Emasculados de Altamira: Valentina de Andrade morreu aos 91 anos, diz jornalista
Ivan Mizanzuk entrevistou um dos principais rostos do caso dos "Emasculados de Altamira". Ela morreu poucos dias após o episódio do documentário "Altamira" ir ao ar
Valentina de Andrade, líder religiosa e uma das principais acusadas no caso dos "Emasculados de Altamira" (1989 - 1993), morreu aos 91 anos, no dia 31 de dezembro. A informação foi confirmada pelo jornalista Ivan Mizanzuk, autor do podcast e documentário "Altamira", do projeto "Humanos", da Rede Globo. Um episódio especial da obra foi ao ar no dia 29 de dezembro, dois dias antes de ela morrer. Foi o momento em que, pela primeira vez, ela falou sobre o caso abertamente e ainda lúcida.
Diferente dos outros quatro acusados e julgados no caso dos Emasculados de Altamira, Valentina foi absolvida. Ela era líder da seita Lineamento Universal Superior (LUS), que tinha atuação em outros estados, como o Paraná. A primeira vez em que o grupo religioso foi investigado foi durante o desaparecimento dos meninos Leandro Bossi e Evandro Caetano, em Guaratuba (PR). Nas investigações do caso Evandro, houve um elo com o caso ocorrido no Pará, em 1993.
Apesar de ser chamada de ser considerada uma seita por órgãos policiais do Pará e do Paraná, membros da organização LUS, como Valentina costumava dizer, não gostavam desse tipo de denominação e não gostavam de ser chamados de satanistas porque não faziam adoração a demônios cristãos. Ela dizia ser médium e era considerada a principal liderança da religião que tinha um misto de espiritismo e ufologia.
Além do desaparecimento repentino de crianças e a localização de corpos ou sobreviventes, com sinais de mutilação sexual, Valentina acabou sendo investigada no Caso Evandro e no Caso Leandro Bossi porque estava hospedada no hotel Villa Real, em Guaratuba, na mesma época em Leandro desapareceu, como investigou o jornalista Ivan Mizanzuk. A mãe de Leandro trabalhava no hotel e ele tinha acesso ao estabelecimento com frequência. Na mesma época, Evandro Caetano desapareceu.
Somente a Verdade: documentário do Grupo Liberal abordou "Emasculados de Altamira"
Em 2022, o Grupo Liberal estreou a série de documentários "Somente a Verdade - Histórias de Polícia". Os dois últimos episódios, que podem ser assistidos gratuitamente, foram dedicados ao caso dos "Emasculados de Altamira".
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O episódio sobre os crimes de Altamira, acessível no LibPlay, aborda também o julgamento e a condenação da maioria dos acusados, passando pelos rituais de magia macabra, que teriam motivado as mutilações (extirpação da genitália masculina) de crianças; a prisão do serial killer Francisco das Chagas Rodrigues de Brito — que confessou 42 homicídios, sendo 30 no Maranhão e 12 no Pará — e a absolvição de Valentina por falta de provas.
Do total dos 14 meninos vítimas do grupo criminoso, seis foram assassinados e cinco continuam desaparecidas. Apenas três garotos sobreviveram aos ataques, apesar de também terem tido os órgãos sexuais extirpados.
Entre os acusados do caso dos Emasculados de Altamira estavam o médico Anísio Ferreira de Sousa; o médico Césio Brandão; o fazendeiro e empresário Amaílton Madeira Gomes; o policial militar Carlos Alberto Santos Lima; o policial militar Aldenor Ferreira Cardoso; José Amadeus Gomes, pai de Amaílton Madeira Gomes e suposto mandante dos crimes junto com Valentina. O julgamento foi considerado um dos mais longos e emblemáticos da história do judiciário paraense.
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