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Pesquisa vai detalhar a realidade pandêmica dos 'trabalhadores invisíveis' da saúde

Na terça (08), o Sindsaúde Pará promoveu uma live para apresentar a pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) e do Centro de Estudos Estratégicos (CEE)/Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

João Thiago Dias

“Os trabalhadores invisíveis da saúde: condições de trabalho e saúde mental no contexto da covid-19 no Brasil”. Esse é o título de uma pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) e do Centro de Estudos Estratégicos (CEE)/Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que vai detalhar a realidade pandêmica das pessoas com ou sem formação específica na saúde, que estão na linha de frente do combate à covid-19, auxiliando as equipes de saúde.

Esse subconjunto engloba 50 categorias, como técnicos e auxiliares de enfermagem; de saúde bucal; de radiologia; de análise laboratorial; de farmácia; agentes de saúde; maqueiros; motoristas de ambulância; recepcionistas; pessoal de segurança, limpeza, conservação e manutenção. O questionário on-line está disponível no site da Fiocruz e no seguinte LINK.

A proposta é gerar dados e informações que auxiliem as entidades profissionais na fundamentação e formulação de propostas de melhorias para o Sistema de Saúde, além de ajudar no desenvolvimento de ações estratégicas e políticas públicas, no campo da gestão e condições de trabalho desses profissionais, que, segundo indicativo dos pesquisadores, sofrem em muitas ocasiões com desproteção, falta de oportunidade de fala e com desvalorização.

Live

Na tarde desta terça (08), o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado do Pará (Sindsaúde-Pa) promoveu uma live no Facebook (na fanpage www.facebook.com/sindsaudepara) para divulgar a pesquisa. Várias programações virtuais como essa estão sendo realizadas por meio de entidades de saúde de vários estados para chamar o maior número de trabalhadores possíveis para o preenchimento do questionário.

O estudo foi exposto na live pela pesquisadora Maria Helena Machado, da ENSP/Fiocruz, que está à frente da pesquisa. "Queremos conhecer a realidade desses trabalhadores e saber onde estão. Há muita crítica e denúncia de que sofrem com péssimas condições e desvalorização. Não é uma invisibilidade numérica nem sobre a importância, mas, sim, uma invisibilidade social. Que a pesquisa possa dar voz a eles".

A coordenadora geral política sindical do Sindsaúde-Pa, Miriam Andrade, disse que a invisibilidade deve ser denunciada. "Esperamos que nossos companheiros de todos os municípios possam refletir nas condições de trabalho. Que possamos conseguir que os colegas denunciem ou busquem junto a gestão municipal a melhoria da sua condição de trabalho. Que possam criar uma equipe multidisciplinar para fazer o atendimento psicológico desses profissionais", disse.

Ela comentou que há o indicativo de que, durante a pandemia, esses trabalhadores lidam com a escassez de material EPI; infraestrutura precária; inadequadas condições de trabalho; ritmo de trabalho elevado e estressante; vínculo de trabalho precário; insegurança no trabalho; desconforto; desproteção no trabalho, entre outras questões problemáticas.

"São muitas perdas. E não é possível nem fazer levantamento sobre quantos profissionais da saúde faleceram no Pará durante a pandemia. O abalo psicológico é muito grande. Tem pessoas que estão até hoje sem conseguir ter contato com familiares. Alguns perderam a guarda dos filhos, porque o juiz entendeu que era arriscado para as crianças, porque os pais estão na linha de frente da pandemia. Por isso, uma pesquisa dessa é essencial", opinou Miriam.

O Liberal