falsos - com um deles ele alugou um imóvel em Novo Progresso. Ele havia sido preso temporariamente na Operação Overload, em São Paulo, em 2020, e foi condenado a 24 de prisão. Durante o processo de responder em liberdade, ele se evadiu e, desde então, era procurado. Nesse período, tivemos vários indícios de que ele participava de várias ações violências, como o Domínio de Cidades, o Novo Cangaço, e ele também agia com outras quadrilhas, de modo violento, em várias unidades do país. O tráfico de drogas nunca deixou de ser um crime praticado por ele".
Histórico de prisão em super operação policial
Osmar Martins de Araújo seria um dos presos na Operação Overload da Polícia Federal deflagrada em outubro do ano passado, para reprimir uma complexa organização criminosa, com ramificações em diversos estados do Brasil e no exterior, voltada ao tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro.
A super operação, com mais de 200 policiais federais, 80 policiais militares e 6 policiais civis, deu cumprimento a 44 mandados de busca e apreensão e 35 mandados de prisão temporária, em quatro estados do país. Os alvos eram 33 são homens e 2 mulheres.
A atuação do grupo criminoso tinha como base o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, São Paulo. As investigações iniciaram em fevereiro de 2019, com a apreensão de 58 kg de cocaína, com destino a Europa, localizadas na Área Restrita de Segurança (ARS) do aeroporto.
A organização criminosa era composta por brasileiros – principais fornecedores da cocaína e financiadores do esquema criminoso, além de serem responsáveis pelo aliciamento de funcionários aeroportuários, pela interferência ilícita nas operações de logística aeroportuária e lavagem de dinheiro – e estrangeiros, cuja atuação se dá em solo europeu no recebimento da droga.
Entre aliciados - empregados e ex-empregados de empresas prestadoras de serviço na área restrita de segurança do aeroporto - havia dezenas de pessoas em funções diversas (vigilantes, operadores de tratores, coordenadores de tráfego, motoristas de viaturas, auxiliares de rampa, operadores de equipamentos e funcionários de empresas fornecedoras de refeições a tripulantes e passageiros), que eram os responsáveis pelo esquema de embarque das drogas nas aeronaves com destino ao exterior. Além desses empregados, também foram cooptados pela organização criminosa – e presos também em outubro do ano passado – um policial militar e um policial civil.
Os bens imóveis, veículos, contas bancárias e empresas foram identificados como pertencentes à organização criminosa e foram bloqueados e apreendidos durante a Operação. Além das constrições judiciais, no período em que perdurou o acompanhamento da organização criminosa, foram apreendidos 250 kg de cocaína pertencentes ao grupo.