Terra Alta decreta recesso nas unidades de saúde e população fica sem atendimento
O decreto Nº 027/2024 determina que todas as unidades retomem o funcionamento somente do dia 2 de janeiro de 2025
Quem procura atendimento nas unidades de saúde de Terra Alta, no nordeste paraense, se depara com as portas fechadas. Um aviso informa que, por conta do decreto Nº 027/2024, o atendimento está suspenso e será retomado somente no dia 2 de janeiro de 2025.
O decreto, assinado pelo prefeito Elinaldo Matos da Silva, que não foi reeleito, e publicado no último dia 11, regulamenta o recesso de final de ano para as unidades da Estratégia de Saúde da Família (ESF), vinculadas à Secretaria Municipal de Saúde. Conforme o texto, as unidades listadas estarão em recesso até o dia 31 de dezembro, com exceção da ESF Metom Marinho, cujo recesso será entre os dias 21 e 31 de dezembro. Todas as unidades retomam o funcionamento em 2 de janeiro.
As unidades afetadas pelo recesso incluem ESF do Areial, ESF de Barra Limpa, ESF do Bairro Novo, ESF de Vista Alegre e ESF Centro. Por outro lado, o Centro Especial de Saúde de Terra Alta seguirá funcionando normalmente, sem interrupções.
O decreto tem provocado indignação entre os moradores, que têm recorrido aos vereadores em busca de soluções. O vereador Jadielson Macêdo criticou a decisão, classificando-a como “desumana” e “preocupante”.
“Eu ainda não tinha visto um final de mandato dessa forma, porque é a saúde, é a vida das pessoas. E a gente como vereador não pode, de maneira nenhuma, deixar isso dessa forma, onde as nossas unidades de saúde estão fechadas. Isso é muito desumano. As pessoas que sofrem de pressão alta, que fazem o autocontrole, têm suas consultas, exames para fazer, acompanhamento médico… é muito preocupante. Ele [o prefeito] fechou e não está dando esclarecimento para as pessoas. E as pessoas vêm procurar a gente. E como vereador, a gente tem que fazer alguma coisa. Já fomos ao Ministério Público do Estado, denunciamos e vamos aguardar a manifestação deles”, declarou Macêdo.
Além da saúde, o vereador também apontou outros problemas graves no município. “E não é só isso. No nosso município, as pontes estão quebradas. A própria caçamba da prefeitura foi passar em uma das pontes e quebrou. As ruas estão todas cheias de buraco e mato. Ele também tirou todos os funcionários temporários. Ele tinha que fazer o básico no município, porque o recurso tem. Recursos na área da saúde são recursos federais. A gente sabe que vem o recurso para os programas e não está sendo usado no município”, denunciou.
O que diz o prefeito do município?
Em entrevista ao Grupo Liberal, o prefeito de Terra Alta, Elinaldo Matos da Silva, comentou sobre o decreto que estabeleceu o recesso nas unidades de saúde do município e respondeu às críticas recebidas pela gestão. Segundo o gestor, as decisões fazem parte do processo de transição de governo e de ajustes administrativos necessários no final do mandato.
“Em relação à saúde, em alguns setores, de fato nós estamos agindo administrativamente, pelo fato de que estamos fazendo uma transição de governo. Não é fácil, nesse final de mandato, prestar contas e fazer a transição de governo. Então, optamos em agir administrativamente”, explicou o prefeito.
Sobre as reclamações da população quanto à infraestrutura da cidade, Elinaldo admitiu que há problemas, mas reforçou que isso faz parte da realidade de muitos municípios. “De fato, a cidade sempre vai apresentar problemas em relação à infraestrutura”, disse ele.
Quanto à situação dos funcionários públicos, o prefeito afirmou que tem buscado manter os compromissos em dia, mesmo diante das dificuldades administrativas. “Nós estamos agindo em relação aos funcionários públicos municipais, concursados e temporários, da melhor forma possível. Não é fácil. Não vou correr da minha responsabilidade. Sempre paguei todo mundo antes do dia 30. Em todo o nosso mandato, nossos funcionários temporários recebiam até antes do dia 30. Mas a gente precisa fazer ajustes, tomar algum remédio amargo para que a gente não venha trazer prejuízo para ninguém”, justificou.
Questionado sobre o único centro de saúde que está em funcionamento durante o recesso das unidades da Estratégia de Saúde da Família (ESF), Elinaldo afirmou que a estrutura é suficiente para atender às demandas da população.
“O centro de saúde está funcionando para atender a toda a população. As estratégias da família funcionavam até meio-dia, enquanto o centro de saúde está sempre à disposição da nossa população”, ressaltou.
Diante de um possível aumento na demanda pelo centro de saúde, o prefeito garantiu que tomará medidas para evitar sobrecarga no atendimento. “Se tiver [lotação], a gente vai entrar com reforço para atender até o final do nosso governo. Se houver algum caso, alguma situação que venha a ocorrer em acúmulo de atendimento no centro de saúde, a gente vai reforçar”, assegurou.
A reportagem procurou o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) para se manifestar sobre a situação do município, mas ainda não houve retorno.