Réus que mataram lavrador que seria um 'lobisomem' em Itupiranga são condenados

Os réus Lourisvaldo Alves da Silva, José Roberto Carvalho Pereira, Jesuíno Alves Souza, Francisco de Assis Carvalho e Francisco Carvalho Pereira foram julgados e condenados a 12 anos de reclusão, cada um pelo assassinato do agricultor rural Aldenor Nonato da Conceição, em Tribunal do Júri, realizado nesta segunda-feira (02), pelo juízo do município de Itupiranga, no sudeste do Pará. O assassinato do lavrador ocorreu no ano de 2006, com requintes de crueldade, já que a vítima foi morta com sete tiros na região do coração e ainda decapitada. O julgamento ocorreu à revelia dos acusados, que mesmo condenados continuam foragidos.

“Nunca tinha participado de um júri tão inusitado. Que bom que a razão prevaleceu e os réus foram condenados pois eles queriam realmente matar a vítima que teve sua cabeça decapitada”, salientou a promotora de Justiça, do Ministério Público do Pará, Patrícia Carvalho Medrado Assman, referindo-se ao universo de superstição e crendice popular que envolveu o violento assassinato do agricultor rural há 13 anos. É que os homicidas justificaram ter morto o trabalhador rural por ele ser um lobisomem, ser lendário, com origem na mitologia grega, segundo as quais, um homem pode se transformar em lobo ou em algo semelhante a um lobo em noites de lua cheia, só voltando à forma humana ao amanhecer.

Os réus fugiram logo após prestarem depoimento à polícia naquele ano de 2006, o julgamento nesta segunda-feira, ocorreu à revelia. Como a cidade de Itupiranga não possui defensor público o juiz Danilo Alves Fernandes designou um advogado para atuar na defesa dos acusados. A defesa alegou erro de tipo, ou seja, que os réus imaginavam estar matando um lobisomem.

A tese foi desmontada pela promotora Patrícia Assmann que demonstrou que os réus tinham a intenção de matar a vítima, em razão do agricultor ter um relacionamento amoroso com a filha de um dos assassinos (Jesuíno) que era contra o namoro da filha.