Apreensões de drogas no Pará, em 2024, causam prejuízo de mais de R$ 200 milhões ao crime organizado
As forças de segurança do Estado, coordenadas pela Segup, e a PRF apreenderam quase 16 toneladas de entorpecentes
As forças de segurança do Estado, coordenadas pela Segup, e a PRF apreenderam quase 16 toneladas de entorpecentes
Quase 16 toneladas de entorpecentes foram apreendidas, no Pará, em 2024. Isso representou um prejuízo para o crime organizado de mais de R$ 200 milhões. As forças de segurança do Estado, coordenadas pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), apreenderam mais de 13 toneladas de drogas (supermaconha e cocaína) no ano passado, representando um prejuízo para o crime organizado de mais de R$ 161 milhões.
Já a Polícia Rodoviária Federal (PRF) retirou de circulação, das rodovias federais do Pará, 2.692 kg de drogas, além de 5.566 unidades de anfetamina. O prejuízo estimado foi de mais de R$ 71 milhões para o crime organizado. Para realizar as apreensões, os agentes da PRF contam com a participação, decisiva, de três cães farejadores, batizados de “Romu”, “Otto” e “Soldado”. Em números exatos: foram 15.926,342 quilos apreendidos de drogas e um prejuízo de R$ 232.214,278.
Superintendente da PRF no Pará, Haroldo Teixeira Silva comentou as apreensões realizadas em 2024. “No ano passado nós tivemos a quantidade de 2,6 toneladas de apreensões de drogas. E tivemos uma grande apreensão da supermaconha, conhecida como skunk”, disse. “Então provavelmente a cocaína não foi tão produzida nas regiões em que elas são produzidas quanto a maconha”, contou. Sobre as estratégias da PRF, ele comentou que o “Pará é um país. Nós temos 10 rodovias que cortam o nosso Estado. Aproximadamente mais de 5 mil quilômetros de rodovias. Para isso, a PRF investe na capacitação dos seus agentes, treinamentos com policiamento especializado, como o policiamento com cães”, contou.
“A gente também trabalha com a inteligência integrada com outras instituições e o reforço do policiamento ao longo dessas rodovias que se tornaram rotas do tráfico de drogas no estado do Pará”, afirmou. O superintendente Haroldo disse que, ao longo do tempo, a PRF vem se especializando e se fortalecendo com a criação de sistemas melhores e modernos. "A especialização do seu efetivo através de ferramentas como o motociclismo, o policiamento com cães, o policiamento voltado para o combate de crime organizado. Então, a partir do momento que nós conseguimos perceber que a PRF está presente em todos os estados, ao longo de todas as rodovias, ela vem fortalecendo o seu trabalho nesse sentido”, afirmou.
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A agente da PRF Lilian Cruz disse que a importância dos cães é muito alta. “Eles melhoram a efetividade do nosso serviço. Quando a gente para um ônibus sem os cães, a gente tem que fiscalizar mala por mala. Mas, com eles, a gente passa, em 10 minutos, o que a gente faria em uma hora em um serviço de ônibus”, contou. “Então a gente consegue liberar os passageiros de forma mais rápida. O ônibus não fica parado tanto tempo na fiscalização. E a gente consegue fiscalizar mais veículos com essa efetividade maior”, contou. Os cães farejam drogas, armas e munições. A agente Lilian trabalha com o cão “Soldado”, um pastor belga malinois que tem 2 anos de idade. “Ele veio trabalhar comigo em dezembro de 2023. Eu fui fazer o curso com ele em Brasília e a gente veio trabalhar no Pará. Ele trabalha comigo há quase um ano e meio”, contou.
O secretário de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), Ualame Machado, disse que as mais de 13 toneladas de entorpecentes apreendidas, em 2024, representam um prejuízo para o crime organizado superior a R$ 161 milhões. Esse cálculo considera o investimento feito pelos traficantes para a compra desses entorpecentes. Mas, se não tivessem sido retiradas de circulação, essas 13 toneladas poderiam gerar um lucro de R$ 1 bilhão para os criminosos, afirmou. “A gente está considerando o investimento que eles fizeram. É bem provável que eles iam beirar R$ 1 bilhão com a venda. Porque, certamente, quando você trata de cocaína, a pasta base dela, quando beneficiada, quando misturada com um monte de outros produtos, ela rende 3, 4, 5 vezes até”, disse.
O titular da Segup afirmou que, com a apreensão das mais de 13 toneladas de drogas, o Pará bateu um “recorde histórico” de apreensão de drogas. “Para ser mais exato, 13.234 quilos de droga, entre cocaína e a supermaconha, que é conhecida como skunk”, afirmou. “Nós, inclusive, ultrapassamos em mais de duas toneladas o outro ano, que era de maior apreensão, que beirava 11 toneladas de droga, que também foi já nesta gestão”, afirmou.
Esse resultado se deve, primeiro, destacou Ualame Machado, a “um trabalho muito forte de inteligência. Porque, para você apreender grande quantidade de droga, você tem que ter um trabalho de inteligência, senão você fica eternamente fazendo apreensões em ‘bocas de fumo’, em pontos de venda de droga de pequena quantidade, e no somatório isso não chega a um valor que, de fato, quebra financeiramente a organização criminosa”, disse. “O objetivo nosso é trabalhar com inteligência policial para que a gente possa realmente atingir o coração da organização, que eles possam sentir o efeito financeiro dessa perda. E 13 toneladas de droga, de fato, representa uma perda muito grande”, contou.
“Porque acontece, por exemplo, de a organização comprar um quilo de skunk a 10 mil reais, mas ela ia vender a 50 mil, 60 mil reais. Então, o prejuízo dela é esse de 10 mil por quilo ou de 60 mil por quilo? Os valores que são comercializados na Amazônia, e no Brasil, eles podem até quintuplicar quando você mira o mercado exterior”, afirmou.
Outro fator fundamental foi a estratégia montada na área fluvial. A principal rota de droga na Amazônia legal é o corredor do Rio Amazonas - seja o Rio Negro e Solimões que, quando se juntam, formam o Amazonas e que adentram no Pará, que percorre toda a Amazônia, na verdade. “E uma estratégia que a gente montou, fluvial, de ter hoje mais de 80 embarcações, de ter embarcações blindadas que nós não tínhamos, drones, as bases fluviais integradas, a exemplo da base de Antônio Lemos, no Marajó, e a Candiru, em Óbidos. E a terceira base, que já está em construção, vai ser inaugurada, possivelmente ainda neste semestre, que vai ficar próximo a Abaetetuba e Barcarena, já próximo do porto de Vila do Conde, que é um porto exportador de equipamentos, de insumos, mas também de droga. A gente vai, certamente, conseguir aprender mais ainda e aí fechar esse cerco na área fluvial em relação ao tráfico de drogas”, contou o secretário.
Do total apreendido no ano passado, em primeiro lugar vem a supermaconha (mais de 10 toneladas) e, depois, a cocaína (duas toneladas). Antes, era o contrário. Havia mais apreensão de cocaína. “A maconha que aparece aí (nessas apreensões), na verdade, hoje não é aquela maconha que, historicamente, a gente aprendia aqui na região do Alto Rio Guamá, nordeste do Pará, próximo a Concórdia do Pará. Continuamos aprendendo algumas plantações, mas essa maconha é a supermaconha”, explicou o secretário Ualame. Essa supermaconha, skunk, é produzida principalmente, não exclusivamente, pela Colômbia. “E a gente verifica, de 2020 para cá, uma inversão. A Colômbia sempre foi a maior produtora de cocaína no mundo. Na verdade, praticamente, três países dominam a fabricação de cocaína no mundo. Colômbia, Bolívia e Peru. Só que a Colômbia, historicamente, sempre foi a maior produtora”, disse.
Mas, de um tempo para cá, Bolívia e Peru passaram a produzir mais cocaína que a Colômbia. “Por quê? Porque a Colômbia começou a investir também na supermaconha, que é um produto que circula muito rápido, é um valor mais baixo, que vende muito mais, e eles começaram a investir nisso. Por isso, como o nosso corredor da droga, que é o Rio Amazonas, ele inicia no Brasil, ali no Rio Solimões, em Tabatinga, no Amazonas, do outro lado, Letícia, na Colômbia, a droga que transita na Amazônia, em relação ao Pará, ela é muito utilizada nesse corredor do Rio Amazonas. E como esse corredor do Rio Amazonas faz fronteira com a Colômbia. A gente sente o reflexo do que é produzido na Colômbia. Como a Colômbia inverteu a produção, ela produz hoje muito mais skunk e perdeu a hegemonia na produção de cocaína, a gente começou a aprender também muito mais skunk. Porque a cocaína produzida na Bolívia e no Peru, elas também já escoam por outros estados, como Rondônia, como Acre, o próprio Mato Grosso”, acrescentou.
Sobre a meta de apreensões para 2025, o secretário Ualame Machado disse que o objetivo sempre é combater o tráfico de drogas com muito rigor. “A gente espera aprender mais, não porque o tráfico aumenta, mas porque a gente monta as estratégias. As 13 toneladas apreendidas agora não quer dizer que nos anos anteriores não passava, 13 passava, historicamente, décadas sempre passou. O que não se tinha era uma estratégia, um serviço de inteligência funcionando. Com a base fluvial integrada de Abaetetuba, que nós vamos instalar ainda este ano, a gente terá as três bases montadas, a de Breves, que já existe, a de Óbidos também, que já está montada, desde o ano passado, e agora a de Abaetetuba, Barcarena, que fecha o corredor e a entrada do Baixo Tocantins. A gente fecha a estratégia fluvial macro de bases fluviais, ao mesmo tempo a gente vai continuar ampliando o número de lanchas, inclusive lanchas blindadas, temos aquisições de lanchas blindadas para este ano ainda, aquisição de mais embarcações para este ano, a gente pretende chegar a pelo menos 100 embarcações ainda até o final deste ano, temos 80 hoje, para que a gente possa, em cada cidade que tenha um rio, que tenha uma necessidade de navegação, a gente possa ter o aparato para combater esse tipo de crime”, disse.
Ele também comentou sobre os desafios para 2025, ano da COP 30. “Certamente, o ano da COP é um ano que vai demandar muito todas as áreas, mas em especial as forças de segurança. A gente sabe que nós vamos receber cerca de 80 mil pessoas de fora que virão visitar a nossa cidade, além de garantir o funcionamento normal da segurança pública para o dia a dia da população, a gente vai ter que ter um olhar especial para o evento COP, mas também para os turistas que virão ao nosso estado, até porque a imagem que o Pará passar é uma imagem que vai poder catapultar o estado do Pará em termos de turismo”, afirmou.
Segup:
Em 2024, de janeiro a dezembro, foram apreendidos 13.234,342 kg de entorpecentes. Destes, 2.834,017 kg de cocaína e 10.246,633 kg de maconha em todo o Estado.
Prejuízo para o crime organizado: mais de R$ 161 milhões
PRF:
Ao todo, foram apreendidas 2.692 kg de drogas e 5.566 unidades de anfetamina nas rodovias federais do Pará.
Prejuízo estimado de R$ 71.214.278,00 para o crime organizado.