Vítimas de escalpelamento têm direito a Passe Livre em transportes no Pará; saiba como
Muitas pacientes enfrentam dificuldade para se deslocar até Belém para continuar o tratamento; Passe Livre vale para transporte rodoviário e hidroviário
As vítimas de escalpelamento serão beneficiadas com o Passe Livre em transporte rodoviário e hidroviário no estado do Pará. Esse direito foi assegurado, na segunda-feira (20), pela Secretaria de Estado de Saúde Pública, por meio da Coordenação Estadual da Pessoa com Deficiência (Cepede), a partir de demanda apresentada pela Coordenação Estadual de Saúde Indígena e Populações Tradicionais (Cesipt), que é responsável pela Política de Combate ao Escalpelamento no Pará.
Em reunião no Espaço Acolher da Santa Casa, que acolhe vítimas de escalpelamento em tratamento, a coordenadora estadual da Pessoa com Deficiência, Iracy Tupinambá, disse que as pessoas vítimas de escalpelamento têm direito ao Passe Livre e orientou como deve ser feito o processo para essa aquisição. “O Passe Livre é a garantia de ir e vir para a pessoa com deficiência e seu acompanhante”, afirmou.
A maioria das pacientes, vítimas de escalpelamento, é proveniente de municípios ribeirinhos distantes da capital paraense. “O Passe Livre, na verdade, será um apoio a mais, para que as pacientes não corram risco de perder a consulta por falta de passagem do TFD”, ressaltou Iracy Tupinambá.
Além de Iracy Tupinambá, participaram da reunião a coordenadora da Cesipt, Tatiany Peralta; a técnica da Cesipt Patrícia Gomes, a representante da Diretoria de Políticas de Atenção Integral à Saúde (Dpais), Eliane Miranda; a assistente social e coordenadora do Espaço Acolher, Maria Luzia de Matos e a psicóloga Jureuda Guerra.
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Passe Livre vai evitar que meninas abandonem o tratamento em Belém
Ela ressaltou, inclusive, que a própria cópia do formulário entregue já garante o acesso ao benefício do transporte gratuito. “Para usar o Passe Livre, no entanto, é necessário agendar a viagem com uma semana de antecedência”, disse Iracy Tupinambá.
Tatiany Peralta disse que a Cesipt tomou a iniciativa porque muitas pacientes têm enfrentado dificuldade para se deslocar até Belém para novas consultas e continuar o tratamento. “A gente vem há muito tempo tentando que essas meninas venham para Belém fazer o tratamento sem dificuldade. Então, essa parceria com a Cepede é fundamental para garantir o direito dessas mulheres”, afirmou.
Para a coordenadora do Espaço Acolher, Maria Luzia de Matos, o Passe Livre é muito importante porque as meninas precisam vir com muita frequência para o atendimento médico. Quando o atendimento é de dez ou de 15 dias, porque o TFD só libera passagens quando o tratamento vai durar 30 dias e, às vezes, não se consegue dar a passagem a tempo. “O Passe Livre vai garantir que elas venham. Vai facilitar muito o deslocamento e evitar que elas abandonem o tratamento”, afirmou.
Cristiana Gomes da Costa, de 45 anos, do município de Curuá, vítima de acidente com escalpelamento ocorrido há quatro meses, gostou muito de saber que terá o Passe Livre. “Vai ser bom porque onde eu moro é muito distante, fica acima de Santarém. Para eu chegar aqui de barco é quase R$ 1 mil. Então, vai me ajudar bastante”, disse a paciente, que está hospedada no Espaço Acolher.
O objetivo do Espaço Acolher é proporcionar acolhimento provisório em espaço apropriado às vítimas de escalpelamento em caráter prioritário e mães com recém-nascidos internados na Neonatologia e demais usuários que necessitam dar continuidade a tratamento especializado na Fundação Santa Casa.
Segundo a psicóloga Jureuda Guerra, atualmente, há 30 leitos no Espaço Acolher, dos quais dez para vítimas de escalpelamento e seus acompanhantes. Os demais são para neonatologia e usuários masculinos. “Fiquei feliz com o resultado dessa reunião e com as informações que recebi. Espero contribuir para que pessoas atendidas em outras unidades também tomem conhecimento e possam usufruir desse direito”, disse.
Saiba como ter direito ao Passe Livre no transporte rodoviário e hidroviário
Para ter acesso ao Passe Livre, é necessário preencher um formulário da Arcon e anexar cópias do laudo médico, duas fotos 3x4, RG, CPF e Cartão do SUS. Para as pacientes de escalpelamento, a própria equipe do Espaço Acolher providenciará essa documentação e entregará à Cepede para viabilização da carteira de Passe Livre, que é produzida num trabalho conjunto entre Sespa, Prodepa e Agência de Regulação e Controle dos Serviços Públicos (Arcon).