Bebê estuprada e espancada pelo padrasto em Parauapebas pode ter sido vítima de ritual satânico
Denúncias apontam que o casal praticava rituais
A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Parauapebas, que investiga o homicídio da bebê de um ano e oito meses que foi espancada, estuprada e morta pelo padrasto com o conhecimento da mãe, em Parauapebas, no sudeste do Pará, não descarta que o caso esteja associado a rituais satânicos. Esta segunda-feira (13), a Polícia Civil disse que podem chegar a onze as vítimas de abusos e estupros cometidos por Deyvyd Brito. Para agir sobre suas vítimas, crianças e adolescentes, ele ameaçava matar amigos e parentes das meninas.
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As linhas de investigação para apurar o assassinato da criança ainda não foram concluídas e a Polícia Civil afirmou ter recebido denúncias de vizinhos do casal apontando práticas satânicas na residência dos acusados.
Os responsáveis pela morte da bebê são o padrasto Deyvid Renato Oliveira Brito, de 31 anos, que seria o autor das agressões e do estupro, e a mãe da vítima, Irislene da Silva Miranda, de 28 anos. Ambos foram presos na quarta-feira (8).
Bebê era oferecida em ritual satânico, dizem vizinhos
Segundo relatos dos vizinhos, a vítima era ofertada em sessões de magia satânica conduzidas pelo padrasto com a participação da mãe. Nas sessões, a bebê era espancada e violentada sexualmente.
De acordo com a delegada Ana Carolina Carneiro de Abreu, titular da Deam de Parauapebas, na residência do casal foram encontrados vários artefatos, objetos estranhos, ossos humanos e altares que indicam a existência de práticas religiosas macabras. Ao longo da semana, novas testemunhas devem ser ouvidas a respeito do comportamento do casal com a criança e também das atividades religiosas dos acusados.
"Não descartamos essa possibilidade (da tortura e estupro do bebê terem ligação com práticas de rituais satânicos) e isso está sendo investigado. Mais vizinhos serão ouvidos nos próximos dias. Sabe-se, por enquanto, que a prática de 'magia negra' feita pelo casal era de conhecimento da vizinhança, sim. Na casa deles, foram encontrados diversos objetos, altares para santos. Então existe, realmente, essa possibilidade", explicou a delegada Ana Carolina Abreu.
Equipe hospitalar desconfiou da mãe e acionou a polícia
A criança teve morte encefálica nesta quarta-feira (8), por volta de 15 horas, no Hospital Municipal de Parauapebas. A menina deu entrada na instituição de saúde já desacordada, com um quadro gravíssimo de traumatismo craniano e parada cardíaca, no dia anterior, por volta de 14h30. Depois de 20 minutos de reanimação, procedimento realizado com sucesso, a criança foi entubada e conduzida para ventilação mecânica, devido ao coma profundo.
A equipe multidisciplinar que acompanhava a criança atuava para conseguir a estabilidade do seu quadro de saúde, para então realizar a sua transferência para a UTI Infantil do Hospital Regional de Marabá, mas a menina não resistiu às agressões.
Na instituição de saúde, a mãe da menina disse, inicialmente, que a criança havia caído no chão. A lesão na cabeça da criança, no entanto, não condizia com o acidente relatado pela acusada. Na sala de emergência, uma técnica de enfermagem observou lesões nas partes íntimas da menina, caracterizando o abuso sexual. Logo a polícia foi informada e iniciou a apuração.
Ao ser confrontada, a mãe da bebê admitiu à polícia que sabia que o companheiro abusava sexualmente da filha todas as vezes em que ela se negava a ter relações sexuais com ele. Em conversa com uma médica, já na presença dos policiais, a mãe mudou a versão inicial, dizendo que saiu para comprar carne e, quando voltou, a criança já estava muito mal no colo do padrasto. Durante o banho, prosseguiu a acusada, a criança não reagia mais. Teria recebido massagem cardíaca de Deyvyd, e acabou sendo levada ao hospital por um vizinho.
Os estupros já foram comprovados. O laudo médico aponta que a criança teve lesões graves na vagina e ânus. Os abusos já ocorriam já há algum tempo, pois a criança apresentava ferimentos antigos. A bebê morreu por traumatismo craniano, possivelmente em decorrência de espancamento, mas as causas da morte ainda serão divulgadas pelo Instituto Médico Legal (IML) após realização da exames de necropsia.
Nas rede sociais de Deyvid, há várias publicações relacionadas a práticas ocultas e fotos do casal em atividades religiosas. Em uma das postagens ele disse: "sou filho dos príncipes da noite e das rainhas da madrugada", dentre outras atribuições religiosas ocultas. As publicações foram alvos de ataques de internautas, que, revoltados com a morte da bebê, pediram justiça.
Deyvid já havia sido acusado de estupro de vulnerável em Icoaraci, em Belém, em 2017. Na ocasião, também foram encontrados artefatos e objetos estranhos, como ossos humanos, na residência dele. Após o crime, Deyvid fugiu com a esposa para Parauapebas, onde se abrigou na residência de seu pai por cerca de 15 dias, após mais de duas décadas sem contato com a família. Após esse período, ele e a família procuraram nova moradia, ainda no município de Parauapebas. A mãe da bebê não tinha passagem pela polícia.
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Em nota, a Prefeitura de Parauapebas informou, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), que "prestou todo o atendimento possível à criança, mas, em função do quadro gravíssimo em que se apresentava, não foi possível salvar a vida da paciente. O governo municipal lamenta o óbito e reforça que todo o atendimento foi prestado para salvar a vida da criança".
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ERRAMOS. A redação integrada de O Liberal corrigiu este conteúdo às 15h40 do dia 10 de janeiro de 2020 após receber a informação sobre um equívoco na imagem publicada na quinta-feira (9). Na matéria original, cuja foto se amparou em material publicado primeiramente pelo portal Correio de Carajás, Deyvyd Renato Oliveira Brito, padrasto acusado de assassinar a menina Carla Emanuele Miranda Correia, posava ao lado de uma mulher, a quem se atribuiu, erronamente, a identidade de sua esposa, Irislene da Silva Miranda, que também é investigada e está presa. Essa incorreção foi alertada pela pessoa que foi fotografada ao lado de Deyvyd, que entrou em contato com O Liberal e esclareceu o engano. A mulher da imagem — que não será identificada — não possui envolvimento com Deyvyd Renato Oliveira Brito, não é investigada pela polícia e não tem relação alguma com o episódio noticiado. Em sua errata, o Correio de Carajás informa que imagem havia sido enviada à reportagem do portal por uma fonte da polícia de Parauapebas. A redação integrada de O Liberal pede desculpas à mulher pelo erro e também aos seus leitores.
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