Tecnologia facilita ação das Forças Armadas na selva amazônica

Dificuldade de comunicação é um desafio para as equipes em campo

Dilson Pimentel
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Ao realizar operações de campo na Amazônia, para combater crimes ambientais, as Forças Armadas enfrentam o desafio da dificuldade de comunicação. “No ambiente de selva, qualquer operação que você for fazer fica dificultada na parte de comunicações, por causa da alta umidade, o grande número de árvores e a mata”, diz o capitão Antonio Luiz da Silva Diniz, comandante do 2º Batalhão de Comunicação de Guerra Eletrônica de Selva. Só que, agora, os militares do Comando Conjunto Norte (CCjN), formado pelo Comando Militar do Norte, 4º Distrito Naval e Comando Aéreo Norte, estão utilizando tecnologia para comunicação em ambientes sem cobertura de sinal regular na Operação Samaúma.

Essa operação ocorre em terras indígenas, em unidades federais de conservação ambiental, em áreas de propriedade ou sob posse da União e, mediante requerimento do governador, em outros sítios do Pará. A operação do T3SAT, terminal transportável de comunicação satelital da Telebras, permite acesso à internet em banda larga e via satélite com taxa de transmissão nominal mínima de download de 20 Mbps e de upload de 2 Mbps, com taxa de compartilhamento de 1:20.

O Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), órgão possuidor dos terminais, em parceria com o CCjN, promoveu o treinamento de militares para operação dos terminais, o que será de grande valia para as comunicações em operações conjuntas e interagências para o combate aos ilícitos ambientais na Amazônia.

Analista de ciência e tecnologia do Censipam, Anderson Roberto Barbosa de Moraes disse que essa tecnologia utiliza recursos do novo satélite brasileiro, o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), lançado em 2017. “A grande vantagem da tecnologia é o uso da banda larga que auxilia em missões remotas. Ela favorece as missões de campo, podendo interligar as equipes, fazer a comunicação mais rápida, promover videoconferência, reuniões em tempo real, considerando algumas características de comunicação satelital. E o grande apoio é a conectividade da equipe que estiver no local remoto”, explicou.

 

Quatro dessas antenas estão sendo usadas, no Pará, na operação Samaúma 

O capitão Antonio Luiz da Silva Diniz  disse que essa tecnologia vai ajudar para que as ordens sejam passadas de maneira mais rápida e fidedigna, facilitando o processo decisório e de ação de comando. “Tendo uma maior gama de informações, e com maior fidelidade, um comandante pode tomar uma melhor decisão em uma ação. Isso com certeza diminui muito a quantidade de desvios e de erros que possa acontecer dentro de uma operação. Então acho que a assertividade na decisão é o maior ganho dessa tecnologia”, afirmou.

Como a comunicação satelital independe da posição, já que o satélite é geoestacionário, em qualquer lugar onde a operação estiver sendo realizada, e utilizando esse equipamento da antena, o comandante vai poder acessar os diversos sistemas do Exército e sistema de controle de pessoal e sistema operacional, entre outros. Essa tecnologia já está sendo empregada na operação Samaúma. “É uma tecnologia muito importante pra gente que visa facilitar e muito as nossas comunicações”, afirmou o capitão Diniz, reforçando as dificuldades para se atuar em um ambiente de selva. “A própria tecnologia, principalmente rádio, independe, muitas vezes, do equipamento que tenho. Tem momentos em que a operação não tem a capacidade plena de comunicações devido aos problemas do ambiente, da natureza. É não é de ordem pessoal e nem material. É problema da natureza mesmo. É exatamente onde entra essa tecnologia satelital, que visa cobrir essa lacuna que existe por parte da dificuldade do próprio ambiente operacional”, disse.

Na quinta-feira (22), o capitão Diniz recebeu a informação de que uma dessas antenas está sendo usada em uma vila distante 250 km de São Félix do Xingu. “Foi montada uma base de operações em São Félix do Xingu. E, pra cumprir determinadas missões de apreensão, bloqueio de estradas, controles de vias, essa antena está sendo utilizada neste exato momento. Independente do local, pois a vila é um local de difícil acesso”, disse. No âmbito da operação Samaúma, quatro antenas estão sendo usadas no Pará.

 

Militares e agentes realizam patrulhamento terrestre e aéreo para localizar delitos ambientais

Mais de 1.500 militares do Comando Conjunto Norte (CCjN), formado pelo Comando Militar do Norte, 4º Distrito Naval e Comando Aéreo Norte, e agentes de órgãos públicos e agências de proteção ambiental e de segurança pública trabalham em conjunto para conter crimes ambientais. O emprego das Forças Armadas e dos órgãos nos municípios de Altamira, Itaituba, Jacareacanga, Novo Progresso, São Félix do Xingu e Trairão objetiva realizar ações preventivas e repressivas contra delitos ambientais, em especial o desmatamento ilegal.

Os militares e os agentes realizam patrulhamento terrestre e aéreo para o vasculhando da área visando a localização de delitos ambientais, em especial o desmatamento ilegal, e estabelecem postos de bloqueio nas estradas e nos rios. Conforme o decreto número 10.730, de 28 de junho de 2021, a atuação dos militares do CCjN, que iniciou dia 28 de junho, continuará até 31 de agosto de 2021. O nome da Operação homenageia a árvore conhecida como rainha da Amazônia, que guarda e distribui água para outras espécies e também pode ser chamada de mafumeira, sumaúma e kapok.

 

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