SUS incorpora vacinas contra vírus sincicial respiratório (VSR) para prevenir internações de bebês
O VSR é uma das principais causas de infecções respiratórias graves em bebês, incluindo quadros de bronquiolite
O Sistema Único de Saúde (SUS) contará agora com duas tecnologias para prevenir complicações causadas pelo vírus sincicial respiratório (VSR), uma das principais causas de infecções respiratórias graves em bebês, incluindo quadros de bronquiolite. A doença leva a milhares de internações de bebês por ano no Brasil. Serão adicionadas duas vacinas ao Programa Nacional de Imunização (PNI), com o objetivo de reduzir as hospitalizações. A portaria que oficializa a incorporação dessas tecnologias será publicada nos próximos dias.
Para o médico infectologista Alessandre Guimarães, membro da diretoria da Sociedade Paraense de Infectologia, a inclusão dessas vacinas representa um avanço significativo para a saúde pública infantil.
“É de fundamental importância ter a vacinação no SUS. No Brasil, a gente ainda perde muitas crianças e neonatos para doenças infecciosas. Antes nós perdíamos mais. Nas décadas de 80 e 90, não se tinha vacina no SUS para rotavírus, que era algo que mais vitimava as crianças. A gente lembra daquelas crianças que morriam de desidratação, devido a gastrointerite aguda, causada pelo rotavírus. Depois ainda ficou a questão relacionada as bronquiolites, causadas pelos vírus sincicial respiratório e agora felizmente o SUS está incorporando essa tecnologia no seu PNI”, comemora.
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A bronquiolite é uma infecção viral que inflama os bronquíolos, as vias aéreas mais estreitas dos pulmões. A doença é comum em bebês e crianças pequenas, principalmente nos primeiros dois anos de vida.
Uma das vacinas utiliza o anticorpo monoclonal nirsevimabe, indicado para proteger bebês prematuros e crianças de até dois anos de idade que nasceram com comorbidades. A outra é uma vacina recombinante contra os vírus sinciciais respiratórios A e B, aplicada em gestantes para garantir a proteção do bebê durante os primeiros meses de vida.
O Ministério da Saúde avaliou o impacto positivo dessas medidas na prevenção nas hospitalizações e óbitos infantis. “A medida faz parte de uma estratégia para reduzir a mortalidade infantil associada ao vírus, por meio da imunização ativa de gestantes e bebês prematuros”, informou o ministério, em nota.
Estudos apresentados à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) mostraram que a vacina para gestantes pode prevenir aproximadamente 28 mil internações anuais. A estratégia combinada pretende proteger cerca de 2 milhões de bebês nos primeiros meses de vida, idade mais vulnerável a complicações.
"A gente espera que se reduza a incidência dessas bronquiolites e pneumolites é nessa população mais vulnerável, que fica mais sujeita a ter a forma grave da doença, afinal de contas eles não tem anticorpos para atender abaixo dos seis meses. Daí a importância da mãe estar protegida”, destaca.
O nirsevimabe é um anticorpo monoclonal que fornece proteção imediata contra o VSR, sem a necessidade de estimular o sistema imunológico da criança a produzir seus próprios anticorpos. Já a vacina recombinante contra os vírus sinciciais A e B induz uma resposta imunológica na mãe, permitindo que o recém-nascido receba anticorpos ainda durante a gestação, garantindo proteção nos primeiros meses de vida, quando está mais vulnerável.