Fazendeiro acusado de mandar matar sindicalista em Rondon do Pará é condenado a 12 anos de prisão
Dezinho foi morto a tiros em 2000, assassinado por pistoleiros contratados por fazendeiros e madeireiros da região
O fazendeiro Décio José Barroso Nunes, o Delsão, foi condenado a 12 anos de prisão em regime inicial fechado na tarde desta quarta-feira (14), em veredito proferido pela juíza Ângela Alice Tuma. O réu é apontado como o mandante do assassinato do sindicalista José Dutra da Costa, conhecido como Dezinho, em 2000, no município de Rondon do Pará, no sudeste paraense.
O julgamento iniciou nesta terça-feira (13) e só terminou na tarde de hoje, após quase trinta horas. Após ouvir a sentença, o promotor Franklin Lobato requereu que Décio saia do júri preso, por prisão cautelar, pela condenação e por haver ameaça de testemunhas. A promotoria também argumentou que o réu nunca ficou preso, durante os 18 anos que respondeu ao processo além de já ter sido condenado em um júri anterior, mas os requerimentos foram indeferidos pela juíza, mas Ministério Público disse que vai recorrer dessa decisão.
Quando ouvido, o quando o réu negou veementemente sua participação no crime, alegando ter quatro fazendas e nunca nenhuma delas teria sido invadida. O fazendeiro também garantiu que não conhecia Dezinho, nem sabia onde ficava o sindicato dos trabalhadores rurais, coordenado pela vítima no município. O julgamento começou às 9h desta terça-feira (13), foi suspenso para o intervalo do almoço e recomeçou por volta das 14h, entrando pela noite.
Dezinho foi morto a tiros por pistoleiros contratados por fazendeiros e madeireiros da região. As motivações seriam políticas. O sindicalista atuava na defesa dos trabalhadores rurais, reivindicando melhores condições de trabalho e fazendo constantes denúncias contra o trabalho escravo e o desmatamento no município.
A defesa do fazendeiro foi feita pelo advogado Antônio Maria Freitas Leite Júnior. A sessão registrou sete testemunhas, sendo quatro do Ministério Público.O primeiro depoimento foi do delegado, Valter Rezende de Almeida, que fez o auto de prisão em flagrante de um dos pistoleiros. No momento da prisão, o nome do réu foi citado como responsável pelo pagamento de R$ 2 mil para que o sindicalista fosse assassinado.
Anteriormente, Décio já havia sido julgado e condenado a 12 anos de prisão em 2014, mas recorreu a decisão e teve o juri anulado. Em outubro de 2018, o último julgamento realizado foi adiado a pedido da promotoria de Justiça por conta de ausência de uma testemunha importante que não pôde comparecer.
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